Comportamento

O pescador e o peixe: quais os limites da ganância?

Imagem preto e branco de um barco isolado no meio da água com um pescador
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

A ganância é um sentimento mesquinho muito presente nos dias atuais. É a incansável busca por bens materiais, posses, luxo, nobreza e, principalmente, dinheiro. Pessoas gananciosas não têm escrúpulos para ganharem e lucrarem mais, elas passam por cima de amigos, familiares e se preocupam apenas com elas mesmas. Mas, afinal, será que existe um limite para a ganância, em que ela pode ser aceitável e não prejudicar ninguém?

Você irá descobrir essa e mais respostas ao longo deste texto. Iremos refletir sobre a ganância por meio do conto de fadas do poeta e escritor russo Alexander Sergeevich Pushkin, “O Pescador e o Peixe”. Confira!

Peixe laranja brilhante nadando no aquario
imso gabriel / Pexels

O pescador e o peixe

Em uma aldeia distante, muito tempo atrás, vivia um pescador e sua esposa, ambos já mais velhos. A vida deles era simples e de extrema pobreza. Certa vez, o homem foi pescar, e sua mulher permaneceu em casa, onde trabalhava como tecelã. Para sua surpresa, ele pescou um peixinho dourado, que falou e implorou para que o soltasse, e ele assim o fez. O peixinho, por sua vez, contou que era o Rei do Oceano e, como retribuição ao pescador, por ter salvado a sua vida, disse-lhe que ele poderia lhe pedir qualquer coisa! O homem agradeceu e afirmou que dele nada precisava, e voltou para a sua humilde casa.

Ao contar o ocorrido para a sua velha mulher, ela esbravejou e disse o quanto ele tinha sido burro em não pedir nada em troca. Então disse para o homem voltar ao mar e pedir ao peixe uma moringa nova, pois a sua estava quebrada. O pescador obedeceu, e o peixe atendeu o pedido do homem. Porém a mulher continuava infeliz, e, a cada desejo atendido pelo peixe, sua infelicidade e insatisfação permaneciam.

Peão com coroa de rei no meio do tabuleiro de xadrez e em meio a outros peões pequenos
Foto de Pixabay / Pexels

A ganância colocou tudo a perder

Os dias passavam, e a lista de desejos, que parecia não ter fim, tornava-se cada vez mais ambiciosa. No lugar da velha casa, agora existia um belo palácio, a mulher se tornou nobre e vivia rodeada de servos que a mimavam o tempo inteiro. Seu marido, o pobre pescador, não desfrutava a riqueza e continuava trabalhando todos os dias. E, por ordem de sua esposa, dormia nos estábulos. Quando o homem tinha certeza de que a mulher já havia conquistado tudo aquilo que desejava, ela o chamou novamente e ordenou que ele fosse até o peixe com o seu último grande pedido: que ele a tornasse Imperatriz de toda a terra e também do mar, e que, daquele dia em diante, o peixe passasse a servi-la.

O homem ficou apavorado, mas, sem protestar, foi ao mar novamente. Chamou o peixe dourado diversas vezes, até que ele apareceu. Então o velho, muito envergonhado, contou o que sua mulher desejava daquela vez. O peixe nada lhe respondeu, apenas virou-se e foi embora. O pescador esperou por um bom tempo, mas o peixe não voltou. Ao retornar para casa, com espanto ele vê que, no lugar do belíssimo palácio, estava de volta a simples casinha caindo aos pedaços. E sua velha esposa, agora estava sem nada do que havia conquistado, tecendo humildemente ao lado de sua moringa quebrada. No fim das contas, tudo que ela havia desejado, tinha recebido, mas a sua ganância colocou tudo a perder.

Círculo vicioso

Podemos observar que a mulher, apesar de ter conquistado tudo aquilo que desejou, em nenhum momento ficou satisfeita, e muito menos demonstrou qualquer gratidão. A cada novo desejo, tornava-se mais gananciosa e não valorizava o que já possuía. A mulher também passou a maltratar cada vez mais o seu marido, apegando-se apenas a bens materiais. E assim, a situação toda se tornou um círculo vicioso: em que, quanto mais a mulher tinha, mais ela queria; e, ao não estar satisfeita com nada, o que possuía não era valorizado.

A ganância nos dias atuais

E se essa história retratasse os tempos modernos em que vivemos? Com certeza, notaríamos muitas similaridades com a nossa vida e dia a dia. Afinal, somos instigados, a todo momento, a sermos melhores, o que constantemente significa sermos mais ricos. O dinheiro é erroneamente associado ao valor do indivíduo, e assim acabamos por persegui-lo gananciosamente e nos afastamos cada vez mais dos nossos princípios e essência.

Infelizmente o círculo vicioso acontece todos os dias. Não é raro ouvirmos de pessoas mais velhas ou multibilionárias que não é o dinheiro que realmente importa. Mas, por muitas vezes, ignoramos esses sábios conselhos e continuamos presos no ciclo da ganância, almejando o carro do ano, a promoção no trabalho, a viagem para o exterior e bens supérfluos. Ao mesmo tempo, esquecemos de agradecer pelas riquezas que já possuímos, como a nossa saúde, família, nosso lar e a comida que temos todos os dias.

Quais são os limites da ganância?

Almejar a conquista de bens materiais e enriquecer não é o problema, mas sim esse ser o único objetivo e o que rege toda uma vida. Portanto os limites da ganância são bem claros, como pudemos ver ao longo do texto: chegamos ao limite quando o desejo por ter mais é maior do que a gratidão pelo que já temos. Podemos, sim, desejar, mas sem nos esquecermos de agradecer e aproveitar as nossas conquistas. E, se já alcançamos tudo que desejávamos, maravilha! Que a solidariedade, então, seja a nossa companheira, e possamos ajudar aqueles que mais precisam.

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O conto russo “O Pescador e o Peixe” permanece atual e traz ensinamentos valiosos para todas as gerações. Reflita sobre o papel da ganância em sua vida, busque ter clareza de suas ações e defeitos. Só assim é possível sabermos o que podemos melhorar, para, então, conseguirmos evoluir como seres humanos e sociedade.


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