Imagine acordar todos os dias com uma mistura de sentimentos que você mal consegue nomear.
Em um momento, há um vazio tão profundo que parece consumir tudo ao seu redor.
No outro, um turbilhão de emoções toma conta, como se sua própria mente fosse uma tempestade incontrolável.
Direto ao ponto
Assim é o início do dia para muitas pessoas que vivem com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).
O despertar: entre o vazio e a sobrecarga
O despertador toca. O primeiro pensamento pode ser uma sensação esmagadora de inutilidade ou um vazio inexplicável. Mesmo assim, você levanta, porque, apesar de tudo, há uma fagulha de esperança, uma voz interna dizendo que talvez hoje seja diferente.
Conforme o dia avança, pequenas coisas podem desencadear reações intensas. Um olhar atravessado de um colega, uma mensagem ignorada ou uma frase mal interpretada podem parecer provas irrefutáveis de rejeição ou abandono. Para quem vive com TPB, esses momentos não são apenas irritantes ou tristes – eles doem na alma e podem gerar explosões de raiva, tristeza profunda ou uma sensação esmagadora de inadequação.
As relações: um campo minado emocional
As interações sociais, especialmente com pessoas próximas, são intensas. Você ama profundamente, mas também teme ser abandonada(o). Uma discussão simples pode rapidamente escalar para um sentimento de que o relacionamento está em risco.
Você tenta se proteger afastando a pessoa antes que ela possa te machucar, mas, no minuto seguinte, quer desesperadamente reatar e garantir que ela não te deixe.
O trabalho: uma montanha-russa de emoções
No ambiente profissional, manter a estabilidade é um desafio. Você pode se sentir altamente motivada(o) e produtiva(o) em um momento, mas, no seguinte, qualquer crítica ou feedback negativo pode ser devastador.
Esses altos e baixos drenam sua energia, deixando você exausta(o) antes mesmo do almoço.
A autocrítica: um inimigo silencioso
Ao longo do dia, uma voz interna cruel não para de apontar suas falhas e erros. Você se sente culpada(o) por não ser “forte o suficiente”, por suas reações intensas ou por não conseguir manter relações saudáveis.
Essa autocrítica constante pode levar a comportamentos autodestrutivos, como isolamento, compulsão alimentar ou, em casos extremos, automutilação.
O final do dia: reflexões e esperança
Ao anoitecer, você está emocionalmente drenada(o). Os momentos de paz são raros, mas quando acontecem, você tenta aproveitá-los ao máximo. Algumas vezes, você encontra alívio em atividades simples, como ouvir música, desenhar ou escrever.
No entanto, o sentimento de vazio pode voltar, fazendo você questionar o sentido da sua existência. Apesar disso, algo dentro de você continua lutando. E isso é incrível, mesmo que você não perceba agora.
Como viver melhor com TPB
Se você se identificou com essa história, saiba que você não está sozinha(o). Existem caminhos para tornar essa jornada mais leve:
Procure ajuda profissional
Um(a) psicólogo(a) especializado(a) pode ajudar você a entender melhor suas emoções e desenvolver estratégias para lidar com elas.
Terapias como a Terapia Comportamental Dialética (DBT) têm resultados positivos para quem vive com TPB.
Construa uma rede de apoio
Encontre pessoas que te compreendam e aceitem sem julgar.
Isso pode incluir amigos, grupos de apoio ou familiares empáticos.
Pratique o autocuidado
Reserve momentos para cuidar de si mesma(o), mesmo que sejam pequenos. Atividades como meditação, exercícios físicos ou hobbies podem ajudar a aliviar o estresse.
Evite se punir
Lembre-se de que você é humana(o) e tem direito de sentir. Não se culpe por suas emoções; em vez disso, tente entendê-las.
Aprenda a identificar seus gatilhos
Reconhecer o que desencadeia suas reações intensas é um passo essencial para gerenciá-las.
Você também pode gostar
Estabeleça limites saudáveis
Seja em relações ou no trabalho, aprender a dizer “não” é fundamental para preservar sua energia emocional.
Uma mensagem final
Conviver com TPB pode ser desafiador, mas não define quem você é. Você é muito mais do que suas emoções intensas. Com o tempo, ajuda e autocuidado, é possível construir uma vida equilibrada e plena. E lembre-se: cada pequeno passo que você dá em direção à sua saúde mental é um grande ato de coragem.