Em 2020, a humanidade teve o desafio de se reinventar. A nossa velha questão desde o tempo em que os nossos ancestrais procuraram as cavernas para se protegerem novamente mostra a cara para nos lembrar que não somos tão potentes e nem tão invencíveis como por vezes imaginamos ser. Temos um desamparo existencial primordial desde o início dos tempos das nossas jornadas como humanos neste plano, estando à mercê de forças incomensuráveis e incompreensíveis do universo. Somos animais assustados nas nossas mais profundas bases, com receio de que alguma catástrofe real e possível possa de uma hora para outra nos destruir por completo. Terremotos, cataclismos, tsunamis, pragas, vírus e bactérias a todo momento nos rondam de modo obscuro. Este ano nos mostra que a vida pode ser muito breve e que para existirmos bem precisamos definitivamente ter qualidade no nosso agora.
O ano de 2020 também nos ensinou sobre a necessidade de voltarmos para dentro de nós mesmos e este certamente foi um dos grandes chamados da atualidade. Apesar de ter sido um alerta mais do que necessário como atitude de sobrevivência para todas as áreas da vida, muitos aguentaram e outros literalmente não suportaram, colapsando de diversas maneiras.
Com isso, nesses novos tipos de clausuras impostas, a necessidade de libertação para o que significa literalmente viver bem surge como uma urgência imediata.
Com o advento da Covid-19, a tendência forte é que situações malresolvidas venham à tona, não havendo mais espaço físico e nem interior para suportá-las, e nem motivos para postergá-las. No ano de 2020, a vida pede passagem, não apenas para vencermos a Covid-19, mas também para nos honrarmos em tudo o que se fizer necessário.
Com o confinamento, adoecimentos mentais se tornaram mais evidentes, bem como situações de perigo emocional e de vida tiveram menos espaço para se perpetuarem. Inúmeras pessoas vítimas de assédio, violências sexuais e emocionais estão conseguindo atravessar as barreiras do receio da exposição e mesmo humilhadas e assustadas estão conseguindo denunciar o que jamais deveria ter acontecido nos bastidores da vida, quer seja no trabalho, em casa, em circuitos familiares, sociais e em outros tipos de sistemas.
Os véus caem e os abusos de poder de toda ordem são denunciados enquanto a humanidade indignada e em comum acordo faz uma aliança de afeto e de proteção às vítimas. Já é hora. Quanto mais despertos, melhor!
Precisamos estar juntos denunciando, acolhendo e cuidando das vítimas e mesmo dos assediadores, quando isso for possível. Precisamos mais do que nunca sanar sociedades adoecidas que há anos alimentam tais tipos de violência, banalizando o mal.
Cada um de nós pode dar o seu melhor nesse tema em que somos todos corresponsáveis. Assim como com a Covid-19, precisamos aliar forças estando lúcidos para erradicar esse tipo de mal de todo o planeta, sendo isso plenamente possível, quando estamos despertos, dando amor e limites saudáveis.
Psicólogos, psiquiatras, grupos de ajuda e de apoio, jornais, mídias, artigos, autoridades judiciais e governamentais têm obrigação de cada vez mais terem conhecimento de que abuso emocional, sexual e assédio são reais e extremamente perigosos, ajudando a combater esse mal que há anos vem assolando a sociedade, inclusive provocando feminicídios e violências de toda sorte.
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Parabéns às pessoas que nos dias de hoje têm a coragem para denunciar toda sorte de violência.
Desejo que 2021 seja o ano da liberdade, da força e do apoio.
Que em 2021 toda a sociedade continue caminhando para que a justiça aconteça e que possamos entrar numa era de mais amorosidade, empatia e ajuda mútua.
Que estejamos alertas sem abrir mão dos nossos direitos com plena consciência do que é abuso, erradicando qualquer tipo de cilada emocional.
Quanto mais despertos, melhor!