Quando falamos em religião, você já parou para pensar na diversidade e na quantidade de outras crenças e maneiras de expressar espiritualidade que existem fora das religiões tradicionais, como cristianismo, judaísmo, budismo, dentre outras? E uma corrente que vem ganhando força atualmente, especialmente nos campos virtuais, onde a troca de conhecimento é possível, é o neopaganismo.
Você conhece esse termo e sabe o que ele significa? Se você não conhece esse tipo de espiritualidade, preparamos este artigo para apresentá-lo a você com todos os detalhes e informações necessárias. Confira!
Tudo sobre neopaganismo
O que é paganismo?
Antes de entendermos o que é o neopaganismo (isto é, o novo paganismo ou paganismo moderno), é preciso entender o que é o paganismo. O termo “pagão” vem do latim “paganus”, que significa, literalmente, “pessoa que vive no campo”. Mas esse termo ganhou outra conotação por causa da religião cristã.
A expansão do cristianismo na Europa se deu a partir do Império Romano, especialmente da capital e de suas grandes cidades. Na época em que a religião já estava bastante difundida nos grandes centros, mas as aldeias e áreas rurais ainda mantinham suas crenças em múltiplos deuses e nas forças da natureza, as pessoas que viviam nessas regiões passaram a ser chamadas de pagãs, que pouco a pouco virou sinônimo para uma pessoa não judaico-cristã.
Os cristãos, portanto, chamavam de pagãos, por exemplo, os gregos, que adoravam Zeus, Afrodite e todos os deuses da mitologia grega, e os nórdicos, que criam em Odin, Thor, dentre outros deuses da mitologia nórdica. Até mesmo o termo “mitologia” foi uma popularização cristã, porque passou a ser utilizado com o objetivo de dar a ideia de que o cristianismo era a única religião de verdade e que as outras não passavam de um conjunto de mitos.
Entre os séculos III e XVII, conforme o cristianismo foi avançando no mundo, muitas crenças locais começaram a ser avaliadas como satânicas pelos cristãos e seus praticantes eram denominados bruxos, bruxas, magos, satanistas, dentre outros nomes, o que os fazia serem excomungados, expulsos de cidades, torturados e mortos — muitas vezes de maneira cruel, como queimados em fogueiras.
O que é neopaganismo?
Com a dominação do cristianismo em quase todo o mundo ocidental, pouco a pouco as práticas, crenças e religiões tradicionais foram desaparecendo. As crenças pagãs, portanto, perderam a “guerra” contra a filosofia cristã. Mas boa parte do conhecimento das religiões consideradas pagãs sobreviveu em escritos ou mesmo nas tradicionais orais passadas de geração para geração.
Relembrar essas tradições e crenças e trazer de volta os costumes das religiões pagãs é o objetivo das religiões neopagãs, que, por serem baseadas em crenças de vários lugares do mundo e de diferentes culturas, não têm um único centro ou uma organização específica.
Alguns exemplos de religiões neopagãs são o druidismo celta, do povo originário da Irlanda; o culto ao deus Mitra, que era popular na Pérsia e na Índia; a religião Asatrú, que resgata as crenças germânicas e nórdicas; a Wicca, conjunto de crenças que eram comuns na Europa ocidental antes do cristianismo; dentre outros, como adoração aos deuses do Antigo Egito ou dos gregos.
Principais características do neopaganismo
Como citado anteriormente, cada crença neopagã tem suas próprias características, então é difícil falar sobre uma definição comum para todas elas, mas selecionamos alguns traços que são frequentes na maior parte dessas manifestações religiosas:
— O politeísmo é regra quase sempre, ou seja, a crença em vários deuses ou em mais de uma divindade, ao contrário da fé em um único deus, como no cristianismo;
— Frequentemente, a natureza e as forças dela são consideradas protagonistas e até mesmo divindades nessas crenças;
— Boa parte dessas crenças se posiciona contra os tempos tecnológicos e o uso excessivo de tecnologia que caracteriza nossa vida moderna, pregando um retorno à natureza e a comunhão com ela;
— Os rituais costumam ser quase que os mesmos praticados antigamente, bem como as crenças em magias, elixires, feitiços, dentre outras práticas;
— Não costumam negar a ciência, mas consideram que ela é incapaz de explicar os fenômenos da natureza, então, apesar de não ser oposta à religião, não deve se misturar ao campo da espiritualidade;
— A natureza, portanto, não é analisada e considerada de uma perspectiva científica, mas de uma perspectiva espiritual. É comum que preguem que todos os seres vivos estão imbuídos de um espírito divino;
— Tolerância, paciência, respeito pelos ciclos da natureza e exercício do livre-arbítrio de maneira livre são algumas das ideias pregadas por essas religiões.
Neopaganismo e a natureza
Independentemente de ser uma religião ou envolver espiritualidade e divindades, as crenças neopagãs têm a natureza como pilar, então envolver-se com esses tipos de cultos pode ser uma ótima oportunidade de entender a importância da natureza e da preservação dela.
Ainda que você não acredite que a natureza é divina ou que as forças dela são, na verdade, forças espirituais, é possível entender a magnitude dela por si só, mesmo não considerando as questões espirituais das religiões, ou seja, ainda que você não acredite que está adorando deuses ao admirar os elementos da natureza, o simples fato de que uma religião o coloca em contato e em posição de admiração a ela já deveria ser suficiente para você dar uma chance para entender como essas crenças podem ser benéficas no seu contato com a natureza e no seu entendimento de como preservá-la é essencial, porque sem recursos naturais não há vida possível, independentemente de questões espirituais.
Neopaganismo no Brasil
A maneira mais confiável de saber quantos adeptos determinada religião tem em nosso país é o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que tem o objetivo de entrevistas todas as pessoas da nossa nação. O Censo de 2010, porém, não incluiu religiões neopagãs como uma possível resposta à pergunta “qual é a sua religião?”, porém havia três opções que podem ter incluído adeptos delas: 74 mil pessoas afirmaram crer em “tradições esotéricas”, 11 mil pessoas professaram “outras religiosidades” e 640 mil pessoas afirmaram ter religiosidade “não determinada e múltiplo pertencimento”.
De acordo com a União Wicca do Brasil, organização sem fins lucrativos que promove a crença em nosso país, existem 300 mil wiccanos (ou bruxos, como eles sem chamam) por aqui, mas os números não são oficiais, são apenas uma estimativa da organização.
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Se você deseja se inserir ou participar de grupos de religiões neopagãs, a maneira mais fácil de fazer isso é procurar esse tipo de organização nas redes sociais e tentar participar dos encontros e rituais promovidos eventualmente.
Esses são os principais conceitos e as características mais importantes das religiões e das crenças neopagãs, que podem ser consideradas uma rejeição ao monoteísmo, às ideias e à moral cristã. Independentemente de você ser conectado às origens de uma dessas crenças ou dos povos que as originaram, se você as considerar benéficas e interessantes, pode praticá-las livremente. Viva a sua espiritualidade de maneira plena!