Comportamento

Luto na infância e adolescência

Foto em branco e preto de uma criança trsite
Kat Smith / Pexels
Escrito por Eu Sem Fronteiras

A morte de um familiar ou de um amigo sempre gera dor e sofrimento, até mesmo em crianças e adolescentes. O processo de luto não está restrito apenas aos adultos, que já têm uma certa maturidade emocional. Essa compreensão da perda se estende também a quem está se desenvolvendo. Mas como os jovens lidam com isso? E como podemos ajudá-los? A seguir, aprenda mais sobre o assunto!

O que é luto?

O luto é um processo que uma pessoa enfrenta quando passa pela ruptura significativa de um ciclo. Isso significa que o luto pode acontecer ao mudar de casa, de emprego, de cidade, de escola… E, é claro, também se manifesta quando lidamos com a perda de uma pessoa querida, que não estará mais em nossas vidas.

Não existem regras ou limites para o luto. Uma pessoa pode lidar com os sentimentos trazidos por essa ruptura de inúmeras formas e por um tempo indeterminado. Inclusive, é possível que esse processo traga consequências na saúde mental e na saúde física.

Alguns dos sintomas frequentes do luto são tristeza, raiva, culpa, solidão e ansiedade. Em relação ao bem-estar físico, uma perda pode gerar fraqueza, alterações no sono e no apetite ou até déficit na memória.

Ou seja, o luto é capaz de comprometer a saúde de um indivíduo em diversos aspectos. Por causa disso, é importante buscar maneiras de amenizar o sofrimento desse período, principalmente nas faixas etárias mais baixas, quando há menos capacidade de controle emocional. Continue refletindo sobre isso com os tópicos que preparamos!

Crianças entendem a morte?

Até os seis anos de idade, é difícil para uma criança entender a complexidade de um conceito como a morte. Para elas, a condição de irreversibilidade é muito abstrata, então enfrentam problemas ao compreender que uma pessoa que morreu não poderá ressuscitar ou aparecer bem depois de algum tempo.

Um pequeno anjo de madeira
Darrell Fraser / Pexels

A partir dessa idade, porém, a criança começa a desenvolver mais mecanismos para lidar com os efeitos da perda. Ela entenderá com mais facilidade que aquela pessoa querida não vai mais voltar, e é justamente isso que vai causar os sentimentos mais negativos nessa faixa etária.

Luto na infância

O luto na infância pode ser uma das situações mais traumáticas que uma pessoa enfrenta nessa fase da vida. Quanto mais nova uma criança for, mais difícil será administrar o que ela está sentindo, devido ao processo recém-iniciado de compreensão dos próprios sentimentos.

Por esse motivo, é importante observar como esse indivíduo está se comportando perante a perda de alguém querido. Entre as reações mais comuns estão a negação, a agressividade e a culpa. Isso acontece porque a criança se sente frustrada com a situação e sem controle sobre ela, o que é estressante até para os adultos.

Um adulto encostando seu dedo no dedo de uma criança
PublicDomainPictures / Pixabay

Então, durante o luto, a criança pode se tornar agressiva com outras pessoas e com os próprios brinquedos, recusando-se a cumprir ordens e a manter uma rotina regrada. É comum, também, que a criança tente assumir o lugar de quem partiu, reproduzindo os comportamentos dessa pessoa, ou que não sinta mais vontade de brincar.

Durante esse período de luto, é fundamental ter paciência com a criança e compreender que ela ainda não tem os mesmos dispositivos que os adultos para lidar com essa situação. Logo, acima de tudo, ela precisa de suporte emocional. Ela deve se sentir acolhida, respeitada e segura para expressar o que está sentindo e superar toda a dor.

Como ajudar crianças em luto

Uma criança em luto precisa de atenção especial. Mas você sabe o que fazer para demonstrar que está ao lado dela? E como ajudá-la a expressar o que está sentindo? Entenda!

1) Conte a verdade

Por maior que seja o seu desejo de amenizar a situação, ao contar sobre a morte é essencial que você fale a verdade. Não diga que a pessoa que faleceu está viajando, por exemplo. Até os três anos de idade, você pode usar alguma metáfora, como dizer que a falecida virou uma estrelinha. Para crianças mais velhas, explique, de maneira breve que tal pessoa faleceu e não vai mais voltar, mas você pode responder quaisquer perguntas que a criança tiver sobre isso.

2) Mostre como você se sente

Ainda que o processo de demonstrar seus sentimentos durante o luto seja difícil, isso ajudará muito a sua criança. Mostre para ela como você está lidando com essa perda, em vez de esconder seus sentimentos ou dizer que está tudo bem. Diga o que você está sentindo e pergunte se ela se sente da mesma maneira ou se os sentimentos são diferentes. Além de se identificar com você, ela ficará mais confortável para falar sobre o tema.

Um momento de conversa entre uma mãe e sua filha
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3) Valide os sentimentos

Depois que a criança contar como está se sentindo, valide os sentimentos dela. Caso ela não tenha conseguido expressar em palavras, faça algumas deduções, como “eu entendo que você esteja se sentindo triste, porque nós também estamos nos sentindo assim”. Explique que esses sentimentos negativos fazem parte da vida e que eles também são importantes para nós. Evite condenar o que a criança está sentindo ou dizer que ela deveria se recuperar mais rapidamente após a perda.

4) Faça um ritual de despedida

Nem todas as pessoas se sentem confortáveis com a ideia de levar crianças para um velório. Não há problemas em fazer isso e esse ato pode ajudar no processo de luto, mas se você prefere evitar esse ambiente, há outra solução. Faça um ritual de despedida com a criança, pedindo para ela fazer um desenho ou uma carta para quem partiu. Assim, ao mesmo tempo em que essa jovem expressará o que sente, entenderá que aquela pessoa morreu.

5) Procure auxílio psicológico

Quando uma família está muito fragilizada com o luto, a criança pode acabar se sentindo desamparada e esquecida. Caso você tenha dificuldades para lidar com essa situação, procure auxílio psicológico para a criança. Com ajuda de profissionais, ela terá mais facilidade para processar o que aconteceu sem se sentir deixada de lado. Sempre considere essa possibilidade de auxílio em qualquer situação.

Criança passando por terapia
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Adolescentes precisam de apoio para lidar com a morte?

Mesmo que os adolescentes tenham um pouco mais de maturidade que as crianças para lidar com a morte, esse processo ainda é desafiador, afinal a adolescência já é uma fase da vida naturalmente complicada, rodeada por incertezas, inseguranças, conflitos e formação de identidade.

Inclusive, é durante a adolescência que uma pessoa pode se isolar de familiares, justamente para lidar com tudo que está passando dentro de si. Durante o luto, então, é natural que um adolescente evite demonstrar o que está sentindo. No entanto isso não significa que ele não precisa de apoio. Entenda esse processo!

Luto na adolescência

Na adolescência, uma pessoa está passando por muitas transformações. Em relação ao próprio corpo, à sociedade e aos familiares, é provável que ela se sinta deslocada, perdida, confusa, sozinha e irritada com tudo isso. Essas sensações, infelizmente, podem tornar o luto ainda mais difícil.

Um adolescente já é capaz de compreender a morte, diferentemente das crianças. Entretanto, ao contrário dos adultos, ele ainda não tem todos os mecanismos necessários para lidar com o que está sentindo em relação a tal perda. Então essa dificuldade de administrar as sensações negativas se reflete no processo de luto.

Adolescente triste escutando um terapeuta
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Um dos efeitos mais notáveis do luto na adolescência é uma queda no rendimento escolar. Nessa fase, os adolescentes costumam ser intensamente pressionados para ter um bom desempenho, mas vivenciando um luto é esperado que esse âmbito fique suspenso.

Além disso, os adolescentes podem ter mais dificuldade para se abrir com alguém da família, represando a tristeza, o estresse e o desamparo. Nesse momento, muitos acreditam que eles querem ficar sozinhos e que não precisam de apoio. Porém esses sentimentos não vão simplesmente desaparecer. Saiba qual é seu papel nesse processo!

Como ajudar adolescentes em luto

Ajudar adolescentes em luto é um processo que vai exigir paciência e compreensão. Lembre-se disso ao aplicar as dicas que preparamos para esse momento!

1) Fale sobre a morte

Conversar de maneira sincera e transparente sobre a morte é uma boa maneira de entender o que o adolescente está pensando sobre o que aconteceu. Talvez esse fato faça com que esse indivíduo encare a realidade de que um dia ele vai morrer, e isso pode provocar ansiedade e medo. Então compartilhe o que você pensa sobre o assunto e o escute, sem julgá-lo.

2) Garanta a confidencialidade

Para uma pessoa que ainda está se desenvolvendo, pode ser constrangedor ter a própria intimidade divulgada para outros parentes. Por isso, se o adolescente está se abrindo com você, garanta que a conversa ficará só entre vocês. Dessa maneira, ele sentirá mais liberdade para dizer o que está sentindo, sem o medo de ser recriminado pelos outros. Em hipótese alguma compartilhe o que ele disser com alguém, a não ser que haja algum risco para a saúde dele.

Mulher com sua mão em frente à sua boca
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3) Demonstre seu apoio

Se o adolescente não quiser falar sobre o que está sentindo, o que pode acontecer, respeite o espaço dele. Demonstre que você estará disponível para o que ele precisar e que ele pode se encontrar com os amigos, se desejar. Na maioria das vezes, os adolescentes têm mais facilidade para conversar com pessoas da faixa etária deles. Sendo assim, não proíba que ele fique com esses indivíduos, que podem ajudá-lo muito.

4) Observe os comportamentos

Um adolescente ainda tem dificuldades para verbalizar o que está sentindo, mas a linguagem não verbal pode dizer muito sobre isso. Se ele está evitando olhar nos olhos das pessoas, se não consegue sorrir ou se está mais recluso do que o normal, é importante ficar de olho. Isso porque esses sinais podem dar alguma ideia de como esse adolescente está se sentindo e se ele precisa de ajuda profissional para se sentir bem de novo.

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5) Sugira um acompanhamento psicológico

O acompanhamento psicológico é importante durante toda a adolescência, não só em uma situação de luto. Aliás, a adolescência, em si, já é um luto da ruptura da infância. Portanto mostre para o adolescente quais são os possíveis acompanhamentos que ele pode fazer e o acompanhe, se for necessário. Assim, ele saberá que pode se abrir com uma pessoa profissional para voltar a se sentir bem. Não acredite que ele vai resolver tudo sozinho.

Compreendendo o luto

Compreender o luto é um processo difícil na infância e na adolescência, mas existem alguns conteúdos que podem ser úteis nesse momento. Para as crianças, os livros infantis e os filmes são bons exemplos disso. Você pode apresentar a elas produções como “O Rei Leão” (1994), “Operação Big Hero” (2014) ou “O Bom Dinossauro” (2015).

Para adolescentes, embora os filmes citados também sejam ótimas opções, os livros são uma alternativa interessante. Títulos como “Mari e as coisas da vida” (Tine Mortier), “Contos de enganar a morte” (Ricardo Azevedo) e “Ponte para Terabítia” (Katherine Paterson) são boas pedidas para a ocasião.

Lidar com a perda de uma pessoa querida é um processo que leva tempo e compreensão. Para as crianças e os adolescentes, é imprescindível o apoio dos familiares e dos amigos. A partir das informações apresentadas, você já sabe como pode agir para que os jovens se tornem capazes de superar a dor e o sofrimento de um evento como esse.

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