Já me arrependi de um ou dois beijos que não dei. Pois! Já me arrependi de não ter pedido demissão e de uma relação que continuei. De não ter saído antes de uma festa… Ah! E de um dia que não festejei. Já me arrependi de ter dado valor e, às cegas, de quase ter perdido o meu. E por ter me arrependido, tenho em mente “maktub”, porque era exatamente tudo o que precisava ter acontecido.
Mas hoje… Só porque hoje entendo o hoje, sei:
dos beijos que eu dou, não me arrependo,
dos “eu te amo” que digo, não me arrependo,
dos poemas que dedico, não me arrependo.
Graças ao que já senti e doí,
posso viver e curtir
o melhor presente a livre-arbítrio
que me dou: minhas escolhas.
Só depois de um bom tempo é que entendemos o que para muitos nunca vai passar de um clichê: o amor-próprio precisa ser nosso maior amor. Apenas depois que nos amamos exatamente como somos e que estamos conscientes de quem nos tornamos justamente por tudo o que sentimos, escolhemos fazer, reagimos ao que nos aconteceu e arcamos com o que fizemos acontecer, apenas depois disso é que estamos livres para escolher o que vai e que fica na nossa vida.
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Enquanto isso não acontece, a gente vai aceitando o que acha que merece… Ficamos tão aprisionados nas próprias expectativas que nos boicotamos sentenciando nossa vida a quem ou seja lá o que elegermos mais importante que nossa plenitude. Baseados no pouco amor que nos damos, negligenciados pelas feridas que muitas vezes nem sabemos estarem abertas e que precisam ser curadas, submetemo-nos a situações desagradáveis e depreciativas, a amores parcos, a pessoas indisponíveis tanto quanto nós, a momentos gastos e sem sentido, feito sexo com muito tesão e sem beijo de despedida. Tendo como referência o pouco valor que imaginamos que temos, sobrevivemos de pedaços de felicidade que encontramos no frio do caminho, feito resto de pizza do outro dia na geladeira. E assim imaginamos que a vida nos reserve apenas isto; um gélido vestígio do que poderíamos ter vivido.