Será que a felicidade, de alguma forma, está ligada ao consumo, seja qual for? Momentos? Ideias? De onde vem? Onde está? E para onde vai essa tal felicidade?
Quanto mais nos questionamos sobre o que é felicidade, talvez mais insatisfeitos ficamos, pois colocamos em formas o papel da felicidade que não cabe a tal. Então nunca está bom o suficiente.
Uma das óticas da felicidade é que não seja um momento, pois esse momento específico é chamado de emoção positiva, logo a felicidade é esse conjunto de emoções positivas.
Agora, como podemos identificar tudo isso? Dentro da Neurociência, identificamos 2 tipos de “Eu”.
Eu experiencial: vive o presente, o instante, e o ápice desse momento presente dura, em média, 3 segundos.
Eu projetivo: aquele que pensa sobre a vida, passado e futuro. Ou seja, histórias – ou as que já foram, ou as que estão por vir. Logo Agostinho de Hipona dizia algo fantástico sobre o que é o presente que vivemos, que, segundo ele, só vivemos no presente.
Sendo assim, existem 3 presentes na ideia de passado, presente e futuro: presente do passado (memória), presente do presente (aqui e agora) e presente do futuro (expectativa). A felicidade também é reconhecer esses três pilares como essência.
A felicidade está na harmonia e sintonia entre o que eu penso e o que eu faço. Essa é a maior coerência existencial.
Nas palavras de Sócrates: “Conheça-te a ti mesmo, uma vida não pensada, não é vivida”.
Um ponto de vista interessante sobre como nos sentimos quando estamos felizes é a ideia da morte, missão cumprida, o melhor que mensurei e que pude atingir – como, por exemplo, quando você realiza algo pelo qual tanto batalhou, aquele momento pode também ser considerado felicidade, pois ele basta.
Ou a ideia mais profunda é que, mais gratificante que a conquista, é poder comemorá-la com quem se ama, causar orgulho e paixão por tal feito, poder transformar uma emoção positiva em felicidade.
Agora, a felicidade também é um exercício. Nosso cérebro precisa ter prática na positividade, como diria Richard Davidson: “Felicidade é uma habilidade que pode ser praticada e cultivada”.
O que é interessante nesse conceito de exercício é imaginar a educação de uma criança. Educar vai além de corrigir suas falhas, envolve poder ajudá-la a manifestar suas forças internas, como na situação em que uma criança tira 7 notas altas e uma baixa: os pais vão pôr na aula de reforço daquela matéria com a qual a criança menos se identifica.
Ou seja, vão fazê-la ficar mais horas, levando-a à dificuldade sem um molde específico de recuperação, em vez de potencializar aquilo em que ela já mostrou uma identidade.
Claro que a ideia de recuperação é importante para o choque de realidade, porque o excesso de felicidade não é saudável.
Barreiras existem, e se preparar para elas é necessário – não se trata de estar pronto e sim preparado, seja um otimista com a realidade que criamos e a que de fato existe ao redor de nós. Afinal, a tristeza nos leva a reflexões que a felicidade não consegue.
“Precisamos aprender a querer o que temos, em vez de buscar ter o que queremos.” – Dalai Lama
Neuroquimicamente, estamos esgotados. E assim, nesse estado de cansaço extremo, estamos apenas sobrevivendo. O córtex pré-frontal é a área do cérebro responsável pela nossa cognição e decisões de longo prazo, e, nesse momento de exaustão, não acessamos com clareza. Sendo assim, quem assume o controle é nosso lado selvagem e sem juízo.
“O planeta está em burnout, e a pandemia é um de seus sintomas.” (Gustavo Arns)
Ser feliz não é o mesmo que ter uma vida sem tristezas; afinal, nada tem sentido até darmos um – uma cadeira não tem sentido até alguém nela se sentar ou decorá-la.
Só pensar sobre a vida não te faz viver sobre ela; só ler tudo sobre felicidade também não te torna feliz.
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É necessário agir. Pensa e faz, isso me deixa feliz.