Sawabona Olívia
Gostei muito de ler sua última carta. Pensar no mar é sempre tranquilizante. Muito válida sua observação sobre as sensações – sobre o real desejo de viver as sensações ao pensar em como escavar o fundo do mar.
Segurei minha pequena coleção de conchas na mão enquanto lia sua carta! Achei que seria uma maneira de estar próxima de você.
Inicialmente achei poético, e não deixa de ser, mas é simples e tão natural que ao ler sua descrição consegui identificar em mim algo sobre o choro repentino na padaria.
Você recorda que alguns meses atrás comentei sobre a crise de choro na Rotisserie? Acho que percebo o que deu vazão àquele choro todo!
As sensações que perdi!
Quando olhei a vitrine de doces, vi o bolo de cenoura. O bolo de cenoura com cobertura de chocolate e amêndoas laminadas. O sabor…
…A primeira mordida, limpar os farelos de bolo no prato com a ponta do dedo indicador. E, ao finalizar, encontrar um olhar sorridente me observando.
Acho que foi isso. A lembrança e a constatação de que não terei mais essa sensação.
Poderei comer muitos bolos, mas é isso… É exatamente disso que senti falta. Por isso chorei.
Sinto falta do olhar – aquele olhar paciente me observando brincar com farelos de bolo de cenoura.
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É sobre lamber o chocolate do garfo e sorrir de volta perguntando: O que foi? Nunca viu?! E dar gargalhadas até doer nossa barriga.
Cuidar de mim… Como cantava Renato. Se entregar seria bobagem, pois o plano era ficarmos bem. E assim, eu deixo a onda me acertar.
Shikoba!
Nota da autora: Olívia é personagem fictícia de “Clara e o Caderno de Escrita”. Os termos “Sawabona” e “Shikoba” utilizados pelas personagens Olívia e Catarina foram emprestados de uma narrativa sobre tribos africanas. Em tradução livre, “Sawabona” significa “eu respeito você, valorizo você e você é importante para mim”. E “Shikoba” significa “então, eu existo para você e sou bom”.