Se você já classificou alguém, foi classificado ou ouviu alguém ser chamado de introvertido ou extrovertido em relação à personalidade, saiba que isso aconteceu por causa de um homem chamado Carl Jung, um dos maiores nomes da história da psicologia e da psiquiatria.
Entre outras ideias sobre as quais Jung escreveu e que definitivamente mudaram os rumos do estudo da mente humana, estão as sincronicidades, aquelas coincidências que nos deixam pensando que são mais do que coincidências, e a fundação de um tipo de abordagem da psicologia, a psicologia analítica. Entenda tudo sobre quem foi e sobre quais são as ideias de Carl Jung neste artigo que preparamos!
Quem foi Carl Jung?
Carl Gustav Jung nasceu em 1875, na Suíça, e morreu aos 85 anos, em 1961, no mesmo país. Ele foi psiquiatra e psicoterapeuta, mais conhecido por ter sido o fundador da psicologia analítica, sobre a qual falaremos nos tópicos abaixo. Sem sombra de dúvidas, ele é um dos maiores nomes da história da psicologia e foi o responsável pela consolidação de teorias como as da personalidade introvertida/extrovertida, dos arquétipos e do inconsciente coletivo.
Seus estudos científicos da psicologia e da psiquiatria foram bastante influenciados pelos hobbies e interesses que mantinha sobre espiritualidade, como a filosofia oriental, a alquimia, a astrologia, as artes e o ocultismo. Por causa desses interesses “menos científicos”, digamos, Jung recebe algumas críticas daqueles que acreditam que a psicologia e a psiquiatria precisam seguir linhas mais ortodoxas e menos abertas à espiritualidade.
Carl Jung manteve uma relação de estudos e de amizade com outro nome importante da história do estudo da mente humana: Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Eles entraram em contato pela primeira vez em 1902 e, desse ano em diante, passaram a trocar correspondências, que duraram ao longo de 13 anos (359 cartas remetidas entre 1906 e 1913). O primeiro encontro deles, em 1907, foi uma conversa de 13 horas ininterruptas. Eles romperam anos depois justamente porque Freud não conseguia admitir a influência que estudos espirituais exerciam sobre o trabalho de Jung.
As ideias de Carl Jung
Também conhecida como psicologia junguiana, a psicologia analítica é a principal criação de Carl Jung, uma abordagem da psicologia usada até hoje em consultórios. Essa teoria leva bastante em consideração conceitos como a psique, o inconsciente e o processo de individuação (o processo pelo qual algo se torna único). Para Jung, o inconsciente não é apenas um espaço onde ficam armazenadas recordações e impulsos, como pensava Freud, mas uma construção coletiva e passada de geração a geração ao longo dos séculos.
Outro conceito importante de sua obra e de seu pensamento é a distinção da personalidade entre introvertida/extrovertida. Jung desenvolveu o Indicador do Tipo Myers-Briggs, um teste que ajuda a determinar quanto de introvertido/extrovertido há em alguém. Segundo ele, introvertido é aquele que se orienta na vida por conteúdos psíquicos subjetivos (ou seja, foco na atividade interna), enquanto os extrovertidos vivem com um tipo de atitude caracterizada pela concentração de interesse no objeto externo (ou seja, foco no mundo exterior). Apesar da distinção, segundo ele, todos temos características introvertidas e extrovertidas, mas uma delas tem predominância sobre as outras.
Segundo Jung, todos estamos sujeitos à influência de algo chamado inconsciente coletivo, ou seja, conteúdos psicologicamente herdados e reforçados ao longo de nossas vidas, como traços da personalidade, cultura, entre outros. Alguns desses conhecimentos são chamados por ele de arquétipos, uma palavra de origem grega usada por ele para se referir ao papel padrão que uma figura tem em nossas vidas, por exemplo: a mãe é aquela que nutre; o pai é aquele que provê etc.
Um exemplo de construção em que Jung mistura a psiquiatria e a espiritualidade é o conceito de sincronicidade, palavra que ele usa para definir acontecimentos que não se relacionam casualmente (como uma coincidência), mas por uma relação de significado, ou seja, algo que acontece por um motivo, não ao acaso. Outra maneira de se referir a isso é a experiência de ocorrerem eventos que coincidem de maneira que tenha algum significado além da mera casualidade para as pessoas que vivenciaram aquela “coincidência significativa”.
Frases marcantes de Carl Jung
“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.”
Segundo Jung, quando nos focamos em sentimentos como ambição, ganância, controle e poder, automaticamente abrimos mão do amor e de tudo de bom que vem com ele. Onde existe necessidade de poder e controle não pode existir amor, bem como o contrário é verdadeiro.
“Quem olha para fora sonha; quem olha para dentro desperta.”
De acordo com o psiquiatra suíço, somente quando nos voltamos ao nosso interior e a quem somos verdadeiramente é que conseguimos entender a pessoa que estamos construindo a partir de nós mesmos e o que é possível fazer com ela. Olharmos para o exterior nos permite sonhar, mas apenas olhar para dentro nos permite despertar e buscar realizar esses sonhos.
“Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos.”
A vida, segundo a teoria junguiana, é uma experiência 100% individual, então não é possível tratar todos os seres humanos como se tivessem uma mesma personalidade, porque cada ser é uma construção individual e única, então deve ser tratada assim sempre que estiver em análise.
“Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o que ela não é.”
É a partir dos nossos erros que entendemos aquilo que não devemos fazer e, automaticamente, aquilo que devemos fazer, portanto os erros são essenciais ao ser humano, porque trazem a ele um conhecimento que não encontrará em nenhum livro, porque só pode vir de suas experiências e das lições que retira dos erros que comete.
“Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração.”
Jung sempre insistia que a maior parte das respostas das quais precisamos não está no mundo, isto é, no exterior, porque se encontra, na verdade, no interior, em nosso coração ou qualquer que seja a metáfora usada para falar sobre aquilo que é interno, portanto devemos buscar em nós mesmos as respostas de que precisamos.
“O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação.”
Quando entramos em contato com alguém, independentemente de qual seja a situação, esse encontro certamente vai promover transformações e mudanças nas duas pessoas que se encontraram, por isso é que ele cita a química como exemplo, porque esses encontros são realmente como duas substâncias diferentes, que entram em contato e produzem um resultado a partir disso.
“Os sonhos são as manifestações não falsificadas da atividade criativa inconsciente.”
Esse proeminente estudioso da mente humana acreditava que os sonhos eram a manifestação mais pura da criatividade e dos impulsos humanos, então dava bastante importância ao que o mundo dos sonhos tinham a dizer; não como um oráculo ou algo capaz de prever o futuro, mas como algo que diz respeito à nossa profundidade.
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
Arrogância é um dos traços de personalidade que mais afasta as pessoas. Por mais que tenhamos conhecimento, seja prático ou teórico, quando entramos em contato com outra pessoa, precisamos tentar ser apenas iguais, sem nos distinguirmos por todo o conhecimento que julgamos ter. Aquele que se coloca acima do outro automaticamente está abaixo dele.
“Aquilo a que você resiste, persiste.”
Sempre que ignoramos algo ou impedimos que essa situação, sentimento, pensamento ou seja lá o que for flua naturalmente, estamos na verdade barrando o fluxo espontâneo das coisas e permitindo que os incômodos persistam. É como viver fugindo de algo que sabemos que vai acontecer. Quanto antes permitirmos que aconteça, mais cedo nos veremos livres da dor e da ansiedade.
“Qualquer árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de tocar os infernos.”
É impossível conquistar grandes resultados sem, antes disso, batalhar o suficiente e planejar o necessário para finalmente alcançar essas conquistas. Aquele que quer alcançar os céus precisa se planejar no chão, é o que diz Jung. Não adianta, portanto, ter sonhos enormes e grandiloquentes, mas não se planejar e batalhar para conquistá-los.
Como aplicar as ideias de Carl Jung
Se você leu as frases do tópico anterior, percebeu que Jung sempre aponta o nosso interior, aquilo que somos “por dentro” ou o nosso coração, como os melhores guias que podemos ter. O que fica de seus ensinamentos, acima de tudo, é essa ideia de que devemos buscar em nós mesmos aquilo de que precisamos, e só então partir para o mundo externo.
Outro ponto prático que podemos apontar é que coincidências existem, mas já te aconteceu algo que te deu a impressão de ser além disso? Um grande amor, a chegada de uma inesperada oportunidade de emprego, uma ajuda num momento-chave… Você provavelmente já se viu diante daquilo que Jung chama de sincronicidade, algo que parece coincidente apenas à primeira vista, mas que carrega um significado maior. Estejamos abertos e vigilantes a sincronicidades!
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Por fim, podemos apontar outra maneira de aproveitar os ensinamentos de Jung: você tem prestado atenção nos seus sonhos? Com o quê você tem sonhado? Quando sonhamos com alguma coisa, a tendência é procurar associações diretas ou sinais de algo que nos ajude a prever o futuro, por exemplo, mas a verdade é que, se nos livrarmos dessa vontade de encontrar previsões nos sonhos, podemos aprender bastante a respeito da nossa personalidade e de quem somos a partir daquilo que sonhamos.
E aí, o que você achou das ideias de Carl Gustav Jung? Acha que pode aplicar alguma delas em sua vida? Compartilhe conosco e com as pessoas mais importantes da sua vida a sua opinião a respeito desse que é um dos maiores nomes da história da psicologia e da psiquiatria!