Espiritualidade

Compre um bilhete

Mulher segurando um buque colorido
Ivan Jevtic/ Unsplash
Escrito por Andrea Pavlo

Tenho uma amiga que é espírita. Ela trabalha em um centro kardecista, todas as quintas-feiras. Dá passe, participa de reuniões aos fins de semana, faz doações em cestas básicas e em dinheiro. Vive a religião dela ao máximo.

Outro dia ela reclamava de solidão. Que só conhecia homens que não queriam ficar com ela, mesmo que iniciassem um relacionamento sério logo na sequência disso. Conversei um pouco com ela, tentando entender os seus padrões de pensamento. Possivelmente ela tem algum padrão que atrai somente homens complicados ou ela mesma dá uma ideia, na realidade, de que não quer nada sério.

No meio das minhas perguntas ela falou meio ríspida: pode parar com isso, não quero saber. Ela falou que já tinha feito uma oração a um anjo para que ele trouxesse para ela o homem certo. Que a mãe dela tinha feito uma novena e que ela sentia, mediunicamente, que conquistaria o amor em breve. Não deixou nem eu terminar de falar. Isso foi há cinco anos. E ela continua solteira.

Corações cortados de papel em uma mesa
Kelly Sikkema/Unsplash

Sou a primeira fã de espiritualidade e sei que os seres de luz – ou até mesmo de sombra – são capazes de nos ajudar de verdade. Creio nisso. Mas também sei que eles são seres diferentes da gente. Que eles vivem em dimensões onde alguns dos nossos problemas mundanos, como arrumar um namorado, nem tem importância real. E acredito que é impossível que a espiritualidade aja se não tiver um terreno fértil.

Ou seja, precisamos fazer a nossa parte. Entender que temos padrões psicológicos que precisam ser mudados, por exemplo. Que carregamos comportamentos que precisam de uma estrutura diferente, que somos seres imperfeitos e que não sabemos de tudo. Somos eternos aprendizes da vida e estamos aqui para nós melhoramos.

Mão de alguém segurando um ramo de flor em um campo aberto
Anshu A/Unsplash

Vejo muito dessa arrogância religiosa por aí. Acham que as entidades, Deus, Nossa Senhora, exus ou qualquer outra coisa vai resolver os nossos problemas. Pois é, não vão. Eles são seres que apoiam e até mesmo facilitam alguns processos, isso com certeza. Mas não tem como fazerem algo se você continuar a repetir as coisas, a ser egoísta, narcisista ou teimosa. Sinto muito.

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Em uma passagem do livro “Comer, rezar, amar”, Elizabeth Gilmore conta uma piada italiana. Um homem pedia, todos os dias ao seu santo de preferência: Por favor, me deixe ganhar na loteria. Depois de alguns anos, o santo apareceu para ele e disse: Sim, eu vou permitir, mas pelo menos compre um bilhete. É isso. Compre um bilhete e depois entregue aos seres para terminarem o serviço. É uma troca, e os seres não são nossos escravos. Precisamos deles, mas eles também precisam de nós.

Já comprou o seu bilhete hoje?

Sobre o autor

Andrea Pavlo

Meu nome é Andrea Pavlo. E poder apresentar esse nome assim, parece fácil, mas não foi. Esse nome é fruto de muito autoconhecimento e autoanálise.

Fruto de duas faculdades e mais de mil horas de cursos, mentorias, vivencias e aprendizados. Fruto de muitos risos, muitas dores e muitos resultados. Sou uma espiritualista que aprendeu a servir. Servir ao outro com seus aprendizados. Apoiar mulheres a passarem por suas próprias dores.

Filha de pais narcisistas, passei a vida tentando entender a cabeça deles. Isso me ajudou a me apaixonar pela psicologia e por todas as ciências afins.

Filha de Iansã, devota de Santa Sara e neta da Dona Arlinda, trouxe uma
mediunidade temperada com clarividência, sonhos premonitórios e um dom de ler o inconsciente coletivo e pessoal. Dom que eu uso justamente para servir.

Apaixonada pela beleza da arte, da decoração e da moda, adoro transitar nesses pequenos grandes universos cheios de simbologias. Amante dos ensinamentos de Carl G Jung e seu entendimento do mundo, dos arquétipos milenares do tarot e por todas as formas de mistérios ocultos e especiais que considero o tempero especial da realidade.

Tentando manter os pés sempre no chão, o peso equilibrado e o humor em dia, esses são meus desafios eternos. Desafios que eu encaro com força e muita criatividade, além de uma xícara de café quente e um pão de queijo saindo do forno.

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