Natureza

Geometria na Natureza – Parte 2

Esquema com vários pontos ligados
Foto enviada pela escritora
Escrito por Dra. Angelica

Nesta segunda parte da palestra proferida na Universidade Otto von Guerricke, em Magdeburg, Alemanha, continuamos a nossa jornada sobre a Geometria na Natureza.
Veremos como ela se manifesta dentro de várias áreas do conhecimento, iniciando com a matemática e o círculo como metáfora para a criação de um Universo.

Na Antiguidade, Pitágoras ensinava que os números, além de quantidades, possuíam também qualidades inerentes. A cada número, iniciando com o 1 e terminando com o 10, ou, em alguns outros sistemas, com o 12, correspondia uma forma geométrica, um nome e características próprias.

Ė um sistema muito interessante, no qual o número 1 é conhecido como Monada e é composto por um ponto e pelo círculo, como vocês verão no vídeo.

A Monada é o Todo, o Uno que contém tudo o que existe, um Uni-verso.
Os números, em suas qualidades, eram considerados como diferentes manifestações do Uno, da Unidade, e representados dentro do círculo.

A Diada, a Linha, representaria o número 2, a polaridade, necessária à manifestação no mundo material. No nível emocional, a Diada representa os opostos, aquilo que reconhecemos como frio/quente, bom/ruim, alto e baixo, o que gosto e o que não gosto etc.
O Ser humano reconhece e interpreta a realidade de acordo com os cinco sentidos e, em outro nível, também de acordo com a interpretação da realidade, de acordo com julgamentos sobre as diferenças e polaridades. E não poderia ser diferente… Imagine que você quer escrever com um giz sobre uma lousa branca: seria visível a mensagem?

A Diada também pode ser simbolizada pela Vesica Pisces, que é obtida através do entrelaçamento de dois círculos de mesmo diâmetro, o segundo círculo sendo construído com centro na circunferência do primeiro. A sua forma lembra um peixe ou uma amêndoa, por isso é também conhecida como mandorle, ou seja, amêndoa em italiano.

A Triada é simbolizada por um triângulo equilátero. A Tetrada por um quadrado. A Pentada por um pentágono.

A Triada era também considerada um símbolo para a Harmonia, o ponto superior trazendo equilíbrio entre as duas polaridades.
Por exemplo, na saga do Rei Arthur e a távola redonda, Percival foi o único que encontrou o Santo Graal, que simboliza a juventude eterna, contentamento e sustento em abundância infinita. O nome Percival significa, em inglês, “piercing the valley”, ou seja, seguir pelo meio do vale e não ficar andando em zigue-zague, indo de uma polaridade para outra. Em alemão também se usa muito o termo “goldenen Mitte”, o centro dourado. Esses são apenas poucos exemplos de como os números podem ser conhecidos a partir das suas Qualidades…

A partir da Triada, nota-se que os números seguintes iniciam a ser duplicações, ou seja, o 6 seria a duplicação do 3; o 8 a duplicação do 4; o 10, a duplicação do 5.
Exceções à regra são a Eneada, que é a triplicação do 3, e a Heptadaa, que é um número muito especial, desde que os 360 graus de uma circunferência divididos por 7 não resultam em um número inteiro. O 7 sempre simbolizou algo intangível, bem como uma virgem.

Esta foi uma brevíssima introdução à Qualidade dos Números, que voltará a ser tema de nossos artigos.

Continuamos com o físico Nassim Haramein, que afirma em seu trabalho: “O espaço não é vazio, é quase infinitamente cheio de energia”.

Com nosso cinco sentidos não é possível perceber, porque esta energia se encontra em equilíbrio. Assim como um peixe imerso no oceano não percebe a água ao seu redor, nossos cinco sentidos físicos não percebem o “mar” de energia no qual estamos imersos. Além disso, Nassim afirma que a quantidade de matéria presente, observada no nível quântico, é extremamente pequena, e que o universo consiste em 99,99% de espaço.

Dessa forma, torna-se claro que o universo material, este que os nossos sentidos físicos nos mostram, é, na realidade, uma criação dos sentidos. O universo, visto sob o aspecto material, nos mostra a falsa imagem de sermos separados uns dos outros, mas, na realidade, em nível quântico, tudo está interligado, conectado.

Se nossos olhos, por exemplo, enxergassem como os aparelhos de raio X, nós olharíamos uns para os outros e veríamos apenas os nossos esqueletos, não veríamos nossos olhos, nem nossos cabelos, que simplesmente seriam inexistentes para nós.

É muito importante começar a entender que o mundo material, como o experimentamos, é uma criação dos nossos órgãos sensoriais, nossos sentidos, como também daquilo que acreditamos e imaginamos.

A imagem abaixo serve apenas como uma metáfora para mostrar como a realidade se apresenta no nível quântico, energético, antes que se transforme na realidade “material”.

Esquema com vários pontos ligados
Foto enviada pela escritora

No meio, é um ponto que age como um foco de luz. Cada raio dessa luz é representado por uma linha. As linhas, por sua vez, são formadas por outros infinitos pontos de luz (não representados no desenho, porque, senão, ficaria ainda mais difícil de se visualizar :-)) que, assim como o ponto central, irradiam, por sua vez, a luz em 360 graus.
Podemos nos colocar em meditação com essa imagem e perceber, imaginar como o espaço está totalmente preenchido por energia.

Recomendo um filme chamado “The connected Universe”, que se encontra na internet, para se aprofundar nesse tema.

A Unidade tem muitas faces, muitas perspectivas, uma delas nos é fornecida pela sequência de Fibonacci. Ela se inicia com o número 1, ou seja, é criada a partir do Uno, depois 1 novamente (a unidade se repete: 2, 3, 5, 8, 13, 21 e assim por diante).

O que vocês me dizem? Como essa sequência é formada? Tente descobrir antes de continuar a ler!

Exato! Ela inicia com o número 1, novamente o número 1, e, a partir daí, cada novo número adicionado será a soma dos dois números anteriores.

Assim é como o crescimento ocorre na natureza. Esse tipo de crescimento se dá à partir da Unidade, do número 1, e é conhecido como crescimento por acreção.
Acreção significa que algo é adicionado, ocorre um incremento, que ė o crescimento.
A partir da sequência de Fibonacci, pode-se determinar a proporção conhecida como Phi.

Muitas vezes, não existe muita clareza sobre a proporção Phi, dado que ela pode ser considerada a partir de diferentes ângulos ou pontos de partida. Um deles seria o numérico, em que Phi é descrito como uma proporção formada a partir da sequência de Fibonacci.

Numericamente, podemos observar, a partir do gráfico abaixo, que, quando anotamos o resultado das frações obtidas através da sequência de Fibonacci, inicialmente existe uma grande variação. Essa variação vai diminuindo, tendendo para uma linha.

E o valor, 1,618… não é um número, ele é uma proporção, que representa um crescimento orgânico, harmônico, tecnicamente conhecido como crescimento por acreção. E seu inverso é 0,618…
E essa proporção, ou seja, Phi, é aquela que sempre reencontramos na natureza. É como a natureza cresce, se desenvolve, a partir da unidade.

Gráfico de acordo com as informações apresentadas no texto
Foto enviada pela autora

A sequência de Fibonacci está presente também na formação de espirais e se mostra de forma surpreendente na seção transversal de alguns vegetais. Um exemplo perfeito se mostra em uma couve roxa, ilustrando como a geometria da natureza se apresenta. 🙂

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Repolho roxo aberto, mostrando as curvas e as camadas
A StockStudio / Shutterstock.com

Sobre o autor

Dra. Angelica

Pesquisadora cientifica com trabalhos no Brasil e na Alemanha, na área de microbiologia industrial. Através de diversas viagens de estudo para o Usbequistão, Pérsia, Índia, Turcomenistão, Egito, México e Europa, principalmente Itália foi sendo Impactada pela constante presença de motivos geométricos na arquitetura e decoração de monumentos visitados. Em diversas ocasiões foi contemplada com experiências de profundo impacto e contato com uma forma de comunicação até então desconhecida. Se sentiu motivada a ir mais além e iniciou o seu percurso de estudos da Geometria Sagrada. A Geometria na Natureza é uma parte importante da mesma e nos coloca em contato com os padrões energéticos invisíveis, que estão "por trás" das manifestações físicas. Um novo mundo se abre. Somos levados para bem além das palavras, para um mundo de beleza, harmonia e inteligência perfeitas. A confiança e a fé na vida são o resultado.

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