Me lembro como se fosse hoje. Liguei para um aluno e perguntei sobre o funcionamento de um lugar que eu precisava visitar. Do outro lado da linha, ele me respondeu com simplicidade: “Carol, eu não sei, porque não frequento mais, mas vou buscar as informações para você.” Minutos depois, ele me enviou os horários de funcionamento e o endereço. Curiosa, perguntei por que ele tinha parado de ir lá. E então ele disse algo que, naquele momento, não fez sentido para mim: “Tive um encontro com Deus.”
Confesso, não dei importância. Aquilo parecia tão distante da minha realidade que nem considerei o que ele estava tentando me dizer. E, ironicamente, também não fui ao lugar que ele me indicou, como se, sem perceber, eu já estivesse fechando os ouvidos para algo maior.
A partir daquele dia, ele começou a me mandar vídeos de pregações. Coisa simples, despretensiosa. Eu assistia a todos, mas sem imaginar o impacto que eles teriam na minha vida. Foi ali, de maneira tão suave, que minha conexão com Deus começou a crescer. Cada vídeo me fazia orar um pouco mais, conversar com Ele um pouco mais… mas ainda sem perceber que minha vida precisava de uma mudança. Eu achava, com plena convicção, que já estava no caminho certo.
Então, tudo que parecia perfeito começou a desmoronar. O que antes fazia sentido começou a desandar. Eu estava fora do Brasil, longe de tudo e de todos, e, de repente, me vi com 24 horas para deixar o lugar onde estava morando. E era Natal. Sim, Natal. Ainda hoje me pergunto o que faz alguém despejar uma pessoa no Natal. Mas Deus sabia o que estava fazendo, mesmo quando eu não entendia.
Na correria, organizei minhas coisas e encontrei um hostel online. Reservei 10 dias, sem saber o que faria depois. No dia de Natal, recebi mais uma mensagem do aluno com uma pregação. Era algo comum para ele, mas para mim, naquele momento, foi uma chama de esperança. O hostel era moderno, aconchegante e, enquanto pintava um cartão postal à mão, ouvindo aquela pregação, algo dentro de mim mudou. O pastor fez um convite para que as pessoas se entregassem a Jesus, e eu, sem hesitar, ergui minhas mãos o mais alto que pude. Ali, naquele espaço cheio de desconhecidos, minha alma se rendeu. “Deus, sou Sua filha. Eis-me aqui. Entrego minha vida em Suas mãos.”
Era um ato de entrega, simples e profundo. E naquele mesmo dia, algo em mim despertou. Cancelei a passagem que tinha reservado para dali a dois dias, adiantei minha volta e fiz uma nova reserva em outro lugar. Quando fui fazer o check-out, o atendente me lembrou que eu ainda tinha diárias restantes, mas eu sabia, com cada fibra do meu ser, que precisava partir. E fui.
Os dias que seguiram foram mágicos. Eu não saberia descrever de outra forma. Era como se Deus estivesse guiando cada passo meu, me presenteando com momentos de paz e renovação. Depois disso, cheguei ao lugar onde passaria um mês, e, durante esse tempo, assisti as pregações todos os dias. Aprendi a buscar os vídeos sozinha, mas, em segredo, sentia falta de abrir minhas mensagens e encontrar, do nada, mais um vídeo enviado por aquele aluno. Não sei se ele tem ideia do quanto isso foi significativo para mim. Talvez ele nunca saiba o quanto me ajudou, de forma tão silenciosa e tão constante.
Quando voltei ao Brasil, tudo parecia um caos. Ninguém te prepara para o retorno depois de quase um ano fora. Eu me sentia perdida, sem propósito, sem chão. Tudo o que eu queria era voltar para onde estava, mas sabia que não podia. Foi um momento difícil, mas continuei firme, assistindo aos vídeos, orando, mantendo minha fé. E, em 10 dias, aquilo que parecia o fundo do poço se transformou. A tristeza pós-viagem se dissipou, e eu me levantei com uma força que nem sabia que tinha. Comecei a planejar negócios, a pensar em como retomar minha vida com mais clientes, mais trabalho. Sentia-me renascida.
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Foi então que recebi o convite para participar de um evento de empreendedoras. Essa história, bom… essa você já conhece. E se não conhece, te convido a descobrir.
Deus tem trabalhado em minha vida de maneiras que, até hoje, me deixam sem palavras. Ele é um Deus de milagres. E, olhando para trás, sei que não teria chegado onde estou sem aqueles pequenos atos de generosidade, vindos de alguém que, na sua simplicidade, mudou minha trajetória. Sou profundamente grata a esse aluno, que se tornou um amigo. Torço e oro para que Deus continue iluminando o caminho dele, assim como ele iluminou o meu, mesmo que de longe.
Algumas pessoas entram em nossas vidas de mansinho, quase sem percebermos, mas deixam marcas que carregamos para sempre. Que Deus cuide de cada passo dele e de cada passo seu, assim como cuidou dos meus.