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Útero baixo: compreenda os efeitos dessa condição

Mulher com a mão no ventre.
Patchanan Wongchana / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Você já teve a sensação de bola na vagina, dificuldade para urinar ou evacuar ou dor durante as relações sexuais? Isso pode ser sinal de útero baixo.

Essa condição, também chamada de útero caído ou prolapso uterino, atinge cerca de 40% das mulheres acima dos 50 anos, em especial aquelas que já passaram pela menopausa ou tiveram um ou mais partos vaginais.

Mesmo assim, o útero baixo não surge apenas em mulheres mais velhas. Para entender melhor a condição e saber identificá-la, reunimos tudo que você precisa saber sobre o assunto.

O que é um útero baixo?

O útero baixo, como o próprio nome já diz, é quando o órgão feminino responsável pela reprodução desce para o interior da vagina por causa do enfraquecimento dos músculos e ligamentos responsáveis por mantê-lo no lugar certo.

Sendo assim, o útero fica muito mais próximo do canal vaginal, provocando diversos sintomas que incomodam e podem atrapalhar a qualidade de vida da mulher, como veremos mais para frente.

Mulher sentada em sofá com uma das mãos sobre o abdômen. A outra mão está apoiada na têmpora, o semblante dela indica dor.
victor69 / 123RF

Causas

O prolapso uterino pode aparecer por três razões principais.

A primeira delas tem a ver com a genética: enquanto algumas mulheres já nascem com maior propensão a ter o útero caído, outras a desenvolvem mais tarde ou nem a desenvolvem.

Há ainda a questão do envelhecimento. Com as mudanças no corpo proporcionadas pelo avanço da idade, o risco de desenvolver o útero baixo aumenta, pois os músculos que o sustentam vão enfraquecendo. Algumas dessas mudanças são: obesidade, alterações hormonais da menopausa, gravidezes, realização de partos vaginais e cirurgias pélvicas.

E, por fim, existem os fatores secundários, os quais acabam provocando a descida do útero como uma consequência. É o caso da bexiga caída, tosse crônica, constipação intestinal, excesso de pele ou hérnias na região abdominal, levantamento de peso de forma excessiva e incorreta e tumores ou infecções pélvicos.

Portanto, analisando as causas acima, é possível dizer que as mulheres mais atingidas pelo prolapso uterino são as mais velhas, as que tiveram mais de um parto normal ou as que estão na menopausa. Ainda assim, mulheres de qualquer idade podem desenvolver a condição.

Para identificá-la, é preciso conhecer os seus sintomas, que listamos a seguir.

Mulher inclinada pressiona a região abdominal, indicando útero baixo.
akz / 123RF

Sintomas do útero baixo

Os principais sinais do útero caído são:

  • Dificuldade para urinar ou evacuar
  • Corrimento frequente
  • Dor durante a relação sexual
  • Dor na região lombar
  • Dificuldade para caminhar
  • Proeminência da vagina
  • Dificuldade em encaixar e usar coletores menstruais
  • Sensação de bola na vagina ou sensação de que algo está saindo por ela

A depender de quanto o útero desceu, o prolapso uterino pode apresentar mais ou menos sintomas, variando também no comprometimento da qualidade de vida da mulher. Entenda abaixo.

Mulher deitada em sofá sofre com dores abdominais.
Sora Shimazaki / Pexels

Graus de prolapso uterino

De forma geral, o útero baixo pode ser dividido em quatro graus. São eles:

  • Grau 1: o útero desce, mas o colo do útero não aparece na vulva (parte externa da vagina).
  • Grau 2: o útero desce, e o colo do útero aparece junto com a parede anterior e posterior da vagina.
  • Grau 3: o útero desce para fora da vulva em até 1 centímetro.
  • Grau 4: o útero aparece no exterior da vulva com mais de 1 centímetro.

Dependendo da gravidade, outros órgãos da região, como a vagina, a bexiga e o reto também poderão sofrer consequências. Vamos ver o que pode acontecer se o prolapso uterino não for tratado adequadamente.

Possíveis complicações

Se, junto com a descida do útero, ocorrer ainda a queda da bexiga para dentro da vagina, a paciente pode desenvolver uma nova condição chamada de cistocele. A cistocele provoca desconforto ao se esforçar, sensação de pressão na pélvis e de que a bexiga não foi totalmente esvaziada mesmo depois de urinar.

Se é o intestino que desce, há o risco de o órgão sair pelo canal vaginal.

Já se acontece o deslocamento da vagina, o canal vaginal pode ficar projetado para fora do corpo, causando o prolapso vaginal.

Quando não avaliadas por um profissional especializado, essas condições deixam a mulher mais suscetível a infecções urinárias e cervicais, como aquela causada pelo HPV, o papilomavírus.

No caso das gestantes, a situação fica ainda mais perigosa. Durante a gravidez, é esperado que o colo do útero desça um pouco nos últimos dias, para facilitar o parto do bebê. Mas, quando essa queda é muito acentuada ou acontece em outros momentos da gestação, é preciso buscar ajuda médica.

Algumas das complicações do prolapso uterino em mulheres grávidas envolvem infecção cervical, corrimento excessivo, constipação intestinal, dificuldade para andar, aumento ou retenção da frequência urinária, trabalho de parto prematuro e até aborto espontâneo.

Como é feito o diagnóstico?

Para evitar todas essas complicações, é importante procurar um ginecologista logo nos primeiros sintomas. O diagnóstico do útero baixo acontece por meio do ultrassom transvaginal ou toque íntimo realizado pela própria paciente ou pelo médico especialista.

Tratamento para o útero baixo

Uma vez identificado, o útero caído pode ser tratado com o uso de medicamentos ou a realização de cirurgias, dependendo de sua gravidade.

A cirurgia é indicada apenas nos casos mais perigosos ou quando os outros tratamentos não geraram os resultados esperados. Ela pode ser feita com dois objetivos diferentes: o primeiro, de reparar os músculos e ligamentos que mantêm o útero no lugar correto; e o segundo, de retirar o útero total ou parcialmente. Este último só é recomendado para mulheres que já estão na menopausa ou quando o prolapso é muito grave. A recuperação do procedimento dura aproximadamente seis semanas.

Quando a paciente não quer, não pode ou precisa adiar a cirurgia, o pessário aparece como uma solução. É um dispositivo de plástico ou silicone que oferece suporte para o útero, amenizando os sintomas e evitando que o órgão desça ainda mais.

Cuidados a serem tomados

Há ainda mais uma alternativa muito utilizada nos tratamentos, mas que também servem como uma forma de prevenção ao útero baixo. São os exercícios de Kegel.

Essas atividades visam fortalecer os músculos da pelve, aumentando a circulação de sangue na região e evitando, por exemplo, a incontinência urinária. Para fazerem efeito, os “kegels” precisam ser realizados todos os dias, pelo menos 3 vezes ao dia, dentro de casa ou com a ajuda de um fisioterapeuta pélvico.

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A chave está em ativar o músculo pubococcígeo, que pode ser identificado ao interromper o jato de xixi quando vai urinar. Uma vez reconhecido, siga este passo a passo:

  • Esvazie a bexiga.
  • Sinta o músculo pubococcígeo: relaxe e contraia para saber onde está.
  • Depois de urinar, repita o movimento para se certificar.
  • Sentada, de pé ou deitada, realize 10 contrações seguidas do pubococcígeo tentando não acionar outros músculos.
  • Relaxe por alguns instantes.
  • Volte a contraí-lo. Faça 10 séries de 10 contrações diariamente.

Para aquelas que estão começando, a dica é realizar os exercícios deitada, com as pernas dobradas. Futuramente, bolas de pilates podem entrar na atividade para fortalecer a resistência.

Agora que você já sabe o que é o útero baixo e como ele se manifesta, preste atenção nos sinais do corpo e busque ajuda médica ao menor sintoma dessa condição. A sua qualidade de vida agradece!

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