Falo hoje de um lugar de dor, de baixo. Um lugar que parece um limbo. O que era não é mais possível e o que virá ainda não chegou. As coisas parecem devagar, emperradas. Isso porque as velhas soluções, que pareciam fáceis, não fazem mais sentido. Já sabemos o que não queremos. Já sabemos o que queremos. Mas entre o saber e o concluir existe um tempo, uma dor, um vale gelado e úmido que precisamos atravessar.
Entrei nessa descida há um ano, quando comecei a perceber que, se eu queria estar no meu próximo nível, precisaria passar pela dor do parto. E enrolei, ah, como eu enrolei, porque eu sabia – de outros carnavais – que não seria nada fácil. Os relacionamentos foram ou terminados ou ressignificados. Tudo o que até era bom, mas era tóxico, ou desrespeitoso ou que não me levaria ao próximo nível, foi aniquilado.
As decisões finais aconteceram há uns dois meses. E o Universo, esse danadinho, me trouxe algumas das respostas e certezas. Pessoas novas, situações diferentes, conversas difíceis e constrangedoras. Apoio de lugares inimagináveis, orientações do plano espiritual. Mas mesmo com uma cesta de piquenique com bolinhos, atravessar ainda é dolorido.
Já apoiei muitas mulheres nessas mudanças. Peguei na mão delas e disse: vai. Elas choravam e sorriam ao mesmo tempo. Comemoravam e choravam mais um pouco. Eu repetia: às vezes tudo o que você precisa é de uma boa noite de choro. Mesmo sem sono, chorar esvazia o passado e nos prepara para o futuro.
E agora estou eu aqui, pegando na minha própria mão e dizendo vai. Vai pra nova vida que você merece. Vai pra realização dos seus verdadeiros sonhos, vai atrás dos sonhos que você foi proibida de sonhar. Volte a pensar naquela casa de esquina na Praia Grande – que era linda – e na mansão no Jardim Europa onde morava a sua madrinha. Volte para o sonho de descer as escadarias de mármore branco, entrar na biblioteca e no jardim de inverno vitoriano. Volte a sonhar com as mesinhas francesas com pequenas gavetas onde ela escondia doces.
E quando esses e outros sonhos vierem à tona, continue andando no vale frio. Proteja-se com um cobertor de esperança. Veja aquela luz, aquele sol – que apareceu no seu jogo de tarô – e siga atrás dele. Ignore as pedras, a chuva fina, as dores nos pés. Não tente voltar pra trás onde tem uma cama emprestada e cara, mas onde não doía tanto. Apenas continue porque tudo é só uma fase.
E não se iluda, a vida é isso! A vida é sobre estar no topo, se sentindo a rainha do mundo, para perceber que não podemos e nem devemos ficar parados. A nossa mente pode nos encher de desculpas, de medo, mas o nosso espírito e nossa essência são fortes e poderosos. E nos empurram sempre para o melhor, para a evolução. E a sua evolução é a evolução do todo, de todos os espíritos, de todas as essências e, finalmente, de Deus.
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Apenas continue a nadar.
Seja grande na sua essência.