O Amazonas vive hoje uma das piores secas de sua história. Desde o ano de 2010, a população manauara nunca fora tão atingida como atualmente. Os rios e seus afluentes estão todos secos, sem água, sem vida. Onde antes eram rios caudalosos, cheios de vida, com abundância de peixes, hoje o deserto toma conta, formando uma paisagem aterrorizante e um cenário antes inimaginável.
No ano de 1952, o escritor Leandro Tocantins publicou o livro “O rio comanda a vida”, no qual abordava a dinâmica dos rios na vida dos povos amazônicos. Para ele, os rios eram fonte de vida, meios de transportes, comunicação, cultura, arte, música, literatura; os rios ligavam e prendiam o homem na Floresta Amazônica, traziam fartura, felicidade, sonhos, desejos, medo, respeito e admiração.
“Os caminhos que andam trazem a fortuna ou a desgraça. Quando nas cheias a navegação alcança os sítios mais longínquos, certas vezes as alegrias do feliz acontecimento são toldadas pelas inundações funestas, arrasando culturas agrícolas, tragando barrancos, removendo a pobreza franciscana das barracas, levando desespero aos lares, e constituindo uma séria ameaça à economia” – escreveu ele.
Atualmente os rios da Amazônia estão secos, não há como navegar, não há como alcançar os sítios mais longínquos, as populações estão ficando sem água potável, sem alimento, sem remédio: um desespero só, uma agonia só, uma tristeza só. Nos rios que antes comandavam a vida, hoje a morte impera, a morte é quem comanda: morte da fauna e da flora, dos peixes, das plantas, dos botos.
Se vivo fosse, o que diria hoje Leandro Tocantins sobre os rios da Amazônia? Certamente ele continuaria defendendo a sua tese de que “O rio comanda a vida” e alertaria os seres humanos para os perigos de ações incorretas e práticas danosas ao meio ambiente. Enfim, se os rios da Amazônia estão secando, se a Amazônia está virando deserto, a culpa é exclusivamente do ser humano e não da Natureza.
De toda forma, os estudiosos são categóricos: o que causa a elevação da temperatura da Terra é o aumento da emissão de gases, como dióxido de carbono (CO2), dando origem ao efeito estufa e contribuído grandemente para o aumento dos desertos no mundo. Entre os principais exemplos que causam mudanças climáticas intensas, podemos citar a queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural, além do desmatamento, das queimadas e da poluição ambiental.
Por isso, é urgente e necessário que o ser humano repense a forma como vem se relacionando com a Natureza. Se continuarmos agindo como estamos, poluindo o meio ambiente, extraindo da natureza além do necessário, consumindo produtos e serviços de origem duvidosa, das áreas de preservação ambiental, o nosso fim como espécie será trágico e não tardará.
Que os rios da Amazônia voltem a ser como antes, pois, como escreveu Leandro Tocantins: “O rio, sempre o rio, unido ao homem. Em associação quase mística, o que pode comportar a transposição da máxima de Heródoto para os condados amazônicos, onde a vida chega a ser, até certo ponto, uma dádiva do rio, e a água uma espécie de fiador dos destinos humanos”.
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Oh céus! Que volte a chover logo na Amazônia para que as queimadas diminuam, para que a população urbana e do interior do Amazonas possa respirar melhor, para melhorar a qualidade de vida das pessoas, para acabar com as doenças respiratórias, com o sofrimento de crianças e idosos que lotam os hospitais, enfim, para que os rios voltem a comandar a vida do homem na Amazônia.