Entre os 22 Arcanos Maiores do tarô, O Eremita é a 9° lâmina (ou carta) dos arcanos maiores e carrega o simbolismo da busca interior, reflexão, paciência e sabedoria. É mais um arcano muito espiritualizado pois toda sua orientação está nas experiências vividas e no guiar de sua intuição e no conhecimento que adquire ao longo da sua jornada da vida.
Com cautela, segue iluminando o próprio caminho e daqueles que desejam segui-lo. Ele é O Mago, só que mais velho, experiente e livre para continuar trilhando o seu caminho, sem pressa, pois sabe que suas motivações e respostas estão nas profundezas de seu Ser. Portanto, ele se isola do mundo (exterior) e se internaliza em seu mundo (interior).
Geralmente, a cor mais associada a O Eremita é o cinza, uma cor neutra e equilibrada que representa uma mistura de preto e branco simbolizando a integração dos opostos e a busca pelo equilíbrio entre luz e sombra.
Os principais significados da carta são: introspecção, solitude, paz interior, orientação espiritual, conselheiro, virtudes, iluminação, autoconhecimento, sabedoria, paciência, generosidade, caminhos e conhecimento. Já os aspectos negativos são: tristeza, depressão, isolamento excessivo, ansiedade, dúvidas no próprio caminho e egoísmo.
Quanto ao nome da carta, além de ser conhecida como O Eremita, também é conhecida como O Ermitão, The Hermit (em inglês) e L’Hermite nos baralhos em francês. Independentemente da nomenclatura, o essencial significado da carta é sempre o mesmo como veremos a seguir.
Te convidamos a continuar a leitura e mergulhar na aura de mistério dessa carta tão importante no tarô. Aprenda seu significado, quais elementos a compõem e outras curiosidades que a envolvem!
Direto ao ponto
Significado dos elementos da carta O Eremita
A análise a seguir é com base no Tarô de Rider-Waite, um dos baralhos mais tradicionais e traz elementos importantes para o significado geral da carta. Confira!
- O Eremita: um solitário senhor de barba branca e túnica cinza que encobre todo seu corpo da cabeça aos pés. A sua mão direita segura uma lamparina enquanto a sua mão esquerda segura um cajado.
- Lamparina (ou lanterna): a luz que ilumina o caminho d’O Eremita tem um formato de uma estrela de 6 pontas que representa o perfeito equilíbrio – tanto acima como abaixo. E a sua cor amarela representa a cor da iluminação e do intelecto. A lamparina é um objeto de sabedoria e conhecimento que vai sendo revelado (ou iluminado) aos poucos e para aqueles que desejam saber.
- Cajado (ou bastão): representa o sustentar do caminho, a força e autoconfiança necessárias para continuar trilhando o seu caminho.
- Cenário: um céu limpo de cor azul-acinzentado e o que parece ser o cume de uma montanha onde somente O Eremita aparece no cenário. Aos pés dele, neve, representando ainda mais o momento introspectivo d’O Eremita, contemplando seus pensamentos.
Similaridades e diferenças do papa em diferentes baralhos
Além do baralho Rider-Waite, criado em 1910, por Arthur Edward Waite e William Rider, existem outras versões, nas quais alguns detalhes mudam. Em sua maioria, as similaridades da lâmina O Eremita mostram o próprio personagem trilhando e iluminando seu caminho através da sua lamparina e seu cajado.
O que vai diferenciar entre os baralhos é o tipo de lanterna, cajado e cenário que cada baralho irá demonstrar de acordo com o tema central do deck. Sabendo-se que existe um outro tarot de Rider-Waite, que é a versão The New Vision Waite (lançado em 2003), vemos O Eremita de outra perspectiva.
Ele está de costas, o cenário à sua frente é mesmo o alto da montanha com neve no chão, e o “personagem” extra que aparece nessa versão é a cobra que está ao seu lado e em sua direção. A cobra (ou serpente) traz o simbolismo da magia, da sabedoria primordial, portanto, da espiritualidade. No arcano anterior, A Força, a mesma cobra aparece, porém, a mulher pisa nela, subjugando-a. Aqui não, a serpente do conhecimento está ao lado d’O Eremita e se integra a ele.
Tarô mitológico
Criado em meados de 1980, por Liz Greene e Juliette Sharman-Burke (astróloga e taróloga, respectivamente), no tarô mitológico O Eremita mostra um velho de barbas brancas envolto em uma túnica cinza que o encobre da cabeça aos pés. Sua mão direita segura a alça da lanterna, que tem formato de uma taça e está acesa, iluminando o próprio Eremita.
Na mão esquerda, o cajado é uma foice, na qual a lâmina tem formato similar ao de uma lua crescente. A referência mitológica está para o deus Crono – Senhor do tempo, possuidor da luz do conhecimento e dos ciclos eternos da vida. No ombro esquerdo (lado receptor de energia e informação), está um corvo, o pássaro do velho que representa o processo de encarnação ou reencarnações para dar abertura a novos ciclos. Por fim, há o cenário sombrio, solitário e arado que o Eremita se encontra.
Tarô de Marselha
Existem diversos modelos do tarô de Marselha com pouquíssimas variações de figuras, detalhes e cores. Na tradicional carta, apenas o solitário, velho e encurvado Ermitão aparece com sua lamparina vermelha e amarela (conhecimento é poder e ilumina o caminho) na mão direita, enquanto a mão esquerda se apoia no bastão. A roupa do Ermitão é uma mistura viva de azul com vermelho e detalhes em amarelo. O pequeno cenário que aparece por trás mostra que ele está em meio à natureza.
Tarô Egípcio
Nessa versão de tarô e em todas as cartas, há uma divisão em 3 partes: superior (plano espiritual), central (plano mental) e inferior (plano material), e os simbolismos que cada carta carrega estão relacionados aos eventos, personagens e deuses da cultura egípcia. No plano superior, sempre aparecerá símbolos dos Espíritos Planetários Olímpicos, letra do Alfabeto dos Magos e Ideogramas.
No centro, O Eremita aparece caminhando no sentido à esquerda (passado) segurando na sua mão esquerda uma lamparina que lhe ilumina o caminho e com sua mão direita apoia-se no bastão, representando autoridade e sabedoria. O manto azul que recobre seu corpo é símbolo de proteção, em referência à prudência no seu caminhar. Atrás do Eremita, uma palmeira – representação da árvore da vida e do conhecimento. Tanto acima quanto abaixo do Eremita, vemos dois círculos.
Acima, um círculo amarelo com três raios (o sol) como se quisesse descer (o poente), para que o círculo branco (a lua) possa ascender aos céus, ou seja, a lua ascende e o sol se põe, indicando a necessidade de interiorização – a introspecção do Eremita. Por fim, símbolos astrológicos do planeta Marte com signo de Áries e a letra hebraica Teth.
The Wild Wood Tarot
Nesse tarô, inspirado na mitologia céltica e mergulhado na sabedoria xamânica, O Eremita é O Homem Encapuzado (The Hooded Man, em inglês), que aparece em meio à floresta sombria e com neve, representando o inverno, simbologia do “inverso pessoal” em que nos recolhemos para interiorizar o nosso ser – o isolamento voluntário.
Também aparece com sua lamparina na mão direta iluminando seu caminho e o cajado na mão esquerda, que auxilia o seu longo e lento caminhar. Não vemos seu rosto. Está encoberto pela manta azul-acinzentada.
À sua frente, um pássaro em cima de um tronco de árvore – seu mensageiro do conhecimento -, e ao fundo uma porta indicando ser a moradia do Eremita. Acima da porta, uma guirlanda de origem celta, símbolo do solstício de inverno, representando um guia interior.
Tarô Alquímico
Nesse tarô de Robert Place, a carta é denominada The Hermit (em inglês) e vemos um velho peregrino com sua lamparina com uma vela acesa em seu interior e três círculos amarelos que adornam essa lanterna – geralmente, o três é simbolizado pelas três essências alquímicas: mercúrio, sal e enxofre – na mão esquerda, enquanto a mão direita segura seu cajado que mais parece uma muleta de apoio para auxiliá-lo no seu caminhar.
Ele está com a cabeça baixa como se estivesse olhando para o chão – vendo onde está pisando – e seu semblante é meio solitário e distante. No seu ombro direito, um corvo que representa um guia interior. O cenário é o topo de uma montanha distante da cidade (momento de isolamento do mundo exterior) e, por fim, os símbolos alquímicos Exaltação e Ouroboros.
A Exaltação se deriva da matéria-prima que se dissolve num grau mais puro e elevado de si mesma – a meditação. Enquanto Ouroboros é a serpente do tempo que devora a própria cauda, assim como Saturno, deus do tempo, devora seus filhos.
Como O Eremita te ajuda a desenvolver seus dons espirituais?
A carta O Eremita nos incentiva à introspecção, autodescoberta e busca por sabedoria interior. Ela ajuda no desenvolvimento dos nossos dons espirituais por meio de uma profunda reflexão sintonizando nossa mente e nosso coração: a busca pela verdade pessoal no processo de autoconhecimento (“Conhece-te a ti mesmo – Sócrates), a busca por orientação espiritual como um tipo de Mentor (representação da lamparina), a evolução através da meditação e o despertar do poder interior em conexão com seu Eu Superior.
A energia d’O Eremita e a força interior
O arcano Eremita desperta autoconfiança, resiliência, determinação, força de vontade, paz interior, conhecimento para fortalecer ainda mais a confiança em si mesmo, o equilíbrio emocional e o prazer de ajudar os outros, pois, quanto mais fortes nos sentirmos, devido ao processo de interiorização, seremos mais desejosos em ajudar os outros a também despertarem suas forças interiores, tornando-nos, assim, mais sábios, conselheiros e magos.
O Eremita na astrologia
Cada baralho traz sua correlação astrológica. Nas descrições dos baralhos acima, vimos que no tarô egípcio se faz referência ao signo de Áries. Já em outras referências, a carta O Eremita tem uma correspondência astrológica com o signo de Virgem, um signo ligado à análise, à busca por detalhes e à dedicação ao aprimoramento pessoal.
O Eremita reflete essa qualidade de busca pela sabedoria interior e pelo autoconhecimento – características fortes de Virgem. Além disso, Virgem é um signo que busca a perfeição mediante o entendimento minucioso e a autotransformação, algo que também ressoa em O Eremita.
Um arcano que retrata muito bem a vida e a sua jornada de ciclos. O Eremita nos lembra do peso do tempo e, ao mesmo tempo, da necessidade de buscar respostas dentro de nós mesmos. Essas respostas não são limitadas ao tempo. São as joias ou a luz da vida, portanto, a iluminação.
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A sabedoria vem das experiência vividas, por isso, O Eremita fala da paciência em viver cada momento e a introspecção da interação que essa experiência traz em nossa vida. O tempo é o Agora! E somente o agora existe. Compreender nossas motivações, paixões e medos permite um crescimento pessoal profundo e libertador.
Artigo escrito em parceria com a numeróloga e taróloga Liggia Ramos, colunista do Eu Sem Fronteiras.