Saúde Mental

10 consequências que depressão não tratada pode trazer para a sua vida

Mulher depressiva
Satrio Ramadhan de diversifylens / Canva
Escrito por Eu Sem Fronteiras

A depressão é uma doença que exige acompanhamento terapêutico sistemático. Pode ser leve, moderada ou grave. Mas não tratar a depressão de maneira adequada significa potencializar a ocorrência de distúrbios que afetam o bem-estar e agravam a doença. Descubra 10 consequências que refletem a importância de buscar a ajuda de especialistas.

A depressão afeta mais de 16,3 milhões de brasileiros, de acordo com o IBGE. Muitas vezes, as pessoas não sabem ou não têm acesso ao diagnóstico e orientações adequadas. Por isso, além do transtorno em si, existe outro problema bastante grave: as consequências da depressão.

Quando não tratada como deveria, a depressão pode influenciar no bem-estar do corpo e da mente como um todo. O desamparo, a perda de interesse pelas coisas, as alterações na memória, o cansaço, as dores de cabeça, as mudanças de peso e vários outros fatores são alguns dos sinais de que esse transtorno está tomando conta da vida de alguém.

Se você é uma dessas pessoas ou conhece quem está passando por essa situação, saiba quais são as consequências de conviver com a depressão sem o tratamento adequado:

1 – Queda do sistema autoimune

Sistema autoimune
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O estresse provocado pela depressão induz o nosso corpo a não se colocar em novas situações. O foco é tão concentrado em nos manter vivos que não há disposição ou paciência para outras tarefas. Considerando que o corpo e a mente estão sempre ligados, esse mecanismo faz com que se iniciem conexões neuroendócrinas que acabam tendo impactos no sistema imunológico.

Isso se vê na prática ao constatarmos que pessoas mais depressivas tendem a desenvolver mais doenças autoimunes, como lúpus e diabetes, problemas cardíacos e acidentes vasculares cerebrais. É como se a resposta imune estivesse tão cansado que não funciona direito ou agride até o próprio organismo. No caso de quem tem o transtorno, o risco de infecções de repetição e até de câncer é aumentado, já que o sistema imunológico não consegue combater as células prejudiciais.

2 – Dores regulares sem causa médica

Outra consequência física da depressão são as dores espalhadas pelo corpo. Quem sofre com o transtorno, geralmente se queixa de dor nas costas, nas juntas, nos músculos e em outras regiões do corpo.

Acontece que os neurotransmissores serotonina e norepinefrina são os grandes responsáveis tanto pela dor quanto pelo humor. A alteração em sua produção, uma das consequências da depressão, leva a um desequilíbrio em ambas as esferas. Tanto é que os medicamentos que regulam a produção dos neurotransmissores tendem a diminuir as dores.

E viver com dor é um fator de risco para a depressão, pois afeta o humor e intensifica ainda mais o quadro, em um ciclo vicioso. Quando não tratadas, as dores podem se tornar constantes, crônicas e generalizadas. Muitas vezes, as causas são difíceis de serem encontradas, justamente por essa forte ligação com o emocional.

3 – Problemas cognitivos

Outra grave consequência da depressão aparece a longo prazo e tem a ver com a memória e as funções cognitivas. Estudos comprovam que, quando não tratado, o transtorno pode gerar perdas cerebrais irreversíveis, afetando o raciocínio, a memória e a concentração.

Pacientes com histórico familiar de doenças mentais e abuso de substâncias, como drogas e álcool, estão mais sujeitas a esse tipo de problema. No entanto, qualquer pessoa com depressão pode enfrentar dificuldades cerebrais que interfiram na qualidade de vida e no desempenho psíquico ao longo dos anos.

Os impactos mais visíveis são a dificuldade em tomar decisões e a diminuição na velocidade no processamento de informações.

4 – Insônia

A insônia é outra condição que anda lado a lado com a depressão. Estima-se que cerca de 80% dos pacientes diagnosticados com o transtorno sofram de alguma alteração nos padrões do sono. Tais alterações variam, podendo incluir dificuldade para pegar no sono, dificuldade para manter o sono, sensação de cansaço ao acordar e sonolência durante o dia.

As causas estão relacionadas aos hábitos inadequados de quem tem depressão, como ficar na cama por muito tempo ou tirar cochilos ao longo da tarde, bem como manter-se em isolamento social e não realizar atividades diurnas.

O efeito é vicioso: quanto pior é a rotina de sono, pior é a insônia e, consequentemente, piores são os sintomas depressivos. Não é possível dizer quem antecede quem, mas ambas afetam a qualidade de vida do indivíduo de forma significativa.

5 – Medo constante

Medo
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Outro efeito da depressão é o medo constante, excessivo e sem motivo aparente. As crises de medo e a preocupação exagerada tornam-se parte da rotina de quem tem o transtorno. Na maioria das vezes, não existe um motivo para esse sentimento, o que faz com que a pessoa esteja sempre em estado de alerta.

É uma sensação que extrapola a preocupação comum do dia a dia e chama a atenção de quem está ao seu redor. O medo pode ser pela própria vida, dos amigos e dos familiares ou por causas irracionais. Nos casos mais graves, pode levar a crises de pânico, episódio de paranoia e alterações na autoestima.

6 – Ansiedade

Esse medo pode ainda estar associado à ansiedade, outro transtorno que não raramente aparece junto da depressão. É comum que pessoas com depressão apresentem sintomas ansiosos e pessoas ansiosas apresentam sintomas depressivos. É como se o desgaste emocional causado por uma leve ao desenvolvimento da outra.

Por exemplo, uma pessoa muito ansiosa pode sentir-se sempre incapacitada e em um constante estado de alerta. Frustrada por não conseguir funcionar bem devido a essas limitações, ela pode acabar desenvolvendo inseguranças e problemas de autoestima, que acarretam na depressão.

Além disso, existem fatores genéticos envolvidos. Sabe-se que os transtornos mentais não são motivados por um único gene, mas por um conjunto deles. Na depressão e na ansiedade, já foram mapeados genes em comum que podem aumentar o risco. Dessa forma, o indivíduo tem que lidar não apenas com um, mas com dois transtornos.

7 – Disfunção no meio social e profissional

Os principais sintomas da depressão envolvem cansaço e tristeza. Isso faz com que a pessoa sinta a necessidade de se isolar, recusando convites para sair com amigos e familiares, além de não interagir tanto quanto gostaria no ambiente de trabalho.

Com o tempo, essas recusas podem levar a uma má compreensão por parte dos outros. No trabalho, pode ainda levar a ideia de má vontade ou falta de comprometimento. No relacionamento amoroso, por exemplo, a pessoa pode parecer desinteressada e acabar agindo com grosserias devido às oscilações no humor.

Dessa forma, tanto as relações sociais quanto as relações de trabalho ficam comprometidas, gerando prejuízos e perda de pessoas queridas que poderiam ajudar no enfrentamento do transtorno.

8 – Declínio da autoestima e desafios na intimidade

Muito relacionada aos problemas nas relações sociais, a baixa autoestima é outro fator associado à depressão. O transtorno tende a colocar tudo o que acontece sob um ponto de vista negativo, puxando pensamentos e sentimentos para o lado ruim.

As crenças erradas sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo se tornam predominantes, criando uma ideia completamente distorcida sobre o valor da própria vida. Como consequência, surgem o desânimo, a falta de interesse e o pessimismo.

A pessoa começa, então, a evitar situações sociais e, inclusive, de intimidade, já que a libido também fica comprometida pela falta de interesse. A postura de isolamento atrapalha ainda mais o enfrentamento da situação, pois a afasta dos problemas que devem ser trabalhados.

9 – Perda ou aumento de peso

Transtorno alimentar
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Essa questão da autoestima fica ainda mais fragilizada quando a depressão acarreta em alterações no peso. Isso acontece tanto pela falta de apetite quanto pelas mudanças provocadas pelo transtorno no organismo. Uma delas é a diminuição na produção de dopamina e serotonina, neurotransmissores que vêm, em grande parte, do intestino.

Quando a produção está muito irregular e os níveis estão abaixo do normal, o metabolismo do intestino fica alterado, o que resulta na má absorção dos nutrientes necessários. Em muitos casos, pessoas depressivas perdem de 8kg a 10kg em apenas um mês, mesmo mantendo os hábitos de alimentação que estão acostumados.

O ganho de peso, por sua vez, é ocasionado pelo aumento dos níveis de estresse que colocam o organismo em um constante estado inflamatório. Essa consequência, além de poder levar à obesidade, também está relacionada com o surgimento do diabetes devido à resistência à insulina — hormônio responsável pelo controle das taxas de glicose no sangue.

10 – Infecções e alergias de repetição

Todos os desequilíbrios citados acima, em especial aquele relacionado ao funcionamento do sistema imunológico, deixam o organismo vulnerável a doenças, infecções e alergias de repetição.

O estresse acelera os processos inflamatórios e deixa a pessoa mais suscetível a problemas de saúde. Quando em desequilíbrio, o cortisol, conhecido como “hormônio do estresse”, é o causador de diversos transtornos neuroendócrinos importantes no organismo, afetando diretamente o bem-estar.

Além disso, se houver predisposição genética, pelo estado de fadiga do organismo, outros transtornos podem se desenvolver com maior rapidez e ter mais dificuldade para serem controlados, como é o caso das dermatites.

Como a depressão está relacionada a uma baixa autoestima e um abandono do autocuidado, é frequente que o indivíduo não adote os hábitos necessários para manter as defesas em dia, como alimentar-se de forma balanceada, praticar exercícios físicos e dormir bem. Isso também acaba agravando o quadro do transtorno.

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Portanto, se você tem notado um ou mais dos sintomas, não deixe de procurar ajuda. Além de indicar o caminho que você deve seguir, um psicólogo ou psiquiatra será capaz de te ajudar a ter motivação para percorrê-lo. Não permita que esse transtorno tome conta da sua rotina e busque o apoio das pessoas que te amam. A depressão não é o fim da linha: é possível tratá-la e retomar a qualidade de vida.

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