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Como é a primeira sessão de psicoterapia?

Imagem ilustrativa de cérebro com estetoscópio
Science Photo Library / Canva
Escrito por William Sousa

Como é a primeira sessão de psicoterapia? E se não gostar do profissional? Sabe, se não “bater o santo”? Tenho que falar tudo? Ele pode contar o que eu digo a ele? É um processo sem volta? E se acharem que sou louco(a)?

Essas são perguntas que geralmente ouço quando me perguntam qual é minha profissão. Muitas delas são parte de fantasias e estereótipos que habitam o imaginário popular acerca do que é a psicoterapia, sobre como seria uma sessão e o que aconteceria nesse processo.

Algumas pessoas se ressentem com as mesmas questões ou parecidas e acabam empurrando seus problemas sem buscar apoio.

Se você fizer um teste e digitar em um site de buscas a palavra “psicoterapia”, várias imagens de psicólogos sérios, com roupas extremamente formais, sentados com postura ereta e segurando uma prancheta, aparecerão em sua tela. Mas digo a você que tudo isso não passa de um estereótipo que não se sustenta na realidade. Ah, me esqueci de mencionar o divã.

Hoje, com o momento de pandemia e consequente isolamento social, a psicoterapia tem migrado para os consultórios virtuais, utilizando plataformas que conhecemos bem (WhatsApp, Skype) entre outras mais recentes como: Zoom, Microsoft Teams, Google Meet, entre outras. Com essa realidade, não precisamos mais buscar um bom psicólogo em nossa cidade, sejamos moradores de São Paulo, Alphaville, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza ou qualquer outro lugar. Com a conectividade virtual, podemos ter acesso à saúde mental de qualquer lugar do mundo, com uma característica que a pandemia não conseguiu alterar: a interação entre psicólogo e paciente.

Psicóloga anotando em caderno
Polina Zimmerman / Pexels / Canva

A psicologia é um campo coberto por múltiplos saberes. Temos dentro da psicologia diferentes escolas de pensamento acerca do que é o ser humano e como cuidar de seu sofrimento. Dessa forma, cada abordagem tem seu estilo de intervenção e interação com o paciente. Mas qual escolher, William? Não há uma resposta para essa pergunta, afinal, abordagens na psicologia são apenas concepções diferentes com o mesmo propósito: cuidar do sofrimento emocional ou decorrente dele. Costumo citar como exemplo em minhas palestras que as abordagens em psicologia são como as religiões cristãs, apesar de não ter nenhuma relação com aspectos religiosos. Quero dizer que, embora as religiões tenham diferentes interpretações, todas contam com o mesmo objetivo. E qual é a melhor? A que faz mais sentido para você!

Muitas vezes encontro artigos tendenciosos defendendo a ideia de que tal tipo de psicoterapia é melhor para tratar a ansiedade, por exemplo. Isso é um equívoco ou quase um mito.

Na abordagem que escolhi, a psicanálise, é fundamental a concepção de inconsciente. Entendemos nessa escola de pensamento que nosso passado, traumas, vivências diversas e angústias são registrados desde a infância em um local de nossa psique, que não está acessível à nossa consciência. Por esse motivo, é comum, em uma sessão de psicoterapia psicanalítica, voltar em companhia do psicólogo ao passado, pois é lá que se encontram as respostas para as escolhas, sentimentos e comportamentos do presente.

Há abordagens que não trabalham com a noção de inconsciente, que abordam somente o presente. Há outras que defendem a consciência total do ser humano, colocando-o como responsável integral por suas ações. Enfim, não há uma melhor.

Psicóloga anotando em caderno durante a sessão
lorenzoantonucci / Getty Images Pro / Canva

A partir dessas diferenças, haverá quem se identifique com essa ou com aquela abordagem. A identificação com o processo terapêutico, acreditar que ele funciona e traz benefícios, ter uma boa identificação com o psicólogo são fatores fundamentais para que esse processo funcione. Imagine você se tratando com um médico que lhe indicaram, mas você não consegue confiar em uma única palavra do que ele diz… não seria possível.

Portanto, em uma primeira sessão de psicoterapia, o principal objetivo do profissional é conhecer as motivações que trazem o paciente ao consultório (físico ou online). Pelo paciente, o objetivo é o de contar o que tem gerado sofrimento, mas também conhecer a forma de trabalho do profissional. Por esse motivo, se não houver identificação, a melhor coisa a fazer é procurar outro profissional, ou seja, o mais importante é dar-se a chance de falar do que tem acumulado com o passar dos anos.

Na psicanálise, trabalhamos com uma técnica que se chama associação livre. Nesse processo, o paciente falará livremente sobre o que vier à sua cabeça. E é por meio dessas palavras aparentemente soltas que o analista conseguirá compreender e demonstrar ao paciente o que está sendo dito pelo inconsciente. Costumo dizer que os conteúdos em uma sessão vão surgindo em “pequenas camadas”, assim como o arqueólogo descobre objetos com seus numerosos pincéis e ferramentas que há tempos permaneciam enterrados. Portanto falar sobre o passado passa a ser menos doloroso. Isso é feito no ritmo possível a cada um.

Além da interação com o paciente, o que não muda com as novas formas de psicoterapia online é a questão do sigilo profissional, ou seja, o que é dito entre você e o profissional (se ele for psicólogo de formação) estará regido por claras e rígidas regras de conduta profissional estabelecidas pelos conselhos Federal e Regional de Psicologia, cabendo ao profissional punições drásticas em caso de autuação.

Psicólogo dando apoio para paciente
aleksandrdavydovphotos / Canva

Apesar das diferentes escolas de pensamento na psicologia, também há consensos: um de que me recordo é a concepção utilizada pela luta antimanicomial de que, se observarmos as pessoas de perto, “ninguém seria normal”. Entende-se que o conceito de normalidade é relativo e muito questionável, então quem hoje pode ser considerado normal? Quem faz o que é mais socialmente aceito? E se essa mesma pessoa, com esses comportamentos, se mudasse para um país do oriente? Seria aceita e vista da mesma forma? São questões a pensar.

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Diante disso, digo a você que, para sentir angústia, basta estar vivo e que se a dor lhe incomoda, por que não buscar ajuda especializada?

O mergulho em nós mesmos é fascinante, logo, quem se empenha nesse processo se aventurará nas histórias de si mesmo: umas difíceis, outras alegres, outras indiferentes, mas o conjunto delas possibilitará a compreensão do desenvolvimento da subjetividade, da personalidade e dos sintomas que, hoje, incomodam tanto.

Espero você em breve…

Sobre o autor

William Sousa

Minha história com a psicologia começou quando tinha apenas 13 anos. Foi quando descobri o prazer de ouvir. Segui o ensino médio e prestei o vestibular sem dúvidas de qual curso faria. Formei-me em psicologia há mais de dez anos. Conclui minha licenciatura em 2008. No ano de 2009, conquistei o título de bacharel.

Conclui um MBA em gestão empresarial no ano de 2011 e minha pós-graduação em psicologia hospitalar pelo Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, no ano de 2016.

Nesses anos, trabalhei nas áreas clínica, hospitalar, jurídica e de recursos humanos.

Trabalhei no Hospital Geral de Itapecerica da Serra atendendo vítimas de abuso e violência sexual, além de pacientes de UTI adultos, clínica cirúrgica e clínica médica.

No Hospital Sepaco (São Paulo), fui responsável pelo atendimento dos pacientes adultos de UTI.

Nesses 11 anos de atuação também trabalhei em consultórios particulares de psicologia, com pacientes adultos e em avaliação pré-cirúrgica.

Atualmente atendo pessoas do Brasil e do exterior por telemedicina pela abordagem psicanalítica.

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