A pandemia veio para mudar a vida das pessoas. Não estou falando da parte espiritual ou de moral.
Estou falando na prática, o que tem acontecido na rotina da população. Mesmo aqueles que não pararam de trabalhar, porque não tinham como colocar a comida na mesa nem pagar as contas, sentiram mudanças nas atividades que eram realizadas antes do acontecimento.
Com diversas empresas forçadas a manter as portas fechadas, as pessoas precisaram arranjar um jeito de continuar funcionando. Muitas conseguiram se adaptar aos negócios virtuais, principalmente aquelas que utilizam de textos escritos ou transações que podem ser perfeitamente resolvidas pelo teclado mesmo.
Outras foram se adequando à nova realidade do momento, até se surpreendendo com as possibilidades que foram chegando ao serviço que prestavam antes, como telemedicina, telefisioterapia, teleacademia, educação virtual, entre outras.
Idosos que mal sabiam como mexer em um celular passaram a se comunicar com a família pela touch screen, num esforço de aprendizado profundo e libertador, enfrentando todas as resistências que sua forma de pensar tentava lhes impor. Outros esbanjavam conhecimento, procurando receitas, falando com os amigos, fazendo cursos, sabendo das notícias do mundo. Minha mãe já estava no WhatsApp antes de 2020, mas sua participação mandando vídeos, imagens, figurinhas triplicou. Com frequência, nos envia novos pães, cremes e até um chantili de aquafaba que tentou fazer… rsrsrs
As pessoas mais resistentes à tecnologia foram forçadas a confiar nas compras online e passaram a receber em casa itens de supermercado, do açougue, da padaria, um eletroeletrônico ou até mesmo do seu tricô (tenho usado bastante esse recurso).
Então, falando sobre o que tenho feito, desde os primeiros dias, busquei o máximo de informação em sites acadêmicos, para tentar entender o que estava acontecendo. Perguntei para amigos médicos e farmacêuticos, para colher elementos que pautassem meus atos e os da minha família. No começo, era um emaranhado de dúvidas na classe científica, os questionamentos eram maiores que as respostas. Enquanto ouvia notícias mais sobre enfermos do que recuperados, procurei ocupar a mente fazendo coisas que me tirassem desse foco, para que a tristeza não tomasse conta dos meus pensamentos.
Comecei com o tal do pão de fermentação natural, que dá um trabalho inicial de 10 a 15 dias, até que a massa biológica viva atinja maturidade para assar o primeiro exemplar. Mas tem um equipamento específico, e tive de fazer uma adaptação para que chegasse a um bom resultado. O fermento precisa ser alimentado com critério: água filtrada e fervida, desprovida de cloro… farinha de qualidade, crescimento em geladeira… ótima experiência, sabor imbatível, e o principal: ocupava meu tempo.
Também aproveitei os primeiros meses para cuidar da saúde física: melhorei meus joelhos, meu peso, a silhueta, cuidei mais dos cabelos.
Comecei a ler alguns livros, agora estou com um por vez, mas terminei a maioria das prioridades literárias.
Fiz um curso dificílimo, mas só vou poder terminá-lo quando as aulas forem definitivamente liberadas… paciência…
E o artesanato… como eu amo tricô e crochê, fiz alguns trabalhos para a família e para a casa, aprendi técnicas novas, coloquei alguns desafios…
Ainda tenho outros planos para estes próximos tempos, pois, pelo que tenho visto, temos muitos passos para dar até chegar à vida “normal”. Não temos vacinas nem medicamentos que ataquem o vírus com eficácia. Vamos carregar os nossos fiéis companheiros por muitos meses: álcool gel (ou 70°) e a máscara. O comportamento tem de ser ponderado, fugir de aglomerações é a ordem do período.
A convivência com a família também gerou novas posturas e maior gerenciamento da tolerância. Divisão de tarefas, maior cuidado com a higiene pessoal, coletiva e individual, administração de conflitos, mais observação e manutenção de equipamentos e da estrutura da residência, maior controle de gastos e redução de custos ajudaram a colocar ordem na nova ordem…
E para suprir a falta de abraços e carinho de parentes que não vivem na mesma residência… a tecnologia ajuda bastante, até dá para se aproximar de quem está mais distante fisicamente… Porém, somos muito carentes de abraços e beijos de quem mais amamos… Fui ver minha mãe duas vezes nestes seis meses de isolamento, claro que sem entrar na casa, conversamos um pouco, eu dentro do carro, ela, na escada, na área externa da casa, ambas de máscara… fazer o quê?
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Tomar sol, ver o movimento das pessoas que passam na frente de casa, ver TV, maratonar séries, dançar, mudar os móveis de lugar, ficar com as pernas para cima, conhecer novas pessoas virtualmente e também deixar espaço para não fazer absolutamente nada.
Vamos ter de retomar a vida, mas será de modo diferente, com mais cuidado, menos consumismo, até porque a frase #fiqueemcasa continua valendo, se a atividade na rua não é essencial. Passear no shopping, almoçar fora, dar uma volta no parque, assistir a uma partida no estádio, curtir um bom samba ganha outro sentido, outro ritmo. E vamos à luta do jeito que dá…