Já há muito tempo tem-se discutido a transição planetária, a entrada em uma Nova Era e a ascensão do nosso nível de consciência para a quinta dimensão. No entanto observo que uma das áreas em que ainda necessitamos avançar muito para que esta transformação, de fato, aconteça, está no terreno dos relacionamentos.
O desenvolvimento consciencial, espiritual ou energético (como você preferir chamar!) não se dá em isolamento, nem somente no plano sutil. Essa expansão se dá no contexto em que estamos inseridos, e isso inclui inúmeras conexões e relacionamentos.
Afinal de contas, enquanto seres vivos somos interdependentes, como tudo na Natureza. Enquanto humanos, somos também seres relacionais. E é justamente nessa vivência cotidiana que surgem os conflitos, desafios e dramas que nos fazem perceber nosso verdadeiro grau de autoconhecimento e, consequentemente, de consciência.
É na maneira como interagimos com o outro e, consequentemente, com o mundo, que fica evidente o quanto nos respeitamos, nos honramos e nos permitimos ser quem verdadeiramente somos. O interessante é que conquistamos a liberdade de ser quem somos quando finalmente permitimos que o outro também seja quem ele é, ou seja, quando abrimos mão do controle ao que é externo a nós mesmos.
E já que os relacionamentos são tão importantes para a expansão da nossa consciência e evolução enquanto seres, listo aqui alguns passos que podem contribuir para a construção de relacionamentos conscientes e construtivos.
1 – Cuidar da criança interior
Muitos dos problemas nos relacionamentos, sobretudo afetivos, se devem à ativação da criança interior ferida em situações inesperadas. A criança interior é parte infantil da nossa psique que tem como características a criatividade, a inocência, a espontaneidade. Mas que, por outro lado, guarda nossas feridas da infância não cicatrizadas, nossas necessidades de afeto não supridas, carências, medo do abandono e necessidade de aprovação, entre outras características.
Quando vivemos uma circunstância num relacionamento atual que, não intencionalmente, ativa essa criança, somos levados inconscientemente a:
- Comportamentos autodestrutivos, explosivos e autocentrados;
- Insegurança, baixa autoestima, perda de si para agradar ao outro e até ao desligamento das emoções.
Portanto entrar em contato com nossa criança interior ajuda a entender quais suas necessidades. Podemos, assim, nutrir essa criança de afeto e atenção em nossas escolhas diárias, mostramos que crescemos e que somos capazes do autocuidado. As terapias holísticas ajudam muito nesse processo de reconexão com nossa criança e cura interior.
E esse é um passo importante para nos tornar adultos mais integrados, capazes de nos relacionarmos afetivamente a partir de quem somos no presente e não mais de nossas feridas do passado.
Como está sua criança interior? Em quais comportamentos e emoções percebe que ela tem tentado se comunicar com você? Você já experimentou entrar em contato com ela intencionalmente e receber as contribuições que pode trazer para sua vida atual?
2 – Atenção às projeções
Outro passo importante para o amadurecimento nos relacionamentos é entender o que é seu e o que é do outro. Em outras palavras, é perceber que muito do que nos irrita no outro é uma característica nossa que não admitimos.
Aprendemos desde a infância que alguns comportamentos, pensamentos e sentimentos não eram vistos como corretos na família e, mais tarde, no nosso convívio social. Esse conteúdo foi sendo reprimido naquilo que conhecemos como sombra.
A jornada de autoconhecimento inclui entrar em contato com essa sombra e perceber que ela faz parte de quem somos. Caso contrário, essa sombra virá à tona nos momentos mais inusitados ou quando estamos submetidos a situações de estresse ou medo, por exemplo.
Quanto mais consciência temos daquilo que até então considerávamos “nossos defeitos”, mais conseguimos agir sem ser dominados por eles. Por consequência, conseguimos enxergar o outro como ele é e não como nossas projeções.
Importante também é observar quais expectativas e fantasias têm demandado do outro, pois isso torna a relação pesada e gera muita frustração. Não há como suas expectativas serem atendidas por outros. Para evitar isso, a comunicação assertiva é fundamental.
O que você mais ama no outro? O que você mais odeia nele? O que no outro causa irritação, raiva, medo, tristeza em você? Perceba o que as respostas a essas perguntas revelam sobre si mesmo.
3 – Cada um ocupando seu devido lugar
Um outro problema muito constante nos relacionamentos são os emaranhados sistêmicos, termo usado nas Constelações Familiares e que diz respeito aos problemas decorrentes da ignorância a 3 ordens sob as quais os sistemas familiares se fundam: pertencimento, hierarquia e equilíbrio.
A hierarquia, de acordo com essa visão, diz respeito a ocuparmos nosso devido lugar dentro da família, entendendo que aqueles que vieram antes de nós são “maiores” e capazes de lidar com o próprio destino e que suas escolhas devem ser respeitadas. É assim que conseguimos ter força para sermos quem somos e poder de realização em todas as áreas da vida.
O que acontece na maioria dos casos é justamente o contrário: as pessoas estão totalmente envolvidas com os problemas da família de origem (pai, mãe e demais ancestrais) e, por isso, não conseguem estar presentes no relacionamento afetivo e na construção da família atual.
Para dar esse passo, é importante deixar com os próprios pais aquilo que é deles: expectativas, fantasias, carências, dores e padrões de comportamento. É preciso perceber que aquilo que eles não receberam dos próprios pais jamais será atendido pelos filhos sem que isso gere sofrimento.
Então meu convite aqui é para que você olhe para o relacionamento que tem com seus pais hoje. Há inversão de papéis? Você tenta suprir as demandas emocionais de algum deles? Percebe-se repetindo comportamentos deles que sempre criticou?
Perceba também se você está presente no seu relacionamento atual. Ou se, ao contrário, está mais preocupada em resolver os problemas e conflitos da sua família de origem. A partir daí, você já terá alguns entendimentos do que precisa ser mudado para que haja crescimento e para tornar seus relacionamentos mais conscientes.
4 – Além do dar e receber
Outro passo importante para aumentar o nível de consciência nos relacionamentos é o senso de contribuição.
Muito se fala sobre o equilíbrio do dar e o receber. E isso deveria ser o mínimo para um relacionamento ser funcional. Ou seja, que uma das partes não queira apenas tomar e outra dar. Em relacionamentos desequilibrados assim, aquele que só dá seca e adoece em diversos níveis. E aquele que só recebe tende a ir embora.
No momento de expansão da consciência que estamos vivendo, podemos ir adiante, além da mera troca. Podemos ser contribuição em todos os nossos relacionamentos e aceitar a contribuição que cada um deles pode ser em nossa vida.
Em outros termos, somos convidados a viver com generosidade, entendendo que o universo é abundante. E que a contribuição pelo que somos e fazemos virá das mais diversas formas, não necessariamente daquela que esperamos.
Vamos refletir agora. Você tem sido verdadeira contribuição nos seus relacionamentos? Permite-se receber a contribuição dos outros? Age com generosidade? Faz sempre na expectativa de receber no mesmo momento e da forma como determinou que seria ou está aberto às infinitas possibilidades? Sente-se sugado pelas pessoas com que se relaciona? Seu relacionamento afetivo atual será contribuição para você nos próximos 5 anos? E se não for contribuição, sinta a liberdade de escolha que se abre.
Saia um pouco da mente, conecte-se com seu coração a cada pergunta e perceba as respostas em seu corpo.
5 – Não julgamento
E aqui está o passo que requer mais atenção e, possivelmente, o mais difícil para a maioria de nós: o não julgamento.
O tempo todo nossa mente julga, discrimina e tenta enquadrar aquilo que percebemos no mundo. Só que tudo isso é feito com base em nossas crenças e programas mentais. O que temos é sempre uma percepção da realidade, um recorte, e não a realidade em si.
Nos relacionamentos, o julgamento e a crítica minam a alegria, a leveza e até mesmo o amor. Em alguns casos, ele torna a convivência tóxica e insuportável.
Para que uma relação avance em consciência é positivo perceber o outro como ele é, sem mais a necessidade do constante julgamento e de competição por estar certo.
Isso pode ser feito com uma ferramenta bem simples, que é o “interessante ponto de vista”. É perceber que não precisamos concordar ou reagir ao outro, podemos simplesmente entender que ele tem um ponto de vista, assim como eu tenho o meu e sou livre para expressá-lo.
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Sair do julgamento aumenta nossa liberdade de ser, traz bem-estar para todos, aprofundando nossas conexões e relacionamentos.
Por fim, lembro que os relacionamentos conscientes são construídos na prática diária do amor, empatia e gentileza. Muito mais do que sentimentos e emoções, os relacionamentos necessitam de escolhas e ações concretas. Ao exercitar os passos descritos acima, avançamos em nossa consciência e criamos relacionamentos cada vez mais positivos para todos. Consequentemente, contribuímos.