Existem muitos estímulos diários através de telas, cores, imagens e sons. Parar é um movimento contrário, porém extremamente necessário e orgânico para os seres da natureza. Mas, no tempo em que vivemos, o natural às vezes é visto como exceção. Não são todas as pessoas que conseguem fechar os olhos e meditar. Então sugiro começar com um caderno e um chá.
A folha em branco pode ser amedrontadora, mas a barreira não é física e sim mental e sentimental, oriunda do medo e de crenças limitantes carregadas ao longo da jornada. Não é necessário ser escritor para escrever. Rótulos não podem continuar à frente da essência humana. Dessa forma, é preciso cessar a ilusão em algum momento. Só a consciência pode nos conduzir às respostas que tanto buscamos. O primeiro passo é observar. Não o que está fora, mas dentro. As emoções são muito negligenciadas e por isso é fundamental dar atenção a elas, assim como para uma criança. O caderno é um bom convite para o início. Colocar as emoções em palavras é como deixar uma água antes parada, correr. O movimento é o sentido natural da vida, portanto os sentimentos não podem ser mantidos em uma represa dentro do corpo.
O ato de fazer um chá para si mesmo é uma gentileza. Ferver a água, escolher a erva, fazer a infusão ou decocção. Esperar o líquido borbulhante ficar morno até servir em uma xícara e beber. É como um aviso para o corpo de que está tudo bem, que ele será ouvido. Em alguns locais do Oriente, fazer o chá é tratado como uma meditação. Um momento para exercitar a presença dos sentidos. E tudo é exercício. Muitos de nós estão treinados para terem mentes aceleradas. Parar também deve ser um treino. Por isso alguns minutos por dia devem ser reservados para a pausa.
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O processo de se dar atenção é gradual. No início, haverá uma relutância tanto em desacelerar quanto em se expressar. Mas, em seguida, há uma readaptação à própria natureza. Primeiro um caderno e um chá. Depois, com os sentimentos soltos, não existirão limites. A única certeza no decorrer é que uma pessoa que dá atenção a si, não buscará no exterior. Nisso consiste uma libertação.