“Euphoria” é uma série disponível no HBO Max que conquistou o público mundial. Desde o lançamento da segunda temporada, em 2022, a produção se tornou a mais vista da plataforma na América Latina.
Desenvolvida por Sam Levinson, “Euphoria” aborda a adolescência de um grupo de jovens de uma mesma escola. No enredo, acompanhamos o desenvolvimento de cada um, com temas que incluem identidade, relacionamentos, saúde mental e dependência química.
Protagonizada por Zendaya, que vive a jovem Rue, a série trouxe um Emmy de melhor atriz em série dramática para a atriz em 2020. Mas também são notáveis as atuações de Hunter Schafer como Jules, de Jacob Elordi como Nate e de Sydney Sweeney como Cassie.
No entanto “Euphoria” não é comentada apenas por apresentar atores e atrizes totalmente entregues aos personagens que interpretam. Na verdade, a série é considerada polêmica por ter cenas de nudez, de sexo e de consumo de drogas. Será que esse tipo de conteúdo promove alguma reflexão? Reflita sobre as questões que tocam a geração Z a seguir!
Direto ao ponto
Geração Z
A geração Z, que é o foco de “Euphoria”, compreende as pessoas que nasceram entre o final dos anos 1990 e o ano 2010. Elas são conhecidas como “nativas digitais”, porque cresceram em um mundo repleto de inovações tecnológicas, com fácil acesso à internet.
Na obra, observamos que todos os adolescentes sempre estão com os celulares nas mãos, utilizando-os para conversar entre si, para marcar encontros e para se fotografar e se filmar em diversas situações.
Outra característica da geração Z é que esses indivíduos têm um autoconhecimento da própria identidade bem desenvolvido e não estão presos às regras da tradição. Por esse motivo, eles são mais livres em relação a quem são e a quem amam.
Um exemplo disso é a história da personagem Jules, que é uma mulher trans. Ainda que ela sofra na mão de alguns homens, a jovem encontra acolhimento, carinho e amor no grupo de amigas, e até começa um relacionamento amoroso com Rue, que está descobrindo sua sexualidade aos poucos.
Ao mesmo tempo, um tema frequente na série é a saúde mental dos jovens, que é amplamente abordada pela geração Z. Se antes era difícil falar abertamente sobre as próprias dores, em “Euphoria” acompanhamos os traumas dos personagens e a maneira como eles lidam com isso.
Kat, por exemplo, é uma adolescente gorda que sofre com a pressão estética e desenvolve uma maneira nada tradicional de se amar. Por outro lado, Nate é um jovem que sofre com a vida dupla que o pai leva e desconta as próprias frustrações por meio da agressividade com as namoradas.
Entretanto quem recebe mais destaque nesse assunto é a protagonista de “Euphoria”, Rue. Sendo um símbolo da relação entre problemas na saúde mental e consumo de drogas, ela é uma oportunidade de reflexão para a geração Z. Aprofunde-se nesse aspecto no próximo tópico.
Saúde mental e consumo de drogas
Ainda quando era criança, Rue foi levada para um terapeuta, depois de apresentar alguns comportamentos incomuns. Então ela recebeu o diagnóstico de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), ADD (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade), ansiedade e bipolaridade.
Mesmo recebendo os tratamentos adequados, Rue passou por uma experiência que mudaria a saúde mental dela para sempre, aos 13 anos. O pai da jovem, Robert, descobriu que tinha câncer. Em desespero, Rue sofreu um ataque de pânico e foi acalmada pelos médicos com um remédio calmante e viciante.
Desde esse período, a garota começou a buscar nas drogas um conforto para a dor que sentia. Ela era a principal cuidadora de Robert, porque a mãe de Rue, Leslie, trabalhava demais. Então Rue pegava alguns dos remédios do pai para aliviar o peso da responsabilidade que tinha e para anestesiar os sentimentos ruins.
Evidentemente, a situação se agravou com a morte de Robert, quando Rue tinha 14 anos. Sem conseguir lidar com a ausência do pai e com uma relação de distanciamento com a mãe, a adolescente só conseguia se sentir bem e feliz quando entrava em um novo estado de consciência após o uso de drogas.
Ou seja, a dependência química de Rue não começou porque ela era uma jovem rebelde, que queria se divertir com uma experiência nova. Em vez disso, a jovem estava em um sofrimento profundo por ter a saúde mental comprometida desde cedo, por ter que enfrentar a morte do pai e por viver as transformações da puberdade, tudo ao mesmo tempo.
Esta abordagem de “Euphoria” é uma quebra de paradigma. Em geral, as séries que abordam o consumo de drogas na adolescência retratam os jovens como pessoas irresponsáveis, inconsequentes, que só querem aproveitar a vida. Afinal, que tipo de problemas sérios eles poderiam ter, se não têm contas para pagar?
Porém a realidade é que muitos dos traumas que nos acompanham durante a “adultice” começam nessa fase, e “Euphoria” evidencia isso. A partir da experiência de Rue, identificamos que os jovens precisam de atenção, de cuidado e de acolhimento, porque estão enfrentando as próprias batalhas o tempo todo.
Quando os adolescentes não conseguem lidar com todas as expectativas e com toda a pressão em cima deles, podem seguir um caminho recompensador a curto prazo e desastroso a longo prazo. Um cenário como esse mostra que as questões que envolvem a saúde mental não são frescuras ou algo que melhora com o tempo, sem um auxílio profissional.
Apesar disso, observamos que os momentos nos quais Rue apresenta alguns sinais de recuperação são quando ela consegue comunicar a dor que sente, quando se sente ouvida pela família, quando se compromete com o tratamento adequado e quando é abraçada pelos amigos.
Dessa maneira, a série mostra que combater o consumo de drogas atrelado aos problemas na saúde mental na juventude é preciso união e compreensão. É preciso se comunicar com os jovens, validar as dores deles e buscar caminhos seguros e saudáveis para que eles se libertem dos ciclos de sofrimento nos quais estão, como o público torce para que aconteça com Rue.
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Com base nas informações apresentadas, compreendemos que “Euphoria” é uma série que aborda de maneira inovadora a geração Z e os problemas que ela enfrenta. Debatendo a relação entre saúde mental e consumo de drogas, a obra assume um papel social primordial para os espectadores que a acompanham.