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O final de ano e a angústia: reflexões e perspectivas

Imagem de uma sala decorada para o Natal e festas de final de ano. Em destaque, a foto de uma menina de cabelos longos e cacheados, sentada no chão com o semblante triste.
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Escrito por Carla Marçal

O final do ano pode despertar angústia devido a lutos, pressões sociais e reflexões sobre o passado. Entenda como redefinir expectativas, praticar autocompaixão, estabelecer limites e buscar conexões significativas para transformar essa época em um momento de bem-estar emocional e renovação.

O final do ano é um período ambivalente para muitas pessoas. Enquanto alguns celebram conquistas, reencontros e festas, outros enfrentam sentimentos de angústia, tristeza e solidão.

Essa época do ano, que muitas vezes carrega expectativas de felicidade e prosperidade, também pode revisitar emoções difíceis, acentuando conflitos internos ou interpessoais.

Sob a ótica da psicologia, compreender as razões por trás dessa angústia e buscar formas de lidar com ela é essencial para promover o bem-estar emocional.

Expectativas Sociais e Pressão para a Felicidade

Um dos principais fatores que contribuem para o desconforto emocional no final do ano é a pressão social para estar feliz. As campanhas publicitárias, redes sociais e encontros familiares frequentemente criam uma imagem idealizada dessa época, na qual tudo deve ser perfeito.

Para quem não está em sintonia com esse cenário — seja devido a luto, dificuldades financeiras ou problemas de saúde mental —, a discrepância entre a realidade vivida e as expectativas impostas pode gerar frustração e tristeza.

Um estudo realizado pela National Alliance on Mental Illness (NAMI) revelou que 64% das pessoas que já lidam com problemas de saúde mental relataram que o final do ano exacerba seus sintomas, incluindo ansiedade e depressão.

A pesquisa destaca que as razões para isso incluem o aumento da pressão social, a percepção de solidão e a sobrecarga emocional associada às celebrações.

Luto e Ausências

O final de ano também carrega um simbolismo forte de fechamento e retrospectiva. Para aqueles que perderam entes queridos, essa época pode ser especialmente difícil. As tradições que antes incluíam a presença de pessoas importantes agora destacam sua ausência, tornando o período um lembrete doloroso de perdas.

Segundo um estudo publicado no Journal of Affective Disorders (2019), períodos de festividades estão associados a um aumento significativo nos sintomas de depressão em pessoas enlutadas.

Imagem da mão de um homem tocando uma lápide e na outra mão ele segura uma rosa vermelha, simbolizando a perda, o luto por uma pessoa.
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O estudo apontou que práticas culturais e religiosas que envolvem a celebração coletiva podem intensificar a percepção de isolamento em indivíduos que experimentam o luto, mesmo quando cercados por outras pessoas.

Reflexões sobre o Passado e o Futuro

Além do luto, o final do ano também é um momento de balanço. As pessoas revisitam suas metas, conquistas e desafios do ano que passou, o que pode trazer à tona sentimentos de arrependimento, fracasso ou insatisfação.

A revisão de eventos do passado pode ser acompanhada pela ansiedade em relação ao futuro, criando um ciclo de angústia que dificulta a conexão com o presente.

A Solidão na Multidão

Outra questão recorrente nessa época é a solidão, que pode se manifestar de diferentes formas. Para quem vive sozinho, o final do ano pode intensificar o sentimento de isolamento. Já para aqueles que estão cercados por pessoas, mas sentem desconexão emocional, o contraste entre estar fisicamente acompanhado e emocionalmente solitário pode ser igualmente doloroso.

Esse fenômeno foi abordado por um estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine (2020), que analisou os efeitos da solidão durante períodos de festividades. Os pesquisadores descobriram que a percepção de não pertencimento — mesmo em contextos sociais aparentemente acolhedores — é um fator preditivo de sintomas depressivos e pode ser agravada por interações sociais superficiais ou conflituosas.

O Papel das Relações Familiares

As reuniões familiares, muitas vezes vistas como um momento de reconexão, também podem ser fontes de estresse.

Conflitos não resolvidos, diferenças de valores ou expectativas irrealistas podem transformar encontros em situações emocionalmente desgastantes.

Imagem de um grupo de pessoas reunidas e de mãos dadas simbolizando as relações familiares e o seu papel no final de ano.
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Além disso, a obrigação de participar de eventos familiares pode ser percebida como uma perda de autonomia, gerando ressentimento ou desconforto.

Estratégias para Lidar com a Angústia

Embora o final do ano possa trazer desafios emocionais, existem estratégias que podem ajudar a aliviar a angústia e promover uma experiência mais equilibrada.

Redefinir Expectativas

Aceitar que nem tudo precisa ser perfeito é um passo importante. Estabelecer metas realistas para o período, priorizando o bem-estar emocional em vez de atender a expectativas externas, pode reduzir a pressão e permitir uma vivência mais autêntica.

Praticar a Autocompaixão

Tratar-se com gentileza e compreensão em momentos de dificuldade é essencial. Reconhecer suas emoções como válidas e evitar julgamentos sobre como você “deveria” se sentir pode trazer alívio e perspectiva.

Estabelecer Limites

Para aqueles que encontram dificuldades em interações sociais ou familiares, aprender a dizer “não” e respeitar os próprios limites é fundamental. Participar de eventos apenas quando for confortável e significativo ajuda a proteger a saúde emocional.

Buscar Conexões Significativas

Construir ou fortalecer laços com pessoas que compartilham valores semelhantes pode ajudar a reduzir a sensação de isolamento. Essas conexões podem ser cultivadas por meio de pequenos gestos, como mensagens de carinho ou convites para conversas mais profundas.

Planejar Momentos de Reflexão Pessoal

Criar espaços para pensar sobre o ano que passou e planejar o próximo pode ser uma forma saudável de processar emoções. Isso pode incluir a escrita de um diário, práticas de mindfulness ou até mesmo o estabelecimento de rituais pessoais de gratidão.

Considerar Ajuda Profissional

Se os sentimentos de angústia se tornarem muito intensos ou persistirem, buscar o apoio de um psicólogo ou terapeuta pode fazer a diferença.

Imagem de várias pessoas reunidas em uma sessão de terapia de grupo
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A terapia é um espaço seguro para explorar emoções, compreender padrões e desenvolver estratégias para lidar com desafios emocionais.

Construindo Novos Significados

Transformar o final do ano em um momento de significado pessoal, em vez de apenas seguir convenções sociais, pode ser libertador. Criar novas tradições, explorar interesses ou dedicar tempo ao autocuidado são formas de ressignificar essa época.

Além disso, reconhecer que não existe uma forma “certa” de viver o final do ano ajuda a reduzir a comparação com os outros e a buscar caminhos mais alinhados às próprias necessidades e valores.

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O final do ano, com sua mistura de celebrações e desafios, é um período que convida à reflexão e ao cuidado emocional. Para aqueles que enfrentam angústia, compreender os fatores que contribuem para esses sentimentos e adotar estratégias para lidar com eles é um passo importante na construção de uma experiência mais saudável e equilibrada.

A psicologia nos lembra que o autoconhecimento e a busca por conexões significativas são ferramentas poderosas para enfrentar momentos difíceis. E, acima de tudo, aceitar a própria vulnerabilidade como parte da experiência humana pode ser o primeiro passo para transformar o final do ano em um tempo de renovação e autocompaixão.

Sobre o autor

Carla Marçal

De uma carreira de destaque em grandes corporações à busca incansável por um propósito mais profundo, minha jornada de vida tem sido uma busca constante por significado e realização. Como psicóloga integrativa de formação, alcancei o sucesso profissional em níveis diretivos, acumulando todas as conquistas tradicionalmente associadas à felicidade.

No entanto, sempre senti que faltava algo, uma lacuna na minha busca pela plenitude. Paralelamente à minha carreira, mergulhei nos estudos do comportamento humano, obtendo formação como psicodramatista e aprofundando meu conhecimento em coaching, PNL, antroposofia e outras técnicas. Meu objetivo era claro: auxiliar indivíduos e organizações a prosperarem em processos de mudança, humanização e desenvolvimento pessoal e profissional. Mas ainda assim, algo essencial parecia escapar.

Em 2017, um diagnóstico de câncer de tireoide transformou minha vida de maneira profunda. Optei por um período sabático que se revelou um mergulho profundo em busca do meu verdadeiro propósito. Devorei livros, concluí cursos com diversos mentores e explorei todas as ferramentas disponíveis para desvendar meu destino. Foi nessa jornada de autoconhecimento que encontrei o ThetaHealing®, e minha vida deu um giro transcendental.

De cliente, me tornei terapeuta e instrutora oficial dessa incrível técnica. Além disso, obtive a certificação como operadora de mesa quântica estelar e mesa quântica estelar-pets, além de me tornar professora de MQE. Hoje, sou movida por uma paixão ardente pelo que faço, e vivo plenamente de acordo com meu verdadeiro propósito: espalhar luz, boas vibrações, alegria e energias positivas para ajudar pessoas e o planeta a desfrutar de uma vida plena e feliz.

Minha maior realização é auxiliar pessoas e animais a alcançarem a saúde mental, emocional e física que merecem. A transformação de vidas é a essência do meu trabalho, e estou dedicada a disseminar cura, amor e crescimento, proporcionando uma jornada de descoberta e renovação para todos aqueles que cruzam o meu caminho. Acredito que todos podem alcançar um estado de harmonia, e é isso que me impulsiona a continuar, cada dia, nessa incrível jornada de cura e evolução.

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