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Dia Mundial do Solo – A mãe natureza pede socorro!

Par de mãos segurando um punhado de terra
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Escrito por Luis Lemos

Não sou geógrafo, agrônomo, geólogo, silvicultor, arqueólogo, engenheiro ou qualquer outro especialista em solo, mas como professor de Ciências Naturais tenho observado que as crianças, os adolescentes e os jovens de hoje não gostam de entrar em contato com a terra. Posso estar errado, mas essa é uma geração educada em cima do “concreto”, do “asfalto”.

É preciso aproximar as crianças, os adolescentes e os jovens da natureza, do meio ambiente, do verde. O que vemos pelo país afora são escolas construídas em ambientes áridos, longe do verde, escolas cercadas por muros de concreto. Os pais não deveriam aceitar matricular seus filhos em escolas que não estejam em conexão com a natureza.

Estudos apontam que alunos que estudam em escolas que estão inseridas no meio ambiente aprendem mais facilmente do que aqueles que estudam em escolas que não possuem a natureza por perto. De forma gratuita, a natureza sempre ofereceu ao ser humano os melhores modelos pedagógicos de aprendizagem. Por isso, como amar e cuidar da natureza se as crianças e os adolescentes são educados distantes dela?

Infelizmente, para a maioria dos estudantes brasileiros, “o solo não vai além do chão que pisam”. Eles não sabem, por exemplo, que o solo é cheio de riquezas, que oferece tudo de que precisamos para a nossa sobrevivência e prosperidade. Dessa forma, é urgente uma educação voltada para o contato com a natureza, com o solo, com o meio ambiente. Sem isso, estamos fadados ao fracasso!

Criança plantando uma mudinha na terra
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No início deste ano, em fevereiro, quando a Covid-19 ainda não era essa máquina de matar, combinei de levar uma turma de estudantes (9º Ano) para uma aula de campo. Combinamos o roteiro e os objetivos da aula. Uma das questões era: “observar plantas, anfíbios, répteis, aves, peixes e mamíferos que vivem no ambiente e apontar diferenças e semelhanças entre eles”. Tarefa simples, mas de total significado para aqueles estudantes.

A atividade foi uma “festa”. Eles aprenderam na “prática”. Ou, como disse a pedagoga da escola: “Eles aprenderam ciência brincando”. Muitos queriam repetir a aula no dia seguinte. Mas quando eu pedi para que lessem o relatório, o entusiasmo foi baixando, e eles voltaram ao “ritmo normal”. Alguns, com dificuldades de ler aquilo que eles próprios escreveram e, outros, a maioria talvez, não escreveram nada, procuraram uma forma de “não entregar o relatório”.

Mão de criança dando um "aperto de mãos" com o galho de uma árvore
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Qual não foi a minha surpresa quando uma aluna que pouco participava das aulas disse-me: “Professor, eu não escrevi nada, mas se o senhor quiser eu posso falar”. Para não romper com o combinado, perguntei à turma: “Pessoal, o relatório era oral ou escrito?” Todos responderam em coro: “Escrito, professor!”. “E vocês aceitam que a colega faça o relatório dela oralmente?”. Novamente a turma respondeu em coro: “Sim, professor!”.

A estudante começou a falar: “Professor, eu nunca tinha ido a uma fazenda”. Nesse momento, todos interrompem a fala da aluna: “Fazenda não, escola agrícola”. “Está bem! Eu nunca tinha ido a uma escola agrícola. Nunca tinha visto um cavalo de perto. E aqueles porquinhos, com os olhos tristes? Senti tanta pena deles! E aquelas galinhas? Professor, eu pensava que o ovo era feito em laboratório. Sinceramente, depois daquela visita técnica, nunca mais eu como ovo na vida”. Todos riram às gargalhadas!

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Em suma, é preciso uma educação voltada para a natureza. É preciso que as crianças, os adolescentes, os jovens aprendam a cuidar da Mãe Terra, se não estaremos todos, como seres humanos, fadados ao fracasso. É preciso, enfim, que desenvolvamos uma relação harmônica com a natureza, pois é ela que nos oferece tudo de que precisamos para a nossa sobrevivência e prosperidade. Sem a natureza seremos bárbaros!

Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

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