Especialmente, mas não exclusivamente, às mulheres.
Todas nós já experimentamos a capa da invisibilidade. Capa esta que pode ter sido vestida em nós de maneira forçosa ou nós mesmas nos vestimos devido a coisas que ouvimos, vimos e sentimos.
Essa capa de certa maneira está relacionada ao nosso corpo. Lugar que foi e é social e historicamente construído e moldado.
Corpo calado, silenciado, esculpido e formado pelas experiências e que frequentemente carece de correção.
Pare por um instante e pense sobre o que você já ouviu a respeito do seu corpo. Você pode fazer essa busca lá atrás, na sua infância, quando muito provavelmente foi sugestionado que você se sentasse com as “pernas fechadas”; um pouco mais para frente, que você “se preservasse”, e isso significava que tipo de roupas não deveriam ser usadas.
Falar e rir alto e gesticular demais não são os tipos de comportamento esperados de uma “boa menina”, esse adjetivo tão recorrente quando normalmente atendemos as expectativas daqueles que nos rodeiam.
E, assim, fomos nos moldando e nos comportando seguindo aquilo que nos foi ditado externamente.
Essa capa que aparentemente seria para nos proteger, nos afastar dos olhares desejosos sobre nossos corpos, nos preservar, de certa forma nos impede, também, de existir.
Ainda hoje, mesmo diante de um despertar para muitas das questões que atravessam nossos corpos, essa capa da invisibilidade vem sendo constantemente reforçada pelos tantos procedimentos estéticos que nos são ofertados como soluções para nos transformarmos nas nossas “melhores versões”.
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Uma insidiosa e violenta mensagem de que seremos melhores e mais felizes quando deixarmos de ser quem somos. Insustentável! Não podemos existir nos nossos próprios corpos.
Deixo o convite de nos questionarmos a respeito dessas tantas imposições que nos são feitas e que vêm acontecendo cada vez mais cedo, para que, por meio disso, possamos romper com a ideia de um corpo-padrão que exclui outros modos de ser.
Sinto também que, ao nos referirmos ao corpo, o mais adequado seria o uso plural: “corpos”, que abrange a pluralidade das existências, caminho que nos permite reconhecer o corpo como sendo um lugar confiável e confortável para ser e estar, um lugar onde eu posso verdadeiramente habitar e a partir do qual eu posso existir.