Quando iniciamos de forma consciente a nossa jornada de desenvolvimento espiritual, muito ouvimos falar sobre o EGO e também sobre como eliminá-lo para que ele não seja um obstáculo em nossa busca pela reconexão com a Consciência Criadora.
Contudo, durante essa jornada, surgem muitos questionamentos, como:
- O que é de fato o EGO?
- Por que ele existe? Qual é a sua função?
- Se ele desaparecer, o que vai acontecer comigo?
Todas essas questões, eu me fiz por muito tempo, até ter mais compreensão sobre as leis do Universo, da física e do processo de ascensão do ser humano.
Em primeiro lugar, para compreender o EGO é preciso entender a criação da nossa alma. Tanto no campo da física quanto nos antigos conhecimentos dos povos originários, entende-se que há uma Energia Criadora de Tudo que É.
Nossa alma corresponde a uma individualização dessa própria Consciência Criadora.
No entanto essa “Individualização” é que o podemos chamar de EGO.
Podemos também dizer que o EGO é a nossa “vontade”.
Ao contrário do que muitos espiritualistas falam, o EGO é bastante útil durante nossa vida e encarnação neste planeta, por exemplo: é devido ao EGO que os bebês, ao nascer, têm instintivamente uma vontade de ir até o peito da mãe tomar seu alimento.
Porém é claro que durante nosso crescimento como seres humanos, nosso EGO pode se tornar um grande vilão da capacidade que temos de evoluir.
Em outras palavras, o EGO é um mecanismo seletivo que trabalha com “atração” e “repulsão”, ou seja, ele define “eu gosto disso, então quero para perto de mim” ou “eu não gosto disso, então quero longe de mim”.
Contudo há um grande problema nesse mecanismo: ele pode nos tornar ignorantes, ou seja, se eu não gosto de algo, acabo ignorando fatos e informações referentes a isso.
Além disso, a minha visão sobre o mundo acaba se tornando limitada, por isso muitos chamam também de uma visão egoísta, que acaba também por se tornar uma visão deturpada, já que ela não contempla toda a riqueza de informações disponíveis.
Em uma viagem à Índia, tive a oportunidade de conhecer e participar do “Dalai Lama Teaching”, que são três dias de estudos com Dalai Lama em Dharamsala.
Durante suas aulas, ele deu uma explanação fantástica para neutralizar o EGO e abrir a mente para evitar o caminho da ignorância, que, segundo o budismo, também é o caminho do sofrimento. Vou compartilhar esse ensinamento com você neste momento:
Segundo Dalai Lama, se você não gosta de alguém, tende a ver apenas os aspectos negativos sobre aquela pessoa e ignora os positivos, contudo se você gosta de alguém, tende a ver apenas os aspectos positivos e acaba ignorando os negativos.
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Ambas formas de ver são seletivas. No entanto, para neutralizar esse efeito, é importante que exercitemos a nossa mente a ver as qualidades positivas das pessoas de quem não gostamos, ao mesmo tempo em que devemos observar as qualidades negativas das pessoas de quem gostamos.
Essa técnica dada por Dalai Lama é uma resolução de fato que supera a ignorância e a visão limitada, uma vez que nos convida a coletar informações sobre o sujeito, ampliando nossa capacidade de visão e nos dando maior inteligência sobre o assunto.
Da mesma forma, aplicando essa técnica é possível evitar entrar em aspectos extremistas, como o fanatismo ou a incredulidade, que são aspectos da mesma ignorância.
Por outro lado, algumas pessoas que buscam eliminar seu EGO para poder ser um canal da Vontade do Criador de Tudo que É também acabam entrando em certas ciladas da espiritualidade, pois você deixa de questionar se aquela informação é realmente condizente com os seus valores e, por esse caminho em nossa história da humanidade, já temos visto muitas guerras religiosas usando esse intermédio para manipulação das grandes massas.
Nesses anos de estudos sobre a espiritualidade, tenho entendido que é a própria vontade da Mente Criadora de Tudo que É que nos mantenhamos individualizados a fim de aumentar a complexidade da sua própria existência e experiência.
No entanto, mesmo quando conquistamos a ascensão da nossa alma, nós continuamos individualizados do Criador e não desaparecemos, como muitos acreditam. Neste caso, a única diferença é que passamos gradualmente a alinhar as nossas vontades com a Vontade do Universo e, consequentemente, com a da Mente Criadora.
Se as nossas ações estiverem em harmonia e alinhadas com as Vontades do Universo, então estaremos percorrendo uma vida em direção à plenitude e à sabedoria, uma vez que a expressão da energia Criadora se manifesta por uma trindade: Amor, Sabedoria e Poder de Criação.