Sabe aquela clássica pergunta: quem sou eu? Naturalmente, já é difícil respondê-la. Quando se faz parte da comunidade LGBTQIA+, então, pode ser ainda mais complexo. Daí a importância de falarmos sobre essas realidades diversas, incluindo as vivências de homens gays.
Quando se usa a palavra “gay”, hoje em dia, pode haver uma alusão a todas as pessoas que têm relações homoafetivas. No entanto, neste artigo, vamos nos debruçar especificamente sobre as questões que permeiam a vida de homens gays.
Afinal, é importante focalizar a visibilidade de cada grupo da sigla, falando sobre suas vivências em particular. As diferenças são reais e só as reconhecendo será possível construir uma sociedade mais igualitária e inclusiva. Aproveite essa leitura para colorir mais o seu mundo!
O que você encontrará neste artigo:
- A história da homossexualidade: descobrindo narrativas do passado
- Aprofunde-se no significado e nas pautas de cada “letra” da sigla LGBTQIA+
- Homofobia: desafios e lutas por respeito e aceitação
- A bandeira gay: símbolo de identidade e luta
- Dia do Orgulho Gay: resiliência e conquistas em destaque
- A Parada Gay: celebrando a diversidade e reivindicando direitos
- Casamento gay: avanços legais e a busca por igualdade
- Espaços de expressão e formas de representatividade
- Filmes gay: narrativas que refletem a realidade e inspiram
- Livros gay: explorando narrativas mais diversas
- Séries gay: visibilidade e representatividade na telinha
- Bares e baladas gays: pontos de encontro e refúgio para a comunidade
- Apps gay: a conexão e o encontro na era digital
- Famosos gay: representatividade e influência na mídia
A história da homossexualidade: descobrindo narrativas do passado
Ao longo da História, a homossexualidade tomou contornos diferentes. As nuances também existiram (e ainda existem) de acordo com as características de cada sociedade e sua cultura.
Na Antiguidade, muitos povos nem sequer conheciam o conceito de homossexualidade, pois se relacionar com pessoas do mesmo sexo era lido como natural. Isso ocorria desde tribos mais remotas até sociedades mais conhecidas, como a grega e a romana.
Na Grécia e na Roma Antiga, por exemplo, era comum homens mais jovens se relacionarem com mais velhos. O próprio filósofo grego Sócrates se relacionava com outros homens e defendia a prática como um ato inspiracional, enquanto a heterossexualidade só serviria para procriar.
Foi com o judaísmo e o cristianismo que isso começou a mudar. Você já deve ter ouvido sobre a homossexualidade na Bíblia como uma prática pecaminosa. Certo? Para essas religiões, as relações sexuais tinham o único intuito de procriar, como a Palavra de Deus mandava. Por isso, a homossexualidade era vista como um desvio de caminho.
Essa visão de desvio não se ateve apenas à religião. A ciência também já foi cruel em suas definições sobre a homossexualidade. Chegou a considerá-la um desvio sexual que poderia ser tratado com a terrível lobotomização. Até pouco tempo era muito fácil se confundir entre os termos “homossexualidade” ou “homossexualismo”. Mas a palavra “homossexualismo” caiu em desuso por remeter a uma doença, algo que definitivamente a homossexualidade não é.
Infelizmente, algumas pessoas continuam a perpetuar o termo errado, alimentando uma visão cheia de estigmas e ignorância sobre o assunto.
Aprofunde-se no significado e nas pautas de cada “letra” da sigla LGBTQIA+
Homofobia: desafios e lutas por respeito e aceitação
Se você for um homem cis hétero, com certeza desfruta de mais privilégios do que imagina. Um bom exemplo é não ter a necessidade de se assumir para a sociedade. Pois é, ainda hoje homens gays são fadados a passar pela pressão de se manter ou “sair do armário” e, muitas vezes, são arrancados de lá à força.
Pior ainda é se o preconceito começar em casa. Continua sendo muito comum famílias cortarem os laços com seus membros gays. São pais e mães expulsando seus filhos de casa por não aceitarem a orientação sexual deles. Ou, ainda, mantendo-os perto, mas sob a prática constante do desrespeito à existência deles. E isso tem nome: homofobia.
Não se engane pensando que homofobia se caracteriza apenas pela agressão física ou, nos piores casos, pelo homicídio de homens gays. Ela se desvela nos mais simples gestos cotidianos. É encontrada no uso pejorativo de termos como “viado” e “bicha”, na invalidação de relacionamentos homoafetivos, em frases corriqueiras como “vê se vira homem!” quando o rapaz não performa a masculinidade esperada pelo meio social.
E tudo isso constitui crime! Desde 2019, a Lei nº 7.716/1989, também chamada Lei do Racismo, prevê a homofobia como crime inafiançável, imprescritível e sujeito a uma pena de até 3 anos de reclusão. Infelizmente, vemos que não existe uma lei própria contra a homofobia. Mas não dá para negar que alguns frutos da luta LGBTQIA+ vêm sendo colhidos. E como essa luta ocorre? Além do legislativo, de atos políticos e similares, ações simbólicas fortalecem a causa.
A bandeira gay: símbolo de identidade e luta
Ao falar em bandeira gay, a primeira imagem que deve vir à mente é aquela famosa bandeira nas cores do arco-íris. É certo que ela representa toda a comunidade LGBTQIA+. Porém, outras versões foram criadas para contemplar e representar especificamente os homens gays.
A mais popular consiste em 7 faixas de igual largura. As três superiores em tons de verde, a do meio na cor branca, e as três inferiores em tons de azul. Outras versões já foram e continuam sendo criadas, pois não existe uma bandeira oficial. Cada nova versão idealiza acolher homens gays que se identifiquem com sua proposta visual.
Dia do Orgulho Gay: resiliência e conquistas em destaque
No dia 28 de junho, celebra-se o Dia do Orgulho Gay, mais corretamente denominado como Dia do Orgulho LGBTQIA+. A data é uma homenagem à emblemática Revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, em Nova York.
Nessa data, ativistas LGBTQIA+, incluindo homens gays, se posicionaram contra uma investida policial violenta no bar Stonewall, realizada contra a comunidade. Os protestos ao redor do bar duraram dias e culminaram no Dia do Orgulho LGBTQIA+ como marco do corajoso movimento em prol dos direitos da população gay.
Atualmente, 28 de junho é usado como lembrete da luta LGBTQIA+ pelos direitos civis e contra a homofobia. Na data, costumam ocorrer atos e eventos especiais, dando maior visibilidade a essa população que, ainda hoje, é bastante marginalizada.
A Parada Gay: celebrando a diversidade e reivindicando direitos
Mas não foi só no Dia do Orgulho que resultou a Revolta de Stonewall. Um ano após o acontecimento, em 28 de junho de 1970, ocorreu o que seria considerada a primeira Parada Gay da história.
Chamada de Christopher Street Gay Liberation Day (Dia da Libertação Gay da Rua Christopher, onde se localizava o bar Stonewall), a passeata reuniu diversos membros da comunidade LGBTQIA+, que carregavam cartazes e bradavam em defesa de seus direitos civis.
Com o tempo, o evento se espalhou pelo mundo e foi tomando novos contornos, até se tornar a Parada do Orgulho LGBTQIA+ como conhecemos no Brasil. Aqui, uma das maiores paradas do mundo acontece anualmente em São Paulo, na Avenida Paulista. O evento reúne milhares de pessoas, com muita música, atrações, alegria e orgulho de viver quem se é.
Casamento gay: avanços legais e a busca por igualdade
Em 2011 foi dado um passo importantíssimo para a comunidade gay: a união estável entre pessoas do mesmo sexo passou a ser reconhecida pela Lei nº 9.278/1996. Depois, em 2013, veio a conquista tão desejada e o casamento civil também passou a ser válido por jurisprudência.
Mas, como nem tudo são flores, ainda existem brechas contra a união de pessoas do mesmo sexo. Isso porque ainda não foi aprovada uma lei própria para a comunidade LGBTQIA+, que cubra seus direitos de forma oficial e abrangente. Fora o preconceito que ainda impera na sociedade.
No entanto, todo avanço merece ser comemorado! O reconhecimento da união estável de casais homoafetivos já garante direitos como adoção, herança, conta conjunta, seguro de saúde e pensão. Então, a luta não pode parar, pois há muito a ser conquistado.
Espaços de expressão e formas de representatividade
Existem espaços em que cada um de nós se sente mais à vontade para ser você mesmo. Para a comunidade gay, isso é ainda mais crucial, já que sempre foi marginalizada nos espaços majoritariamente héteros.
Esse pertencimento também se vivencia através da representatividade, seja na vida real ou na ficção. Ver seus iguais ocupando lugares antes negados aos gays facilita o processo de autoaceitação e de afirmação na sociedade. Por isso, separamos alguns exemplos de espaços, mídias e pessoas que contribuem para a representatividade, como você verá a seguir.
Filmes gay: narrativas que refletem a realidade e inspiram
Filmes com personagens gays existem aos montes, mas poucos são capazes de representar as vivências da comunidade. “Moonlight” (2016) é uma das exceções. Com protagonismo negro, a trama mostra as lutas de um rapaz periférico que, em meio aos desafios mais cruéis, descobre sua homossexualidade. Outras boas narrativas sobre homens gays são: “Hoje eu quero voltar sozinho” (2014) e “Me chame pelo seu nome” (2017).
Livros gay: explorando narrativas mais diversas
A literatura também é uma rica fonte de representatividade gay. Um bom exemplo disso é o famoso romance teen “Simon vs. A Agenda Homo Sapiens” (também conhecido como “Com amor, Simon”), escrito por Becky Albertalli. O livro retrata as vivências de um adolescente gay que se depara com uma chantagem inesperada. Já a HQ “Histórias Quentinhas Sobre Sair do Armário”, uma coletânea de histórias LGBTQIA+, conta com uma narrativa ousada, intitulada “Meia da Sorte”.
Séries gay: visibilidade e representatividade na telinha
Uma das séries mais comentadas dos últimos anos foi “Heartstopper”. Diferentemente da maioria das narrativas fictícias sobre vivências LGBTQIA+, a trama se passa com um tom leve e doce, mostrando a descoberta do amor por um casal de adolescentes, sendo um deles gay e o outro bissexual. Outra série que foi bem representativa em sua época é “Queer as a folk”, que também contava com homens gays em seu enredo, mostrando-os no cotidiano e sem cenas apelativas.
Bares e baladas gays: pontos de encontro e refúgio para a comunidade
Para as pessoas cis hétero, pode parecer bobagem, mas bares e baladas específicas para a comunidade gay fazem muita diferença. Esses locais são espaços de expressão e liberdade, algo geralmente difícil de ser vivenciado em espaços majoritariamente frequentados por pessoas heterossexuais.
Assim, essas baladas e bares se tornaram points especiais para encontrar os amigos, os paqueras, e para se refugiar nos momentos de lazer.
Apps gay: a conexão e o encontro na era digital
É claro que os clássicos aplicativos de relacionamento, como Tinder e Bumble, podem ser usados por qualquer pessoa. Mas nem todo LGBTQIA+ se sente à vontade com eles, principalmente quem não é assumido. Por isso, algumas opções específicas para esse público podem ser mais interessantes para homens gays. O app mais popular é o Grindr, mas também há o Hornet e o Scruff, por exemplo.
Famosos gay: representatividade e influência na mídia
Muitos homens gays cresceram sem referências na TV, no cinema e em outras mídias. Graças aos avanços da sociedade, agora a realidade é outra. Além de muitos famosos assumirem sua homossexualidade ao público, alguns fortalecem a luta da comunidade com seu ativismo. Entre os nomes significativos, estão: o ex-deputado federal Jean Wyllys, o cantor Johnny Hooker e o ator Ian McKellen.
Nesse universo tão vasto e rico em cultura e força, os homens gays mostram a que vieram: lutar e brilhar. Muito já foi conquistado até aqui, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Se você acredita nessa luta, dissemine conhecimento por aí. Começar compartilhando esse conteúdo pode parecer pouco, mas cada atitude a favor da liberdade de ser é grandiosa!