Cada vez mais as pessoas buscam alternativas para ter mais qualidade de vida e viver mais saudável, de forma a recorrer menos à medicina alopática. Além disso, há um movimento mundial de tomada de consciência corporal, com alternativas que tratam da integralidade do ser humano, abrangendo o corpo, a mente, o espírito e as relações sociais que acontecem por influência dele e do ambiente em que vive. Dessa forma, ele é mais próximo das expectativas de quem busca se distanciar da ideia de que para curar doenças é necessária a química dos medicamentos.
A quiropraxia, por exemplo, é uma das terapias alternativas que compõem a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde, com o objetivo de garantir a integralidade na atenção à saúde. Além de algumas práticas serem menos onerosas ao Estado, elas foram incluídas porque são reconhecidas mundialmente em seus resultados e porque têm credibilidade nas comunidades.
De um modo simples, por meio das mãos, o quiropraxista (terapeuta que aplica a quiropraxia) aplica movimentos rápidos ou lentos e até com estalos para ajustar nervos, músculos e ossos do indivíduo e gerar o equilíbrio e a retomada das funções normais do organismo. Contudo, apesar da simplicidade, a terapia requer conhecimentos específicos e uma boa prática para garantir os resultados esperados.
Nesse sentido, contribui muito, na hora de recorrer a esse tipo de terapia, conhecer sua origem e sua história para entender os avanços e as principais contribuições que ela vêm gerando ao longo do tempo, bem como refletir sobre porque é tão aceita mundialmente. Então continue a leitura a seguir e perceba que essa técnica relativamente nova tem uma raiz milenar!
História da quiropraxia
De onde vem a quiropraxia
A quiropraxia manipula, entre outras regiões, principalmente a coluna vertebral. Analogamente, na Grécia antiga, Hipócrates e outros médicos faziam o mesmo, cerca de 400 anos antes de Cristo. Além disso, há manuscritos chineses de até 1.500 anos antes de Cristo que também mencionam a manipulação e manobras articulares nos membros inferiores do corpo humano para promover o alívio de dores lombares e outras.
No século XIX, a quiropraxia — inclusive com essa denominação — começou a ser desenvolvida pelo pesquisador canadense e residente nos Estados Unidos Daniel David Palmer, considerado o “pai da quiropraxia”, que, de fato, contribui muito para que ela tivesse as bases que tem hoje.
Atualmente, é a técnica que se dedica a diagnosticar, tratar e prevenir problemas que envolvem articulações, músculos, tendões, ossos, nervos e outras estruturas que influenciam o movimento do corpo, bem como a saúde em geral, valorizando e ampliando o entendimento ancestral, amplamente estudado e modernizado por Palmer.
Um início quase acidental
Em 1895, David Palmer estava em Davenport, no Estado de Iowa, nos Estados Unidos, quando atendeu o funcionário do edifício em que trabalhava, Harvey Lillard, de quase 40 anos, que apresentava uma deficiência auditiva desde os 17 anos de idade. Enquanto examinava Lillard, o pesquisador identificou uma saliência na coluna dele e exerceu uma manobra com estalo numa vértebra, a partir de um empurrão. Assim, teve início a técnica da quiropraxia, como atualmente é conhecida.
Contudo, num primeiro momento, quando Lillard comentou que estava percebendo sons e, portanto, havia conseguido uma redução na sua surdez, Palmer, entusiasmado, acreditou ter conseguido a cura para a deficiência. Como era um autodidata, depois de muito estudar e pesquisar, percebeu o equívoco e entendeu a influência que a coluna vertebral exercia sobre outras funções do organismo.
Uma denominação diferente…
O nome quiropraxia foi atribuído por Palmer à técnica somente em 1898, com base no significado dos termos gregos “khiros” e “praktikos”, que respectivamente significam “mão” e “prático”, e que, juntos, dão a ideia do que é basicamente a técnica — “praticada com as mãos” ou “feita manualmente”. Posteriormente foram atribuídos os termos quiroprática e quiropatia, este último já obsoleto.
A partir dessa primeira denominação, também surgiu o termo quiropraxista, atribuído a quem aplica a quiropraxia. Foi adotado ainda, durante algum tempo, o termo quiropata, porém este está totalmente em desuso. Atualmente, o termo específico que define o terapeuta que aplica a técnica é quiropraxista.
A primeira escola de quiropraxia
Daniel David Palmer foi leitor dos principais jornais científicos de sua época, principalmente daqueles que tratavam de fisiologia e anatomia humana. Com excelente conhecimento sobre medicina e saúde, ele fundou a primeira escola de quiropraxia do mundo, a Palmer School of Chiropractic, em 1897, atualmente conhecida como“Palmer Chiropractic College”, em Davenport (Iowa), nos Estados Unidos.
Contudo foi seu filho, Bartlett Joshua Palmer, quem a desenvolveu, criando as bases do que ela é atualmente, minimizando as muitas controvérsias que a quiropraxia gerou no início, quando David Palmer dizia tê-la recebido de outro mundo. Esse comportamento acabou contribuindo para que a prática fosse mal compreendida.
Como a quiropraxia é vista no mundo
Depois de muito estudada e já conhecida sua prática, a quiropraxia foi definida, em 1948, como um “sistema de ajuste dos segmentos da coluna vertebral utilizando somente as mãos para correção das causas das doenças”, classificando-a como filosofia, ciência e arte natural.
Em 1963 foi criado o Conselho Nacional de Examinadores de Quiropraxia (sigla em inglês: NBCE) no intuito de garantir a excelência da profissão. Ele avalia os profissionais, as instituições educacionais de formação dos quiropraxistas e as associações reguladoras da prática nos Estados Unidos até os dias atuais.
Foi em 1966, quando a Associação Médica Americana classificou a quiropraxia como “culto não científico”, dado o posicionamento contrário à prevenção de doenças por meio de vacina adotado por muitos quiropraxistas. Assim sendo, pela falta de adesão às práticas e aos recursos científicos da época, a quiropraxia ficou qualificada dessa forma e permanece até os dias atuais.
Apesar disso, ela tem avançado muito em relação à aceitação pública e, principalmente, vem sendo apoiada pela medicina convencional, que a entende como uma técnica aliada de grande valor para o diagnóstico e o tratamento de problemas do sistema em que atua, contribuindo efetivamente para apoiar os muitos pacientes que conseguem verdadeiros benefícios com ela.
Nesse sentido, em países como Estados Unidos, Canadá e alguns das comunidades europeia e asiática, onde a quiropraxia é regulamentada, ela está integrada aos sistemas nacionais de saúde, o que marca um passo importante para que ela seja confirmada como prática científica e deixe de ser caracterizada como “culto não científico”. Outro fator que colabora para essa redefinição é o avanço nos estudos sobre os efeitos da prática, conduzidos por grandes entidades.
Com o objetivo de representar a técnica internacionalmente, em 1988 foi fundada a Federação Mundial de Quiropraxia (sigla em inglês: WFC, de World Foundation Chiropractic), filiada à Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 1977, cerca de 70 associações pelo mundo e mais de 100 mil profissionais foram listados pela Federação, a maior parte atuante nos Estados Unidos.
Em 2005, um encontro promovido pela OMS na Lombardia (Itália) criou o documento WHO Guidelines on Basic Training and Safety in Chiropractic (Diretrizes sobre Treinamento Básico e Segurança em Quiropraxia), para a regulamentação da profissão nos países membros, como é o caso do Brasil. Cerca de 150 mil profissionais quiropraxistas atuam no mundo todo, conforme estimativas feitas no ano de 2010.
A quiropraxia no Brasil
No país, a quiropraxia começou em 1924, na cidade de São Paulo, com o estadunidense William F. Fipps, que aqui atuou durante 24 anos. Em 1945, Henry Wilson Young também atuava como quiropraxista, outro estadunidense, que tinha como cliente o fundador do Banco Bamerindus, o Sr. Avelino Vieira. Entusiasmado com os resultados do tratamento a que foi submetido, o banqueiro possibilitou a vinda de um grupo de praticantes e iniciou, em Curitiba, o primeiro curso da técnica no Brasil. Um dos alunos desse curso foi Manuel Matheus de Souza, o primeiro brasileiro a atuar profissionalmente em quiropraxia, em 1980.
Em 1992 foi criada a ABQ (Associação Brasileira de Quiropraxia), reconhecida e filiada à Federação Mundial de Quiropraxia (em inglês, WFC), que conta atualmente com cerca de 1.000 associados de vários estados no país e com cerca de 800 alunos matriculados nas escolas credenciadas que oferecem o curso de formação.
Embora a profissão esteja em vias de regulamentação no Brasil, a ABQ defende que a formação deve seguir os padrões de educação e prática similares àqueles dos demais países no mundo. De nível superior, portanto, com duração entre quatro e seis anos (aproximadamente 5.000 horas de aula) e incluindo no currículo ciências biomédicas, métodos diagnósticos e prática.
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Em síntese, a quiropraxia não é uma técnica recente e vem conquistando a simpatia e a credibilidade de um número crescente de pessoas no mundo todo, por adotar uma terapêutica não-invasiva, relativamente barata, com muitos benefícios à saúde e que complementa os tratamentos médicos tradicionais.
Agora que você conhece a história dessa prática, que tal refletir sobre incorporá-la à sua rotina, mesmo sem sentir dor ou algum outro distúrbio? Ela é preventiva e pode contribuir muito para oferecer mais qualidade de vida. Pense sobre isso e cuide do seu bem-estar!