“Não é aqui, uma questão de se fechar por motivos óbvios como dos tipos: injustiça, traição, depressão ou timidez. É algo mais profundo.”
Quero aqui, neste artigo, falar da realidade de muitas vidas que vivem exatamente assim: fechadas para visitação.
Infelizmente somos bem vistos ou aceitos dentro do reduto das regras e leis estabelecidas pelas específicas ramificações estruturais, enquanto estivermos servindo conforme o regulamento. Humanismo zero, fator que prova o quão distante estamos da ideia de amor ao próximo, quando viramos as costas a quem um dia esteve lado a lado.
A pessoa se fechou para a vida por ter sido desprezada em virtude algum fator. Independentemente do motivo do desligamento, o problema está na falta de humanismo, do diálogo, do abraço, do conselho, do ouvir.
Quantas não são as pessoas que se sentem inferiorizadas por terem sido descartadas? A sensação não é de injustiça, nem de desprezo. Ocorre por dentro uma série de fenômenos complexos e difíceis, em que a pessoa sabe que teve motivos que fizeram com que ocorresse um tipo de situação que ela não conseguiu evitar. E, nesse momento, ela não procura justificar ou se sentir vítima, ela apenas quer conversar, ser ouvida para depois escutar.
O problema é que eles falam sem escutar e dão a sentença; depois demonizam suas atitudes em grupos ou com pessoas em particular. Isso acontece com frequência em empresas, instituições religiosas, políticas ou culturais.
Quem não é apto para ouvir, só quer julgar, faz uma verdadeira maldade com seu próximo.
A pessoa se fechou, não sorri com frequência, está sempre com a expressão séria, semblante distante daqui. Ela se encontra muito atenta aos movimentos a sua volta e passa a desconfiar de todos. Trauma que poderá ser levado para o resto da vida. Obviamente que muitos procuram psicólogos, terapeutas, religiões, entre outros, para tentarem se sentir vivos em meio ao apontamento ou julgamento das pessoas que não sabem a verdadeira história e julgam por terem informações soltas. E nenhuma dessas pessoas aparece para dar um abraço, ou se sentar para conversar.
O isolamento, nesses casos, não é necessariamente por depressão, e sim pela sensação de abandono ou rejeição sem justificativa que tenha, ao menos, um diálogo sério e de horas tratadas para se chegar em um tipo de decisão justa. O erro não terá justificativa, pois a lei da natureza das coisas é esta: errou, vai colher os frutos do erro. Como dito, o problema não está em punir, ou cortar relações, ou se desligar da instituição. O problema estará sempre na falta do diálogo que busca compreender o tempo, a história verdadeira, motivos do erro, e na falta de acolhimento, no sentido de ajudar na recuperação dessa penalidade.
Nossa sociedade é atrasada demais no sentido de ver o outro com um olhar de compaixão, em que não venha existir só a punição, mas também o acolher, abraçar e querer ajudar na evolução a partir da queda. Precisamos rever nossa forma de julgar, em como olhamos para quem erra.
Claro, cada caso é um caso. Assim sendo, não esperamos menos do que a justiça. Por exemplo: quem comete um crime – como roubo –, causa violência deve ser punido severamente pela justiça. E, no sentido de humanismo, existem diversos tipos de estruturas que cuidam dos direitos humanos, até mesmo religiosos que fazem trabalhos em presídios. Mas o fato é que, cometeu crime, terá que pagar com anos na cadeia.
O caso aqui, se você percebeu, é em relação ao modo como julgamos, damos sentença sem humanismo, para casos específicos. Você deve conhecer pessoas que se fecharam para o mundo após sofrerem uma experiência de rompimento. Precisamos ter um olhar atento e uma consciência desenvolvida no sentido de ajudar.
Ela, somente ela, poderá falar a verdade dos fatos. Isto é, somente quem sofre os fenômenos e efeitos em si da própria rejeição, sabe de verdade que houve para que acontecesse o que aconteceu. Se formos ler os pensamentos de Freud, ou até mesmo livros que tratam da neurociência que trabalha o cérebro, comportamento humano e suas tomadas de decisão, a própria Psicologia, teremos respostas técnicas talvez, porém somente do ato que resultou naquilo que se tornou a pessoa. No entanto, toda a intenção de conhecer a verdade dos fatos só pode ser compreendida ou ouvida direto com a pessoa que precisa de ser ouvida, abraçada, acolhida no sentido da compaixão, do humanismo.
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Enfim, sem delongas, a partir daqui, vamos ter o cuidado de não julgar sem ter tido o domínio dos fatos entre as partes. Ouvir para dialogar sem julgar, apenas direcionar a pessoa, para que ela possa novamente organizar a própria vida a partir do diálogo humanístico de acolhimento. O mundo só propaga guerras, violência e muitas coisas ruins em grande escala ou em grande maioria. Nós, em nosso turno como vida, vamos na contramão, levantar templos à virtude, a fim de melhorar de alguma sorte o nosso mundo. Nesse sentido, faça o bem sem medir ou querer recompensas. Não julgue quem estiver muito isolado, fechado, pois, por trás daquele semblante, existe uma história, uma pessoa que precisa ser ouvida.