Em poucas palavras, fazer um jejum é privar-se de alimentação (ou reduzir o consumo de alimento) por um determinado período. Há diversos motivos para a prática do jejum, e elas incluem razões religiosas, medicinais, políticas, de estilo de vida, entre outras. Confira algumas informações a respeito dos mais variados tipos de jejum.
Jejum seco
O tipo mais comum de jejum é o jejum seco, aquele que todos realizamos naturalmente quando estamos dormindo e nos privamos de consumir qualquer tipo de alimento. Esse nome se deve ao fato de que nesse tipo de jejum há nem mesmo o consumo de líquidos. Apenas a título de curiosidade: o jejum seco é muito comum entre os cristãos ortodoxos russos, por isso a Rússia é o país onde há mais conteúdo em livros e em pesquisas a respeito desse tema.
Jejum medicinal (pré-operatório)
Se você já precisou passar por algum tipo de procedimento cirúrgico, provavelmente foi obrigado a passar por esse jejum, que determina que não podemos ingerir alimentos – e, às vezes, líquidos – durante um determinado período, antes de nos submetermos a uma cirurgia. A intenção desse tipo de jejum é impedir a aspiração do conteúdo gástrico durante uma anestesia, por exemplo, mas há mais motivos, dependendo do local onde a cirurgia será realizada. Se um paciente precisar passar por um procedimento emergencial em que a anestesia seja necessária e, por isso, não houver tempo hábil para um jejum, é comum que seja feita uma aspiração nasogástrica, com o objetivo de reduzir o conteúdo gástrico e diminuir os riscos de aspiração pulmonar.
Greve de fome
Diversas vezes, ao longo da História, a greve de fome foi usada como um recurso político para promover ou evitar conflitos. Esse tipo de jejum – também conhecido como jejum político – ficou famoso graças a várias personalidades, como o pacifista indiano Mahatma Gandhi, que jejuou por 21 dias ininterruptos, em 1933, em protesto à recusa da Grã-Bretanha em conceder aos indianos a sua independência.
Jejum religioso
Entre os cristãos, os protestantes (evangélicos) não costumam praticar o jejum. Os católicos, por sua vez – ou ao menos aqueles que seguem à risca a rotina da religião –, praticam a abstinência como uma forma de hábito interior. O Catecismo da Igreja Católica define essa prática como “uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às más obras”. Segundo o Código de Direito Canônico da Igreja, o católico precisa praticar o jejum semanalmente, às sextas-feiras, e também durante a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira da Paixão de Cristo. Uma curiosidade é que, durante a Idade Média, algumas mulheres praticavam algo conhecido como anorexia mirabilis (que pode ser traduzida como “ausência milagrosa de apetite”), prática em que faziam jejuns até muito próximo da morte, em nome de Deus.
Os muçulmanos praticam o jejum durante o Ramadã, o nono mês do calendário islâmico, que normalmente ocorre entre abril e junho no calendário gregoriano. Nesse mês, do nascer ao pôr do sol, os muçulmanos não podem comer nem beber absolutamente nada, bem como não podem praticar relações sexuais. Até mesmo o pensamento a respeito de comida e sexo deve ser evitado entre os fiéis.
O principal jejum dos judeus é o que começa no Dia do Perdão (Yom Kippur) e dura 24 horas. É um jejum seco. Além desse jejum, os judeus jejuam no dia seguinte à data Rosh Hashaná, num jejum conhecido como Jejum de Guedaliá, além de em outras ocasiões especiais.
Entre os budistas, não há datas específicas para que o jejum aconteça, mas a prática é incentivada como uma forma de reflexão a respeito da necessidade de consumir, além de ser considerado um sacrifício pessoal metafórico em respeito ao alimento.
Os mórmons, membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, são encorajados por seus líderes a praticarem jejum seco durante períodos entre duas refeições completas e também no primeiro fim de semana de cada mês. Aqueles que não podem jejuar por motivos médicos são incentivados a doar uma refeição para quem precisa de alimento.
Jejum intermitente
O jejum intermitente é aquele que fazemos por escolha, para adequar nossa alimentação a um estilo de vida que idealizamos ou apenas por vontade própria mesmo. Como esse é um jejum que exige bastante cuidado, já que pode colocar a vida e a saúde em risco, daremos mais atenção a ele. Se você está pensando em fazer um jejum intermitente em sua vida preste atenção nos pontos que destacamos neste artigo.
Como deve ser feito o jejum?
Há diversas variações do jejum intermitente, já que não há regras e cada pessoa pode realizá-lo como quiser. Mas o mais comum é aquele em que a pessoa não consome alimentos sólidos, apenas líquidos, que vão de água a chás, num período que varia de 6 a 24 horas durante dias. É, portanto, uma prática muito comum entre aqueles que desejam perder peso.
Como alterar a nossa alimentação tem reflexos físicos, alimentares, psicológicos e emocionais em nossas vidas, é extremamente recomendado consultar um nutricionista antes de adotar essa prática, porque somente esse especialista poderá orientá-lo a respeito da duração e da intensidade de um possível jejum.
Quanto tempo é um jejum?
O jejum intermitente pode durar o quanto a pessoa que o está realizando desejar, por isso é recomendada a orientação de um nutricionista. Os tipos mais comuns de jejum intermitente, no entanto, são o jejum de 12 horas (em que passamos metade do dia sem comer, incluindo as oito horas de sono recomendas), o sistema Leangains (em que fazemos entre 2 e 3 refeições durante 8 horas do dia e passamos as 16 horas restantes sem ingerir alimentos sólidos) e, por fim, o jejum de 24 horas (para os quais seleciona-se um ou dois dias da semana em que nenhum alimento será consumido por 24 horas).
Quais os benefícios do jejum para a saúde?
Em jejum, o organismo promove o que os nutricionistas chamam de catabolismo proteico, ou seja, a perda de massa muscular. Esse fenômeno acontece porque o corpo usa a glicose do fígado para suprir suas necessidades, e quando essa chega ao fim, o organismo recorre à glicose muscular. Apesar de parecer uma boa ideia para perder peso rapidamente, o jejum intermitente é um grande causador do famoso efeito-sanfona, porque, quando retornar aos hábitos de alimentação pré-jejum, a pessoa ganhará o peso que perdeu durante o período em que estava jejuando.
A recomendação para quem deseja emagrecer, portanto, é procurar um nutricionista para mudar a dieta a longo prazo, em vez de buscar soluções instantâneas, como um jejum, até mesmo porque cada pessoa tem uma necessidade nutricional diferente, então nem todo mundo reagirá bem a um jejum intermitente.
Como fazer um jejum para desintoxicar?
Alguns especialistas defendem que o jejum é uma boa ideia para desintoxicar o organismo, já que passar um período de 1 a 3 dias ingerindo somente água ou chá seria uma forma de limpar o seu organismo de todas as substâncias ruins consumidas, além de utilizar a gordura como forma de energia, o que promove uma queima de gordura.
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ATENÇÃO
Apesar de o jejum intermitente parecer uma boa ideia para perder peso em pouco tempo ou para fazer algo mais abstrato – como se desintoxicar –, é expressamente recomendado procurar um especialista antes de mexer drasticamente em sua alimentação. Você sabia, por exemplo, que os alimentos que ingerimos podem incentivar problemas psicológicos, como depressão e transtorno de ansiedade generalizado? Então, antes de mudar a sua dieta, procure um nutricionista, informe a ele as suas necessidades e peça uma opinião profissional a respeito do jejum. Como para tudo na vida, emagrecer não exige fórmulas mágicas, apenas disciplina e determinação, então não vá em busca de soluções simples para um problema complexo, que exige, normalmente, a prática de exercícios físicos e reeducação alimentar, por exemplo.