O silêncio ajuda, mas você não precisa dele para encontrar a calma. Mesmo se houver barulho dele para encontrar a calma. Mesmo se houver barulho por perto, você pode perceber a calma por baixo do ruído, do espaço em que surge o ruído. Esse é o espaço interior da percepção pura, da própria consciência. Você pode se dar conta dessa percepção como um pano de fundo para tudo que seus sentidos apreendem, para todos os seus pensamentos. Dar-se conta da percepção é o início da calma interior. Qualquer barulho perturbador pode ser tão útil quanto o silêncio, abolindo sua residência interior ao barulho, deixando-o ser como é.
Essa aceitação também o leva ao reino da paz interior, que é a calma. Sempre aceite o momento que ele é. Você experimenta a calma estando atento. Preste atenção aos intervalos entre os pensamentos, o curto silêncio-espaço entre as palavras e frases numa conversa, entre os sons do cotidiano no trabalho, na rua. Quando você presta atenção a esses intervalos, a percepção de “alguma coisa” se torna apenas percepção. Dentro de você, surge a pura consciência, desprovida de qualquer forma. Você terá, então, a maior experiência em exposição dentro de si mesmo, que é o encontro com a verdade. Sua real natureza fora dos condicionamentos externos. Quando o mestre aparece, você desaparece, isto é, o seu “eu”, sim, o seu “ego ” some. Então você percebe o silêncio e, sem nada buscar, percebe que, fora da linguagem, tudo é silêncio.
A calma é a única coisa no mundo que não tem forma. Na verdade, ela não é uma coisa nem pertence ao mundo. Quando você olha num estado de calma para uma árvore ou uma pessoa, quem está olhando? É algo mais profundo que você. A consciência está olhando para a sua própria criação. Você precisa saber mais do que já sabe? Acha que o mundo será salvo se tiver mais informações, se os computadores se tornarem mais rápidos ou se forem feitas mais análises intelectuais?
Do que você precisa é sabedoria para viver. O mundo está entrando em parafuso, tudo está extremamente difícil. Mas a sabedoria vem da capacidade de manter a calma e o silêncio interior. Satsang é isto: o fim da busca.
Eu, Nilo Deyson, como sempre digo, mesmo sendo filósofo, penso que aquilo que serve para mim talvez não sirva para você. Porém que tal ler e praticar? Veja, este exato momento – “Agora” – é a única coisa da qual você jamais conseguirá escapar, o único fator constante em sua vida. Aconteça o que acontecer, e por mais que a vida mude, uma coisa é certa: é sempre Agora.
Se não é possível fugir do Agora, por que não o acolher e tratar bem? Quando você se torna amigo do momento presente, quando estabelece uma boa relação com ele, fica sempre à vontade em qualquer situação. Mas, quando não se sente à vontade no Agora, você leva o desconforto para qualquer lugar aonde for.
O momento presente é como é. Sempre… Você consegue deixar que ele seja como é?
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A divisão da vida em passado, presente e futuro é uma construção da mente – em última análise, ilusória. Passado e futuro são formas de pensamento, abstrações mentais. O passado só pode ser lembrado agora. O que você lembra é um fato que aconteceu no Agora, você lembra no Agora. O futuro, quando chega, é o Agora. Portanto a única coisa real, a única coisa que existe é o Agora. Concentre a atenção no Agora e perceba o silêncio por trás dessa mente tagarela e viciosa. Abandone seus hábitos de falar demais. Faça mais silêncio e esteja atento à natureza e ao silêncio por trás dos ruídos. Depois, nesse nível de paz interior, você poderá enfrentar o dia a dia secundário sem problemas. O sábio cora das suas palavras e se torna imune aos infortúnios do mundo agressor.