Você provavelmente conhece uma escritora estrangeira, atrizes estrangeiras, cantoras estrangeiras… É normal, já que consumimos tanta cultura norte-americana e europeia. Mas o lado triste disso é que deixamos de conhecer a diversidade e a beleza da arte nacional.
Você já leu alguma escritora brasileira? É possível que não, mesmo que você seja um leitor voraz. Para resolver essa situação, preparamos uma lista com 6 das maiores escritoras da nossa história para que você mergulhe na literatura brasileira feita por mulheres. Confira!
Qual você quer conhecer?
Clarice Lispector
Nascida na Ucrânia, mas considerada (até por si mesma) brasileira, Clarice Lispector (1920-1977) é um dos maiores nomes da nossa literatura — e não um dos maiores nomes femininos, porque ela está no topo inclusive se misturarmos no “ranking” os homens.
Além de ter escrito romances, Clarice foi jornalista e entrevistou muitas personalidades brasileiras, como Chico Buarque, Jorge Amado e Elis Regina, e foi cronista e colunista de alguns jornais em sua vida.
Seu livro mais conhecido, leitura essencial para qualquer amante de literatura, é “A Hora da Estrela”, mas também vale a pena conferir os contos de “Laços de Família” ou o romance “A Paixão segundo G.H.”.
Lygia Fagundes Telles
Vencedora de quatro edições do Prêmio Jabuti, o maior prêmio de literatura do Brasil, Lygia Fagundes Telles (nascida em 1923) é apelidada como a Dama da Literatura Brasileira. Considerada uma das maiores e mais importantes escritoras do nosso país, Lygia escreveu bastante sobre morte, amor, medo e loucura, algumas vezes usando a fantasia.
Tendo como mestre no início de sua carreira ninguém menos do que Carlos Drummond de Andrade, Lygia sempre defendeu liberdade irrestrita para as mulheres, mesmo durante os anos 1960 e 1970, quando vivíamos sob uma ditadura na qual esse tipo de discurso poderia trazer consequências.
Seus principais romances são “Ciranda de Pedra”, “Antes do Baile Verde” e “As Meninas”, mas é quase unanimidade que sua obra vale a pena ser lida por completo.
Hilda Hilst
Hilda Hilst (1930-2004) é considerada por muitos a mais cult entre as escritoras brasileiras mais reconhecidas, visto que foi “redescoberta” recentemente por gerações mais jovens, que veem nela um expoente de vários temas dos quais a nossa literatura seria carente.
Entre esses temas estão insanidade, misticismo, erotismo e libertação sexual, especialmente a feminina. É uma das escritoras brasileiras que melhor usaram uma técnica chamada fluxo de consciência, em que acompanhamos os pensamentos de um personagem como se estivesse acontecendo em tempo real.
Se você quer dar seus primeiros passos na literatura de Hilda Hilst, bons pontos de partida são os romances “A Obscena Senhora D” e “Rútilo Nada”, bem como o livro de poesia “Cantares de Perda e Predileção”.
Zélia Gattai
Conhecida por muitos apenas por ter sido esposa do escrito baiano Jorge Amado, com quem foi casada por 50 anos, Zélia Gattai (1916-2008) não se tornou membro da Academia Brasileira de Letras à toa. Além de escritora, ela foi fotógrafa e memorialista, responsável por documentar a vida de seu marido.
Socialista e filha de imigrantes italianos, Zélia era leitora do trabalho de Jorge, que conheceu em movimentos a favor da anistia de presos políticos durante a ditatura do Estado Novo, em 1945. Ela se tornou revisora e responsável por passar a limpo os manuscritos do marido, mas pouco a pouco tomou gosto pela escrita.
Além de seus nove livros de memórias, incluindo o mais famoso deles, “Anarquistas, Graças a Deus”, publicou três livros infantis, uma fotobiografia de Jorge Amado e um romance, “Crônica de uma Namorada”.
Carolina de Jesus
A mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é considerada uma das maiores escritoras da história do nosso país e foi uma das primeiras mulheres negras a ganhar projeção nacional por meio da escrita.
Sua história é única. Moradora da favela do Canindé, na Zona Norte de São Paulo, ela registrava sua rotina de mãe de 3 filhos e catadora de papelão em diários, quando foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que viabilizou a publicação desses escritos no livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”.
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Traduzida para quatorze idiomas, virou um símbolo da diversidade da nossa literatura e da força da escrita marginal, que acontece fora dos círculos burgueses dos escritores tradicionais, quase sempre formados em ensino superior.
Djamila Ribeiro
A paulista Djamila Ribeiro (nascida em 1980) é um dos maiores nomes feministas e antirracistas do Brasil. Mestre em Filosofia Política pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), tornou-se conhecida como ativista online, antes de ser publicada em livros.
Dois de seus livros, “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?” (2018) e “Pequeno Manual Antirracista” (2019) figuraram na lista de mais vendidos do ano em nosso país. Sua voz se tornou uma das mais importantes nas lutas por respeito e direito das mulheres e dos negros.
Estas são apenas algumas das maiores escritoras brasileiras da nossa História. Seria possível citar muitas mais, mas temos aqui um ponto de partida para você conhecer a arte da escrita das mulheres do nosso país.