Hoje eu sonhei que o mundo ia acabar. Era certo. Um meteoro viria de encontro à Terra e não teríamos a menor chance.
Em meio a certo caos onírico, eu estava paralisada e só conseguia pensar: qual o sentido de tudo isso? Por que eu fiz tantos planos e vivi me projetando no futuro? Por que eu fiquei brigando para defender ideologias – em nome do bem comum – se no final todo mundo vai morrer mesmo?
Por que a gente conta histórias, escreve, deixa registros? Bens, propriedades, ideias: tudo isso ficou como um enorme vazio dentro do meu peito. A sensação de que nada que a gente criou e por que lutou como humanidade fazia o menor sentido. Tudo ia acabar. Não sobraria ninguém que pudesse ler nossas histórias, brigar por ideologias, entender o mercado financeiro.
Pronto. Qual o sentido disso tudo mesmo? Chegamos tão longe, evoluímos tanto!
Os animais mais frágeis – fisicamente – do planeta. Nossas unhas não são garras. Não corremos muito rápido. Nossa visão e olfato são limitados.
Nossa vantagem é sermos conscientes de que somos, de que existimos e de que morremos.
Dentro dessa vantagem de podermos criar tanto, inventar, fabricar e descobrir novas coisas, temos uma desvantagem agoniante, que é saber que, um dia, acabou. Pelo menos nossa existência física tem limite.
Se vamos ressuscitar, ir para o céu, virar espíritos errantes ou anjos, disso não temos certeza. Tem gente que jura que é isso mesmo, sua alma não morre. Na verdade, a gente é parte do todo, então vamos voltar para ele e continuar infinitamente.
Mas com a mesma consciência que temos hoje? Com as mesmas experiências e sensações? Se tudo vai acabar mesmo, qual o sentido de trabalhar, pensar no futuro, casar-se e ter filhos?
Por isso somos mestres em criar histórias para abafar esse sofrimento e dar um norte. Algumas pessoas pensam no céu. Outras pensam em karma. Algumas pensam nos prazeres do corpo, mas sem sentido não tem vida. Não nos levantamos da cama.
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Eu acordei desacreditada e passei o dia achando razões para voltar a acreditar que vale a pena. E por quê?
Acho que depois disso vou abandonar algumas certezas e me ancorar em viver da melhor forma cada momento. É bom se questionar de novo e de novo qual sentido temos para a nossa vida, o que estamos criando dentro da gente com as atitudes e pensamentos que temos e como colaboramos – ou não – para o coletivo. Porque o coletivo nos afeta e vice-versa.
A gente busca um sentido. Tem de ter um motivo. Mas… e se não tiver um motivo?