Convivendo

Notícias falsas e os novos “experts”

Imagem das palavras Fake News em um fundo azul
clu de Getty Images Signature / Canva
Escrito por Márcia Leite

A contradição brasileira – Parte 4
Notícias falsas e os novos “experts”
Agora estamos vivendo outra situação que, além de não trazer evolução, está desinformando e confundindo as pessoas.

São tantas as opiniões sobre quem fez o quê, quem pagou o quê, quem tomou a decisão certa no tempo certo, de quem é o mérito e quem foi negligente. Quem pegou dinheiro, quem distribuiu o dinheiro, quem aplicou o dinheiro.

Leio sempre os comentários e os comentários dos comentários de redes sociais, e é uma bagunça total.

Antes éramos o país dos 200 milhões de técnicos de futebol. Mas, depois de cursos “universidade” online de Medicina, somos os experts em medicamentos, enfermidades, ciência e vacinação.

Em seguida, evoluímos todos para a gestão hospitalar e de recursos em saúde. Agora estamos na fase do “não se fala mais disso”, mesmo pipocando casos aqui ou ali.
São muitos os que brigam, usando inclusive palavreado vulgar, visando ofender, em vez de colocar, pura e simplesmente, os argumentos sobre determinados assuntos.

Essa postura da população tem sido alimentada, seja pelos amigos (ou agora inimigos), seja por notícias de uma parte tendenciosa e mal-intencionada da imprensa, que quer ver sangue jorrando de embates homéricos, recheados de memes, imagens, emoticons e figurinhas.

Tudo isso só serve para deixar as pessoas perdidas, aturdidas, estupidificadas, o que se revela no relaxamento – e até mesmo abandono – de protocolos que valem a sobrevivência nesses tempos sombrios.

Não há espaço para baixar a guarda, pois fica a impressão de que todo o sistema está contra a preservação da vida humana. Em um país onde são muitos os indivíduos que precisam sair de casa diariamente, para buscar alimento para sua família, enfrentando transportes lotados, a concorrência natural e a desleal, um ser invisível.

Com todo esse ambiente, as pessoas estão desequilibradas, desassistidas, afastadas de lazer, sem sociabilização, sem chão.

Nesta fase da pandemia, depois de quase quatro anos de restrições (não há mais obrigatoriedade de máscaras em transportes coletivos), cuidados coletivos e adequação aos protocolos sanitários, tivemos o período eleitoral, as pessoas se aglomeraram em escolas lotadas com filas intermináveis, e adivinhem só: surgiu uma nova variante, por ter sofrido muitas mutações.

Estão ocorrendo diversas notificações de internações. Muitas pessoas não completaram o protocolo completo de vacinação contra a Covid, além de muitas crianças ainda não terem tomado a primeira dose. A Sociedade Brasileira de Infectologia está recomendando novamente o uso de máscaras em ambientes fechados, com aglomerações, para evitar que a nova onda seja difícil.

Algumas reportagens destacaram o medo de alguns brasileiros de que a vacina fizesse mal, que pudesse trazer reações, acreditaram nas mentiras veiculadas por pessoas mal-intencionadas, aproveitando-se da inocência ou da dificuldade de indivíduos de interpretar ou entender como funciona todo o processo científico de desenvolvimento da dose imunizadora.

E, atualmente, até outras vacinas estão com baixa adesão, ressuscitando doenças consideradas antes erradicadas no país, como meningite e poliomielite.

Segundo o neurocientista Miguel Nicolelis, o período em que vivemos era de extremo perigo, pois não se sabe qual será o comportamento do vírus. Inclusive ele alertou sobre o fato de alguns profissionais dizerem que “todo mundo vai pegar a doença”, afirmando que a Covid-19 é uma doença evitável, desde que os protocolos sejam respeitados, focando a não realização de eventos com aglomeração.

Numa entrevista feita no dia 18 de janeiro de 2022, ele chamava atenção para a quantidade de pessoas que poderiam estar infectadas nos meses seguintes, se providências sérias não fossem tomadas – no link: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/estamos-correndo-contra-o-tempo-para-evitar-novo-colapso-diz-especialista/.

A mesma informação foi veiculada em outros canais de notícias, por ele e por outros especialistas, incluindo estudos do Imperial College, da Inglaterra, no link https://www.imperial.ac.uk/news/233015/omicron-latest-research-expert-views-pcr/ (que tem o subtítulo em inglês “Experts from Imperial are working to improve understanding of the Omicron variant and its impact on health systems in the UK and around the world.”

Especialistas do Imperial estão trabalhando para melhorar o entendimento da variante Ômicron e seu impacto nos sistemas de saúde do Reino Unido e no mundo).
Isso demonstra que ainda há muitas dúvidas sobre os caminhos que esse vírus tomará nos próximos meses, sendo necessário discernimento e cuidado ao retomar atividades antes exercidas livremente.

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Buscar informações verdadeiras e corretas passou a ser um dever dos cidadãos, para que a autodefesa contra uma ameaça invisível seja mais eficaz para a comunidade local e mundial.

Infelizmente há muitos interesses em espalhar notícias falsas, alguns desses motivos são escancarados, mas somente quem está no sistema é capaz de explicar o porquê do mascaramento da verdade que afeta a vida e o bem-estar de todos.

Sobre o autor

Márcia Leite

Graduada em Farmácia e atualmente estudante da área de Humanas, mostro interesse em diversos temas. Incomodada com questões sociais e que mexem com a convivência e a saúde das pessoas.