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Intuição: o que é, como funciona e como se conectar com a sua?

Uma fotografia de uma cabeça feminino completamente sombreada. Através dela, o sol.
Max4e Photo / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Você já teve certeza de alguma coisa, ainda que ninguém tenha te dito nada sobre o assunto? Como não gostar do namorado de uma amiga mesmo que ela nunca tenha reclamado dele para você, ou mesmo sentir que algo vai dar certo ou errado antes mesmo de acontecer? Pois é, isso é a intuição falando alto.

No entanto nem a ciência sabe exatamente como ela funciona, ainda que ela seja um elemento decisivo na hora de fazer escolhas para muita gente. E por não haver uma explicação na comunidade científica, há quem acredite que a intuição aguçada tem relações com o paranormal ou a espiritualidade.

Entenda mais sobre a intuição, o que é, como funciona e outros tópicos relacionados neste artigo.

O que é intuição?

Em sua definição etimológica, o significado de intuição é algo como “olhar para dentro”, “ver/contemplar interiormente”.

De acordo com a psicologia, a intuição é uma forma de conhecimento inconsciente que faz com que possamos tomar atitudes de forma mais rápida. Por não ser um fenômeno da mente consciente, ainda é um mistério para a ciência, mas a hipótese mais aceita é a de que nosso cérebro registra várias informações do passado e nos permite acessar fracassos e sucessos anteriores para ajudar a tomar decisões mais rápidas no presente.

Uma peça de quebra-cabeça que carrega o termo "intuição" em inglês. Esta peça está sobreposta ao quebra-cabeça.
TheaDesign de Getty Images / Canva

Alvo de estudo e curiosidade de várias pessoas notórias na história da humanidade, uma delas foi Carl Jung, psicólogo que já dizia: “Cada um de nós tem a sabedoria e o conhecimento que necessita em seu próprio interior.”

Em algumas práticas religiosas, a intuição é considerada uma manifestação do Divino em nós, por isso transcende a razão. Mas, de maneira geral, a espiritualidade (que não se resume a uma religião ou uma prática religiosa) nos ajuda a conectar nosso mundo interior ao exterior, podendo nos conectar a uma inteligência superior.

De onde vem e como funciona a intuição?

Como dito anteriormente, não há consenso na ciência, mas a maior parte das linhas de pesquisa discorre sobre as memórias de experiências anteriores e o fato de a mente humana buscar padrões. Assim, quando é preciso tomar uma decisão sobre dinheiro, por exemplo, pessoas que já passaram por momentos parecidos têm mais intuição sobre esse tipo de decisão do que as pessoas que enfrentam algum dilema pela primeira vez.

Quem esteve exposto a várias situações, permite que o cérebro registre maior quantidade de informações e tente encontrar padrões com os acontecimentos do agora para fornecer respostas mais rápidas.

É por isso que em alguma situação você já se pegou pensando que foi “reflexo” agir ou decidir tal coisa, porque você já passou por algum tipo de situação semelhante (pelo menos, para o seu cérebro), que fez com que você tivesse certeza de alguma coisa ainda que não saiba o porquê dessa certeza.

Dessa forma, por mais que a situação seja inédita, o cérebro oferece uma série de conhecimentos e experiências anteriores para te ajudar a fazer uma decisão. Confiar ou não é outra história.

Qual é a importância da intuição?

Fornecendo respostas automáticas, a intuição diminui a carga cognitiva e permite ações mais certeiras a eventos com os quais já estamos acostumados ou a algum padrão.

Um homem apresentando um semblante reflexivo.
Syda Productions / Canva

Mas “pensar menos” é uma vantagem? Claro que tudo depende do caso, mas na maior parte das escolhas do dia a dia, escolher de forma automática poupa muito tempo. Imagine todos os dias ter que pensar qual roupa vestir e qual não vestir. O que comer e o que evitar, qual caminho seguir e explicar por que não seguir o outro. Ir ao banheiro agora ou daqui a quinze minutos?

A intuição diminui o tempo de decisão e otimiza a produtividade. E, assim como o instinto, ela existe para nos manter vivos.

Seguir a intuição é o oposto de ser racional?

O senso comum nos leva a acreditar que seguir a intuição é não ser racional — e ninguém quer ser chamado de irracional —, o que leva muitas pessoas a ignorarem a intuição e a seguirem apenas o raciocínio analítico.

No entanto uma forma de pensar não anula a outra, porque elas não são opostos, mas duas formas de pensamento que podem ocorrer ao mesmo tempo.

Isso porque a intuição é a resposta rápida e automática do subconsciente, enquanto o raciocínio analítico é lento, ponderado e lógico.

Porém, em situações inéditas, em que uma pessoa precisa tomar uma decisão literalmente do zero, o cérebro traz as duas análises. Na verdade, o cérebro humano é capaz de sempre levar as duas correntes de pensamento o tempo inteiro, mas o lado da intuição domina para que ele não precise ficar dando duas opções e levando tempo para tomada de decisões a todo momento.

Com a ideia de que devemos ser pessoas racionais e analíticas, discurso que veio com a ciência, que neste caso, sim, precisa ter um discurso analítico, não com base em impressões e achismos inexplicáveis, a intuição passou a ser desvalorizada. No cotidiano, porém, usar a intuição é usar atalhos e poupar tempo.

A intuição feminina

A intuição não é uma característica apenas feminina, mas presente em todas as pessoas, porém comumente ouvimos falar do “sexto sentido” feminino. Teria isso relação com a intuição?

Uma pesquisa feita no Reino Unido revelou que mulheres dizem ter intuição mais aguçada, mas em um teste para detectar sorrisos falsos, foram piores do que os homens. No entanto a pesquisa foi realizada de forma online e por meio de fotos, o que não revela muito sobre intuição.

Uma mulher apresentando um semblante reflexivo. Ela coloca seu dedo indicador direito sobre os lábios.
DAPA Images / Canva

Outras linhas de pesquisa revelam que sim, mulheres têm melhor intuição, por isso o sexto sentido. Nesta segunda linha de pesquisa, cientistas descobriram que mulheres têm mais impulsos nervosos no canal que liga os dois hemisférios do cérebro (chamado de corpo caloso), o que faz com que elas registrem e resgatem mais informações. Assim, quanto mais informações registradas, mais rápida e menos suscetível ao erro é a resposta.

Ademais, mulheres têm inteligência interpessoal em níveis acima dos homens, então são capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, o que permite que o “modo automático” assuma o controle em algumas atividades, então respostas mais velozes sejam dadas.

Como ouvir a minha intuição?

Se você é uma dessas pessoas que desvalorizava a intuição porque achava que ser racional 100% do tempo era a melhor escolha e tentou anular a voz da intuição, saiba que não existe perda total da intuição por falta de uso.

O que acontece é que às vezes nos acostumamos a não acreditar na intuição. Isso se dá por vários motivos, desde falhas da intuição no passado, falta de confiança em nós mesmos ou medo do fracasso. Pessoas com baixa autoestima também costumam desacreditar em si mesmas, em seus sentimentos e em sua intuição, por desvalorizarem tudo o que é próprio. Por isso a melhor forma de desenvolver uma intuição melhor é trabalhar com a autoestima, desenvolvendo-a e ganhando autoconfiança. Até porque, como já citado, pessoas com mais experiência de vida têm melhor intuição — e pessoas com baixa autoestima evitam vivenciar experiências distintas. Ou seja, é fato que a intuição está ligada ao otimismo e à confiança.

Ademais, mesmo que a intuição tenha falhado no passado, é preciso superar o ocorrido. Nunca mais confiar na intuição por causa de um erro no passado causa um dano não só na intuição, mas na autoestima, acarretando vários outros problemas.

Exercite sua intuição em escolhas do cotidiano que não trazem riscos e prejuízos caso a escolha não seja a certa. Vivenciar é ter bagagem para escolher melhor no futuro.

Assim, quando você tiver que fazer uma escolha difícil, daquelas que requerem um bom tempo para pensar, reflita. Não precisa literalmente fechar os olhos e fazer o que o coração mandar, mas ouça o que ele tem a dizer e compare com o seu lado racional. Ainda que por vezes você não escolha a intuição, ouvi-la é sempre válido porque é importante dar voz às suas próprias impressões, por mais “bobas” que elas possam parecer.

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Por fim, mesmo sendo um mistério para a ciência, a intuição está presente em nosso subconsciente. Ela nos ajuda a poupar tempo e trazer respostas rápidas, de reflexo. Para a espiritualidade, ela é a comunicação entre nós e o divino. Para a psicologia, conhecimentos e impressões registradas sem consciência. Seja como for, ela veio para nos ajudar.

Em situações mais comuns, a intuição não costuma falhar porque reúne situações semelhantes do passado e traz uma resposta que já funcionou, mas em novas situações, a intuição pode falhar. No entanto, ouvir a intuição não é anular o pensamento analítico — e vice-versa.

Por isso, por mais que o lado racional pese em situações inéditas, é importante entender o que sua intuição tem a dizer e saber separar medos e desejos do que é realmente a intuição.

Saber escolher o que é melhor para você é a melhor opção sempre. Independentemente de ser a “voz da razão” ou a “voz do coração”, o importante é fazer o que deve ser feito da melhor forma possível e com confiança, sempre respeitando seus propósitos e sentimentos.

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