A tecnologia definitivamente nos consumiu. Permitimos isso. Passamos horas observando telas e imagens, alimentando nosso subconsciente de falsas sensações de felicidade e informação e descartamos cada vez mais o tempo de estarmos com nós mesmos ou com os nossos.
Tornou-se comum nos sentarmos à mesa, cada um com sua tela, e transformamos qualquer oportunidade de socialização num momento de deslize de dedos incessantes nos touchs. Nos prendemos tanto às telas que o desafio atualmente é administrar as atividades em que elas não estão incluídas. O mundo contemporâneo realmente é incrível.
Mesmo com todas as facilidades que isso nos traz, o ser humano está se distanciando cada vez mais de sua essência: os sentimentos e seu espírito.
Delegaram o desenvolvimento dessa parte às religiões e aos coaches, empurrando as responsabilidades que temos individualmente no mundo, de promover a paz, semear bons sentimentos, buscar a felicidade e oferecer coisas boas. Chegamos ao ponto de questionar ou julgar a honestidade das pessoas que fazem o bem, pois não seria possível alguém ser tão altruísta.
Estamos caminhando para um mundo vazio, em que coisas e ações disfarçadas de arte falsamente nos preenchem e, na verdade, como os alimentos industrializados fazem ao corpo físico, estamos inchando nossa alma constantemente de informações imediatistas e superficiais.
Isso não é uma crítica aos avanços necessários da tecnologia, mas é uma reflexão sobre o que estamos nos tornando. Seguimos tantas pessoas nas redes sociais, às vezes consumimos dezenas de cursos, assistimos conteúdos digitais, e será que desejamos veemente ser alguém como eles? Será que hoje temos ícones que nos inspiram, que nos movem o desejo de seguir o mesmo caminho?
E você, com suas atitudes, com suas milhões de tarefas, com seus milhares de likes e seguidores, será que alguém tem o desejo de ser igual a você? Será que você se torna exemplo para o mundo ou está apenas de passagem, rápido como seu dedo na tela.
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Precisamos dar sentido em nossa vida, sendo útil e consumindo coisas uteis. De nada adianta reclamarmos sobre problemas se nem soluções possíveis temos condições de apresentar, ou pior, nem a raiz dos problemas sabemos onde está.
Uma das palavras que podemos utilizar para este ano é o equilíbrio: de emoções, de sentimentos, de tecnologia, sensatez.