Comportamento Life Coaching

O narcisismo patológico da criança e do adolescente na internet

Criança deitada no sofá sorrindo tirando uma selfie
Gemutlichkeit / Canva
Escrito por Silvia Malamud

Na criança e no adolescente, o narcisismo patológico vai se manifestando quando de modo ilimitado fazem de tudo para que seus próprios desejos sejam satisfeitos. Desde o início preconizam que todas as atenções sejam voltadas para as próprias necessidades e gostos com baixíssima tolerância às frustrações, jamais se contentando com o que têm.

Na escola, quando não vão bem em alguma disciplina, culpam professores, criticando as suas performances e inteligência ou reclamando de não terem recebido atenção devida.

Por cultivarem uma grandiosidade e um senso de merecimento fora de contexto, muitos não conseguem seguir em frente com estudos ou trabalho, encaminhando-se para serem verdadeiros parasitas familiares, manipulando a tudo e a todos e, se acharem necessário, não hesitando em mentir para gerar culpa se acaso não se sentirem suficientemente providos daquilo que imaginam merecer ou ter.

Em seus lares, absolutamente tudo deve girar em torno deles para satisfazê-los em suas infinitas demandas e quando as coisas não ocorrem a contento e também por conta da baixíssima tolerância às frustrações, costumam ter explosões com ataques de fúria desmedidos, chegando a quebrar o que estiver na frente, sendo nos casos mais graves, a violência física também ocorre em cima de quem estiver por perto, incluídos os próprios pais.

Criança fazendo birra
Nadezhda1906 / Getty Images Pro / Canva

A redes sociais nesse sentido também têm a sua parcela de responsabilidade no desenvolvimento do adoecimento narcísico das crianças e adolescentes: a importância da vida voltada apenas para a aparência perfeita dos selfs é porta de entrada para um looping perigoso. Na era da internet a regra geral é a espetacularização de tudo o que se mostra, tudo tem que ser belo e magnífico e esse é o grandioso passaporte de trânsito dessa seara, onde o marketing pessoal é ditado dentro de tais termos. A busca frenética pelo sensacional, pelo status e pelo sucesso pessoal fazem parte dessa indústria de transes coletivos, onde a cada instante se inventa uma nova necessidade imprescindível de compra e de outras infinitas demandas para que se esteja fazendo parte das redes sociais do universo online. Uma falácia que coloca grande parte da humanidade como robôs destinados a sofrerem de faltas fictícias e a comprarem o que a ditadura da internet comanda.

Em meio a toda essa ordenação, sobra pouco ou quase nada de espaço para a construção da subjetividade. O que existe são pseudovidas voltadas para fora, com ausência de estrutura interna que dê conta de sustentar conexões reais.

Na era da internet os tempos cronológicos drasticamente mudam de dimensão, tudo o que não é imediato parece lento demais. A palavra paciência inexiste quando apenas mais alguns segundos são necessários. Cria-se o imaginário do êxito sem esforço.

A cultura do cancelamento já é o reflexo da ausência de vínculos estáveis ampliada pela volatilidade das inúmeras redes sociais provocando aceleração massiva versus a paralização da vida, além de incluir perturbadores sentimentos de vazio e de desconexão. De acordo com a ditadura invisível vigente, o que incomoda, mais do que rápido deixa de existir sem nenhuma reflexão a respeito.

Criança mexendo no computador, este que fazer a sombra na parede que ilustra um monstro
sefa ozel / Getty Images Signature / Canva

Como consequência desse momento, muitos jovens não ampliam determinadas redes neurológicas, perdendo a noção de respeito tanto para com os pais, como podem também perder outros tipos de percepções sobre como lidar com a realidade objetiva, desconstruindo regras simples como comer socialmente ou de modo saudável, como também atitudes e crenças de extremismos são normatizadas.

O simples fato de dormir e mesmo ir ao banheiro começam a ser negligenciados por inúmeros jovens viciados em internet, portanto um perigo maior está no ar.

Nessa situação mais do que caótica, pais além de despertarem para resgatar os seus devidos lugares de autoridade, precisam aprender a dar limites claros entendendo a linguagem dessa era, uma tarefa desafiadora, mas plenamente possível. A determinação de horários precisos para o uso da internet deve ser observada com bastante seriedade. Se os filhos insistirem em não fazer absolutamente nada ou tiverem ataques de ira (birra) no intuito de manipularem os pais para que estes lhes devolvam a tal alegria proveniente da internet, é necessário que eles se mantenham firmes, oferecendo atividades alternativas e em muitos casos, quando possível, participarem de algumas dessas atividades.

Você também pode gostar

A ideia é descondicionar esses ritmos ao máximo a ponto de os jovens poderem ter experiências de vida e de prazeres fora das telas. Se os filhos já se encontrarem muito viciados nas redes sociais, é provável que essa mudança de costume seja mais trabalhosa, mas mesmo assim, sempre valerá a pena todo o esforço que for dispendido.

Importante: pais que reclamam de filhos que têm dificuldade para lidarem com frustrações podem estar dando exatamente o mesmo modelo a eles se acaso abrirem mão de fazer valer os seus limites por conta das resistências e dificuldades por eles impostas.

Sobre o autor

Silvia Malamud

- Psicologa
- Especialista em temas relacionados ao Abuso Emociona com narcisistas perversos em relacionamentos afetivos, familiares, mãe/pai filhos, escolares, sociais e de trabalho.
– Especialista em Terapia Individual, Casal e Família /Sedes
- Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
- Terapeuta Certificada em Brainspotting - David Grand/ EUA
- Terapia de Abordagem Direta a Memórias do Inconsciente.

EMDR e Brainspotting são terapias de reprocessamento cerebral que visam libertar a pessoa do mal estar causado devido à experiências difíceis de vida, vícios, traumas, depressões, lutos e tudo o mais que é perturbador e que seja uma questão para que a pessoa queria mudar. Este processo terapêutico, por alterar ondas cerebrais viciadas num mesmo tipo de funcionamento, abre espaço para que a vida mude como um todo, de modo muito melhor, surpreendente e inimaginável anteriormente.

Mais sobre Silvia Malamud: Além de psicóloga Clínica, é também formada em Artes plásticas- Terapia Breve - Terapia de Casais e Família pelo Sedes Sapientiai. Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e em Brainspotting David Grand/EUA. Desenvolveu-se em estudos e práticas em Xamanismo, Física Quântica, Bodymirror. Participou e se desenvolveu em metodologias de acesso direto ao inconsciente, Hipnose, Mindskape, Breakthrough e outras. Desenvolveu trabalho como psicóloga Assistente no Iasmpe, Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, com pesquisa sobre o ambiente emocional de residentes durante o período de suas residências, de 2009 até 2013. Participou do grupo de atendimentos de casais do NAPC de 2007 à 2008. Autora dos Livros "Projeto Secreto Universos", uma visão que vai além da realidade comum e Sequestradores de Almas, sobre abuso emocional que podemos estar vivendo, sem ao menos saber, sobre como despertar e como se proteger.

· Conhecimento terapêutico: Cenários e imagens: Já presenciei diversos pacientes fazerem "viagens" às vidas anteriores, paralelas, sonhos e mesmo se reinventarem em cenas reais ocorridas ou não. Vi-os saindo do túnel do reprocessamento, totalmente mudados e transformados, inclusive em suas linhas de tempo. Para mim, fica uma pergunta de física quântica... O que acontece com a rede de memória da pessoa se a matriz do acontecimento muda totalmente não o afetando mais? A linha do tempo e todos os significados emocionais transformam-se simultaneamente. Todos os eventos difíceis que a pessoa teve em relação ao tema ao longo da vida perdem o sentido e até parece que nem existiram, embora se saiba. A pergunta que fica é: O que é o tempo quando podemos nos transformar e nos auto-superarmos nesta amplitude?

· Coexistimos em inúmeras camadas de realidades que são atemporais. Por exemplo, o seu “eu” criança pode estar existindo e atuando em você até hoje... Outros aspectos desconhecidos também podem estar, sem que você suspeite.

Silvia Malamud
Psicóloga clinica Especialista em Terapias Breves individual, casal e
família/Sedes - CRP: 06-66624
Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
Terapeuta Certificada em Brainspotting – David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem Direta a Memórias do Inconsciente.
email.: malamud.silvia@gmail.com