Horizontalidade poderia ser o outro nome para heterarquia. Há alguns significados para a horizontalidade, que não se restringem a usar a câmera do celular na horizontal ou não, ou optar por escrever um texto como retrato ou paisagem. Esses significados invisíveis acabam por influenciar-nos, desde a cognição ao sentimento.
Entre os efeitos da horizontalidade está o favorecimento da produção de relações empáticas, inclusivas e que levam em consideração o ambiente. Experimente ver uma pessoa numa filmagem com o celular na vertical, depois, faça o mesmo horizontal. A primeira coisa que vai perceber é que, na segunda opção, você verá a pessoa e suas circunstâncias e na primeira apenas a pessoa destacada do seu entorno. Isso pode significar muito em termos de relações sociais e ambientais.
O eixo horizontal é mais empatizante do que o vertical, ele cria uma abertura ao novo, à experiência, amplia os horizontes do pensar e favorece a produção de sentimentos não previsíveis. A verticalidade favorece a individualização e o pensamento reativo, solicita à crítica antes da experiência, objetiva o sentir. Individualiza, desenvolve a consciência, mas pode produzir separatividade. São efeitos da forma e do espaço na produção de subjetividade.
Nas relações pessoais e sociais, em especial, no trabalho e na família, também podemos observar determinada ênfase nos vetores horizontais e verticais. Em termos de estruturação dessas relações, há na atualidade uma tendência à horizontalização, que vem sendo constantemente agredida por uma força verticalizadora que quer conservar os antigos esquemas hierárquicos.
Horizontalizar produz uma dinâmica de forças também conhecida como heterarquia. A heterarquia difere da hierarquia pela sua estrutura de poder. A distribuição do poder não é do tipo: chefe-subordinado, pai manda filhos e mãe obedecem ou mãe controla e o restante da família se submete. O sistema heterárquico não requer controle centralizado vertical, não subordina um ao outro. Predomina uma ordem consensual, onde cada um pode responder por filiação de ideias, em liberdade associativa, sem precisar se sujeitar ao comando superior ou ao controle externo.
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Nas empresas, já existem inúmeros exercícios e experimentações de gestão horizontal. Neles, a missão, os objetivos, a direção que a empresa, projeto ou iniciativa elege para si deve ser muito clara e todos os integrantes do processo devem sentir-se empatizados e afinados com esses objetivos. Mas, e na família? Como se dariam relações heterárquicas na educação familiar? Será que estamos preparados para distribuir o poder na família?
