Existe uma onda de gurus da internet com os quais precisamos tomar bastante cuidado. Eles adoram falar sobre relacionamentos e sobre a maneira como a cabeça dos homens ou das mulheres funciona. Mas geralmente são baseados em clichês e em pouquíssimas experiências pessoais. Na grande maioria, são homens que acabaram de sair da adolescência e que nunca vivenciaram um amor real. E aí, é uma profusão de conselhos ruins e frases de Facebook.
Outro dia mesmo vi um garoto, no auge dos seus 24 anos, dizendo que, se um homem não é loucamente apaixonado por você – e faz acaloradas declarações de amor –, ele simplesmente não serve. Bom, de fato, a imensa maioria dos homens não vai servir para ninguém.
Essas pessoas desconsideram as questões espirituais, de vidas passadas e as questões culturais vigentes. São cabeças e conselhos totalmente baseados no romantismo do século XVIII. Complicado ver que algumas pessoas acabam estragando relacionamentos por seguir esses conselhos.
Relacionamentos são coisas difíceis. Bem difíceis. Talvez uma das coisas mais difíceis com as quais tenhamos que lidar. E em tempos líquidos, realmente parece mais fácil simplesmente ir embora. Mas é aquela coisa: se o seu computador estiver quebrado – ou algum eletrodoméstico que foi realmente caro –, você simplesmente joga fora e compra outro? Ou pelo menos vai tentar consertar?
Isso são os tempos líquidos, os conselhos líquidos, as cabeças líquidas. As pessoas não querem mais lutar por seus relacionamentos ou por qualquer outra coisa. O mundo tem muitas opções, e todas parecem maravilhosas. E é difícil precisar renunciar a coisas boas, mesmo que seja por outra coisa boa, mas que é complicada de entender e aceitar.
Realmente, relacionamentos não são para trazer paz. Pelo menos não a paz monótona que temos na nossa imaginação. Relacionamentos são para nos desafiar, para fazer com que vejamos partes nossas das quais temos vergonha ou medo de olhar. Relacionamentos são grandes espelhos, em que é refletido tudo aquilo que pensamos que somos, em que todo o nosso lixo – e toda a nossa glória – aparece refletido no outro.
Já vimos casos de pessoas que foram péssimos maridos para algumas mulheres, por exemplo, mas foram homens maravilhosos para outras. Já vimos mulheres que causaram muita dor serem grandes mães e esposas. Isso não quer dizer que eram mais ou menos apaixonados – na realidade, muitas vezes a paixão tem pouco a ver com isso –, mas que foram pessoas pelas quais alguém lutou. Uma montanha-russa de emoções, talvez, que no final deu certo.
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Não, nem todas as vezes dá certo. E o dar certo não necessariamente significa ficar juntos para sempre. Conheço casamentos de três anos que deram muito certo. Conheço casais juntos há 50 anos que nunca deram certo. Existem muitas causas pelas quais ficamos ou não dentro de uma relação.
Então, na próxima vez que ler uma frase de Facebook que pareça um bom conselho, avalie se aquele é mesmo um conselho para você. Pode até ser que seja, mas quem precisa avaliar isso é você.