Saúde Integral

Lipedema – riscos, diagnóstico e tratamento

Uma mulher apertando uma gordura localizada no flanco direito da sua cintura.
Anamaria Mejia / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Um acúmulo desproporcional de gordura em regiões específicas do corpo. Não desaparece nem com a prática regular de exercícios físicos, nem com dieta, levando a frustrações e uma baixa autoestima. Você sabia que isso pode ser lipedema?

Facilmente confundido com obesidade, o lipedema, ou síndrome gordurosa dolorosa, é uma doença crônica que evolui de maneira progressiva e atinge principalmente o gênero feminino. É desencadeada por desequilíbrios hormonais, comuns da menopausa, gravidez ou devido ao uso de anticoncepcionais.

Além disso, tem um forte caráter hereditário e pode ser agravado com maus hábitos de saúde. A seguir, conheça mais sobre o lipedema, quais são as suas principais características e o que fazer para evitar e tratar essa doença.

O que é lipedema?

O lipedema (“lipo”: gordura; “edema”: inchaço) é uma doença caracterizada pelo acúmulo de gordura em uma região específica do corpo, geralmente afetando pernas, tornozelos, quadris, nádegas e joelhos. Esses membros ficam aumentados e contrastam com o restante do corpo.

Estudos mostram que 1 em cada 10 mulheres tem a doença no mundo. Só no Brasil, cerca de 5 milhões delas convivem com o problema e não sabem. Isso acontece porque, apesar de não tão raro, o diagnóstico de lipedema nem sempre é feito corretamente, por falta de conhecimento, inclusive da área médica.

Uma mulher apertando, com as suas mãos, uma parcela da sua gordura abdominal frontal.
Andres Ayrton de Pexels / Canva

Além da concentração exacerbada de gordura, outros sintomas típicos são inchaço na pele (que piora quando a pessoa fica em pé durante muito tempo), dores e sensibilidade nos membros afetados, além de sensação de peso e desconforto na região.

Geralmente o médico pode identificar a presença do lipedema por meio do exame clínico e dos sintomas relatados pela paciente que sofre com a doença. Se julgar necessário, o médico pode solicitar também exames complementares.

Somente com o correto diagnóstico é possível seguir com o melhor tratamento, que vai além da prática de exercícios físicos e controle da alimentação, embora essas ações colaborem não somente para o tratamento do lipedema, mas também para a saúde de modo geral.

Principais fatores de risco

Apesar de ser causado por um excesso de tecido adiposo, ou gordura, o lipedema não está associado ao excesso de peso ou à obesidade. Entretanto as razões de essa gordura ficar concentrada em partes específicas do corpo ainda não são totalmente explicadas pela Medicina.

O que se sabe é que as células de gordura dos locais acometidos pela doença têm um receptor hormonal diferente de outras partes do corpo. Além do fator hormonal, a hereditariedade, uma alimentação rica em açúcares e carboidratos e o consumo de bebidas alcoólicas podem agravar a enfermidade.

No geral, as mulheres são as mais afetadas, mas os homens também podem ser diagnosticados com lipedema. Nesses casos, a origem é consequência de uma possível lesão hepática ou durante tratamentos hormonais específicos.

Lipedema: como identificar

O principal indicativo de lipedema é o acúmulo de gordura na região das pernas, glúteos e tornozelos. Em alguns casos, pode afetar também os braços. Esse inchaço acontece de forma simétrica e pode piorar após a mulher ficar algum tempo em pé.

Há ainda outros sintomas, como dificuldade para caminhar em razão da gordura acumulada, presença de nódulos palpáveis na região, dor ao toque ou ao caminhar, dor nas articulações, sensação de pernas pesadas e maior tendência a hematomas.

Por se tratar de um problema multifatorial, é importante a participação de profissionais de diversas áreas, como nutricionistas, endocrinologistas, ginecologistas, angiologistas e cirurgiões. Fora o desconforto físico da doença, muitas pacientes ficam com a saúde mental abalada e podem desenvolver até transtornos alimentares.

Uma mulher de olhos arregalados comendo nachos.
Viktoriia Hnatiuk de Getty Images / Canva

Além do exame físico, a paciente passa por uma análise do seu histórico familiar. São feitos ainda exames complementares para fechar o diagnóstico, tais como tomografia, dosagem de gordura, cintilografia e doppler vascular.

Apesar de ser comum, o lipedema é facilmente confundido com obesidade, mesmo entre os profissionais da saúde. Esse erro pode dificultar o diagnóstico precoce e, consequentemente, o tratamento mais adequado.

Embora o lipedema seja ocasionado pelo acúmulo de tecido adiposo, ele não acontece por causa da ingestão exagerada de alimentos ou pelo sedentarismo. Ao contrário da obesidade, no lipedema o excesso de gordura acontece em regiões específicas do corpo.

Isso pode ser bem visível naqueles casos em que a pessoa, mesmo seguindo uma dieta saudável e praticando atividades físicas, não emagrece na região afetada. Às vezes, é possível observar um tronco mais magro e uma cintura bem fina, enquanto os membros inferiores podem se apresentar bastante volumosos.

Lipedema: como tratar

Por se tratar de uma doença crônica, o lipedema não tem cura, mas tem tratamento. Desde que realizado corretamente, o tratamento reduz a aparência irregular da região acometida, alivia as dores e o desconforto e, consequentemente, ajuda a elevar a autoestima da mulher.

Além disso, o tratamento também diminui os riscos de evolução da doença, principalmente quando associado a uma rotina mais saudável. Primeiramente, é fundamental manter uma dieta equilibrada, sem restrições, porém evitando excessos e aumentos repentinos de peso.

Meias e roupas de compressão reduzem o lipedema e mantêm o quadro estabilizado. As meias, principalmente, devem ser utilizadas diariamente, inclusive durante as práticas esportivas. Além disso, é recomendável evitar roupas e sapatos muito apertados e desconfortáveis em geral.

Massagens terapêuticas com drenagem linfática manual são também eficazes. Após o procedimento, a paciente é orientada a usar roupas de compressão, para intensificar os efeitos e oferecer estabilidade de pressão.

Deitada numa maca, uma mulher. Outra mulher, esta em pé, realiza uma massagem na mulher que está deitada.
OceanProd de Getty Images Pro / Canva

Infelizmente não há medicamentos ou pomadas que curem o lipedema. Por outro lado, já existem procedimentos cirúrgicos que consistem basicamente em aspirar as células gordurosas da região afetada.

Para realizar essa cirurgia, é fundamental que a paciente seja avaliada por um especialista, que vai sanar todas as suas dúvidas, além de definir quantas sessões serão necessárias, de acordo com a gravidade do quadro.

Pensando ainda em como a rejeição ao próprio corpo pode desencadear um quadro depressivo, é importante avaliar a saúde mental da paciente. O acompanhamento psicológico deve ser feito sempre que possível, para que ela consiga seguir uma rotina saudável e amando o seu próprio corpo!

O lipedema é uma doença crônica e erroneamente confundida com a obesidade, atrasando o diagnóstico e atrapalhando o tratamento. Por ter um fator genético bastante forte, é possível que mais de uma mulher tenha essa doença em uma mesma família.

Por isso, é importante ficar atenta quanto a possíveis casos na família e procurar ajuda se identificar algum dos sintomas. Apesar de não ter cura, é possível tratar e controlar a doença junto a um médico especialista, evitando que o quadro se agrave.

Se apenas as suas pernas ou quadris apresentarem um volume aumentado e uma aparência desproporcional em relação ao resto do seu corpo, por mais que você tenha uma alimentação saudável e pratique exercícios físicos, procure um médico clínico geral ou um angiologista e pergunte-lhe sobre o lipedema.

É importante ressaltar que, além das sequelas emocionais da doença, nos estágios mais avançados, o lipedema pode prejudicar os vasos linfáticos, ocasionado retenção de líquido, maior risco de infecções e até a perda dos movimentos, em casos mais graves.

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Por isso, o diagnóstico precoce é essencial! Quanto mais as mulheres conhecerem seus corpos e souberem que nem sempre a gordura localizada é culpa delas, mais chances elas terão de levar uma vida mais saudável e equilibrada.

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