Doenças Mentais

Síndrome de Estocolmo: o que é e como tratá-la?

Ilustração de uma menina com o olho machucado e corações desenhados em volta dela.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Sofrer algum tipo de violência, independentemente da ordem ou do tempo que ela dura, pode causar sequelas e danos incomensuráveis à vítima. Entre esses males e consequências, há um distúrbio não tão conhecido, mas que, às vezes, é referenciado na cultura popular, denominado Síndrome de Estocolmo.

Essa condição pauta-se na relação entre a vítima e o seu agressor e pode ser ocasionada por agressões físicas e/ou psicológicas. O que, porém, ela é precisamente e como ela se manifesta? Quais são os seus sinais e o que causa? Como lidar com esse problema? Será que tem cura? Responda a todas essas perguntas aprofundando-se no assunto com o presente artigo.

Como funciona a Síndrome de Estocolmo?

Em suma, essa síndrome é um fenômeno psicológico que faz com que a vítima de algum tipo de violência desenvolva afeto e/ou empatia pelo seu agressor. Quem sofre desse mal é um indivíduo que passou por situações de abuso e que, ainda assim, defende o seu abusador.

As pessoas que desenvolvem a Síndrome de Estocolmo costumam apresentar sintomas como confusão mental, agressividade, sentimentos de culpa, dependência do agressor e timidez. Além disso, quem desenvolve esse distúrbio pode também vir a desenvolver transtornos como depressão e ansiedade.

O que causa a Síndrome de Estocolmo?

Diante de situações de extrema tensão, como no caso de sequestros, cárcere privado ou abusos sexuais, o subconsciente humano pode fazer com que a vítima estabeleça uma conexão emocional com o agressor com o objetivo de preservar a vida. Isso é, de certa forma, um mecanismo de defesa do cérebro para que a vítima enfrente a situação com outro olhar sobre ela.

Como surgiu a Síndrome de Estocolmo?

O crime que deu origem aos estudos a respeito do distúrbio e cunhou o termo “Síndrome de Estocolmo” foi um assalto ao banco no ano de 1973 na capital Estocolmo, na Suécia. No episódio, os assaltantes fizeram quatro reféns durante o roubo. Depois de seis dias, as vítimas foram libertas e se recusaram a testemunhar o crime, posicionando-se em defesa de seus próprios sequestradores.

Isso porque, segundo os reféns, eles haviam sido bem tratados pelos criminosos, mesmo diante das ameaças e das agressões sofridas. As quatro vítimas disseram também que sentiram mais medo da polícia do que dos sequestradores.

A partir disso, então, o psiquiatra e o criminologista Nils Bejerot estudou o caso e o definiu como “Síndrome de Estocolmo”, que passou a ser difundido pela mídia.

Como identificar a Síndrome de Estocolmo?

Apesar de o transtorno não ter sintomas comprovados cientificamente, é possível identificar uma vítima de Síndrome de Estocolmo pela observação atenta do comportamento dela após um evento traumático sofrido.

Quando a pessoa se encontra em uma situação de estresse e tensão, podem ser notados sentimentos negativos pela polícia, pelas autoridades ou outras pessoas que estejam ajudando a vítima e condenando o agressor; dificuldade da vítima em dar testemunho ou posicionar-se contra o agressor; desenvolvimento de sentimentos positivos pelo agressor e elaborações que diminuam a própria violência sofrida.

Apaixonar-se pelo sequestrador é Síndrome de Estocolmo?

Quando a vítima desenvolve sentimentos positivos pelo seu agressor após a violência sofrida, caracteriza-se como Síndrome de Estocolmo. Há casos em que essa relação pode ser apenas o desenvolvimento de uma certa empatia pelo agressor, mas há também situações em que a pessoa realmente cria um vínculo e é capaz de se apaixonar por ele.

Como enfrentar essa condição?

O primeiro passo para enfrentar a Síndrome de Estocolmo é identificá-la, o que requer uma observação atenta de alguém próximo em relação a uma possível vítima, já que a vítima de uma situação como essa não é capaz de reconhecer o distúrbio por si mesma.

Uma vez reconhecida, essa síndrome deve ser tratada com cautela, sob a tutela de profissionais da psicologia e da psiquiatria. É importante que a todo o tempo a vítima seja amparada pelos amigos e familiares e que jamais seja julgada ou questionada sobre seus sentimentos em relação ao abusador, porque isso pode ser um gatilho para ela.

Existe cura para a Síndrome de Estocolmo?

Como a maioria dos transtornos mentais, a Síndrome de Estocolmo não tem cura precisa, mas, sim, requer um tratamento cauteloso e engajado.

Como é o tratamento da Síndrome de Estocolmo?

Como não há precisão sobre os sintomas e os comportamentos da vítima da Síndrome de Estocolmo, as estratégias de tratamento variam muito de paciente para paciente. De qualquer modo, a psicoterapia é uma grande aliada a esse cuidado, tanto quanto o amparo de familiares e amigos da vítima. O acompanhamento com médicos psiquiatras e a medicação também podem ser necessários.

Como ajudar alguém que tem Síndrome de Estocolmo?

Em primeiro lugar, para amparar uma vítima que sofre dessa síndrome, é necessário deixar todo tipo de julgamento de lado e jamais questionar de forma pejorativa os sentimentos da pessoa em relação a seu agressor. É importante entender que o indivíduo que sofre com isso nutre dentro de si muita confusão mental e fortes sentimentos de culpa, sem conseguir racionalizar e entender o porquê de tudo isso.

É de suma necessidade também saber que não é apenas com conselhos de amigos e com abraços que a Síndrome de Estocolmo será tratada e curada, pois quem o tem precisa de acompanhamento de profissionais, como psicólogos e médicos, o que é um processo que pode demandar bastante tempo e, sobretudo, paciência.

Sendo um fenômeno psicológico que rende bastante assunto, a Síndrome de Estocolmo já foi tema de muitas produções da indústria do entretenimento. Em filmes, séries, livros e obras artísticas diversas, é possível acompanhar esse curioso transtorno.

Desde o famoso conto de fadas “A Bela e a Fera”, a Síndrome é discutida, já que a princesa Bela se apaixona pelo monstro que a raptou. Vê-se um caso desses também na série “La Casa de Papel”, da Netflix, em que o casal Mónica Gaztambide e Denver é fruto de um sequestro, do qual a primeira personagem apaixonou-se pelo segundo, que era seu agressor.

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Outra obra que se desdobra sobre essa temática é o filme “Um Dia de Cão”, estrelado pelo brilhante Al Pacino, em que um ladrão assalta um banco de Nova York e é fortemente apoiado pela população da cidade, enquanto a polícia é julgada e contrariada a todo tempo a respeito do crime.

No filme japonês “Cega Obsessão”, de 1969, um caso do mesmo tipo é retratado. Nesse longa de Yasuzo Masumura, uma modelo é aprisionada por um escultor que é obcecado por ela e, durante o cárcere, os dois acabam vivendo uma alucinada e sadomasoquista relação de intimidade e afetos.

É fácil notar que a Síndrome de Estocolmo é um assunto complexo, tanto que nem mesmo os próprios profissionais das áreas da saúde e da psicologia ainda o desvenderam por completo. Apesar de ser um conteúdo interessante para consumir em filmes e séries, é importante jamais romantizar um distúrbio como esse e lembrar-se de todas as problemáticas que estão envolvidas nele. Por isso esteja sempre atento e se informe!

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