Saúde Integral

Dengue, Zika e Chikungunya: A Homeopatia pode ajudar

Escrito por Dr. Paulo Daruiche

Assunto atual, essas doenças tem preocupado muito a população, e tem sido motivo de muitas polêmicas. Vamos ver o que são, quais as diferenças e como a Homeopatia pode ajudar neste caso.

O mosquito Aedes aegypti é o vetor transmissor da Dengue, Zika e Chikungunia (ele também transmite a febre amarela). Ele mede cerca de 1 cm, é preto com listras brancas pelo corpo e patas (veja foto). Tem hábitos diurnos e voa baixo, picando as pernas. Age mais no começo da manhã e no fim da tarde, e sua picada não dói nem coça na hora. O mosquito vive perto das casas, e põe seus ovos em águas relativamente limpas e paradas. Isto faz dos depósitos domiciliares o principal “berçário” de mosquitos, pois é onde as larvas crescem.

Dengue

Trata-se de palavra espanhola que significa “trejeito” ou “contorção”, pois nos casos típicos o doente acusa dores mais ou menos intensas nas articulações ou músculos, que fazem o indivíduo contorcer-se. A moléstia é conhecida pelos ingleses com o nome de “Breakbone fever”, ou “febre quebra-osso” (Maffei, Os Fundamentos da Medicina).

Há duas formas clínicas, uma mais branda (a dengue clássica) e outra mais grave (a dengue hemorrágica, ou Febre Hemorrágica da Dengue). Um contato anterior aumenta o risco da pessoa ter a forma mais grave numa segunda vez.

Dengue Clássica: Em cerca de 20% dos casos, os sintomas são leves (“gripais”). Os sintomas são febre de até 7 dias, com pelo menos duas das seguintes queixas:

  • Prostração, cansaço extremo;
  • Dor de cabeça/atrás dos olhos (típico desta doença);
  • Dores nas articulações/músculos;
  • Rash (“vermelhão”) pelo corpo, coceiras;
  • Desconforto abdominal, náuseas, vômitos esporádicos, falta de apetite;
  • Hemorragias leves;
  • Aumento dos gânglios após o 3° dia de febre.

Sinais de Alarme: dor abdominal, vômitos, queda de pressão, aumento doloroso do fígado, sangramento de mucosas, hemorragias, sonolência/ agitação e irritabilidade, falta de ar, hipotermia (corpo gelado), alterações do exame de sangue (diminuição das plaquetas e aumento de hematócrito).

Dengue Hemorrágica: todos os sintomas da dengue clássica, mais os seguintes (a partir do 3o dia de febre): Petéquias e equimoses (“vermelhão” e “roxos” pelo corpo); Sangramentos: nariz, gengivas, por vômitos, pelas fezes (sangue vivo ou fezes escuras como “borra de café”), pela urina, vaginais; Aumento doloroso do fígado; Dor abdominal intensa e contínua; Vômitos persistentes; Queda de pressão arterial; Redução da urina. A forma mais grave (Choque), é a piora da dengue hemorrágica, e tem alta mortalidade. O paciente fica agitado, boca e extremidades roxas, as plaquetas caem muito, e ocorre o “choque” (coração não consegue bombear o sangue).

Chikungunya

É uma doença viral causada por um RNA vírus. Comum nas regiões subtropicais e tropicais da África, Oceano Índico, e no sul e sudeste asiáticos, seu nome significa “aquele que se dobra” na língua Swahili (Tanzânia), e é uma referência à postura dos pacientes que não conseguem endireitar o corpo por causa das dores nas articulações. A infecção assintomática é rara. O quadro clínico desta doença é muito semelhante ao da dengue clássica, mas mais intenso:

  • Febre alta e de início súbito;
  • Intensa dor nos músculos e nas articulações (especialmente punhos e tornozelos);
  • Inchaços dolorosos das juntas ou perto delas (isto não ocorre na dengue);
  • Pode haver dor de cabeça, sensibilidade à luz e vermelhidão pelo corpo (exantema /“rash”).

Esta doença, diferentemente da dengue, só ocorre uma vez. Apesar de não ter a mortalidade da dengue hemorrágica, ela demora mais para aliviar as dores, e pode deixar como sequelas artrites crônicas.

Zika

Provocada por um RNA vírus do gênero Flavivirus, que foi isolado pela primeira vez em 1947, no soro do macaco Rhesus na floresta Zika, de Uganda (África). A primeira vez que foi isolado em humanos foi em 1954, na Nigéria. Atualmente esta doença tem sido detectada em epidemias em várias partes do mundo, o que a torna emergente e de interesse mundial. Pode ser transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e também por transfusões, por via sexual ou no momento do parto para o bebê. A evolução é branda, e não existem relatos de casos que se tornam crônicos, complicações ou mortes por esta doença. A maioria dos casos é assintomática, e evolui bem.

O quadro clínico desta doença é:

  • Febre (3 a 7 dias);
  • Olhos bem vermelhos (o que pode confundir com sarampo);
  • Dor de cabeça;
  • Dores nas articulações/músculos, podendo haver inchaço nas articulações;
  • Rash (“vermelhidão”) pelo corpo, com placas ou pontos que coçam muito (exantema maculo-papular);
  • Diarréia, mal-estar.

Recentemente, tornou-se alarmante ao ser associada com a maior incidência de bebês com microcefalia no Brasil, mas esta associação é questionável, por não termos dados suficientes para essa conclusão (o próprio Ministério da Saúde não divulga dados adequados, o que torna o assunto polêmico).

O que é a microcefalia?

A microcefalia é o nome técnico para “cabeça pequena”. São crianças que, ao nascer, apresentam o diâmetro da cabeça, ou perímetro cefálico, menor que 32 cm (definição válida no Brasil desde dezembro/2015). Identificar essas crianças é importante porque existem doenças, algumas graves, que precisam ser investigadas, como certas síndromes que provocam retardo mental. O que ocorre é que a maioria das crianças com suspeita de microcefalia terá uma vida normal, sem nenhuma sequela ou complicação; terá talvez a cabeça apenas um pouco menor quando comparada a outras crianças, talvez nem isso (vejam, o bebê com menos de 40 semanas que nasce de parto via cesariana pode ter o perímetro cefálico menor que 32 cm, mas não tem microcefalia – é apenas ainda pequeno).

A microcefalia tem sido associada ao zika porque o vírus foi identificado no liquor (líquido que banha o cérebro) de crianças que nasceram com suspeita de microcefalia. Mas isto não significa que o vírus provoca a microcefalia, significa apenas que foi encontrado. Explicando melhor: se houver uma epidemia muito grande de zika (como houve em Pernambuco), esperamos encontrar muitas pessoas doentes, incluindo gestantes e bebês. Significa que a doença está por toda a parte. Vou dar um exemplo que vi acontecer, para explicar melhor esse assunto. Quando eu estava na faculdade de medicina, auxiliei na necrópsia do corpo de uma senhora idosa, de 90 anos, trabalhadora da roça, que falecera de causas aparentemente naturais. Encontramos um câncer de útero. Perguntamos à familia, que confirmou que ela não tinha nenhuma queixa que pudesse ser relacionada ao câncer encontrado. Portanto, ela morreu com o câncer, e não pelo câncer. O câncer apenas estava lá, mas não era a causa da morte. Isto acontece com mais frequência do que se imagina. O mesmo ocorre com o zika: encontrar o vírus não siginifca que ele causa a microcefalia, significa apenas que ele foi encontrado. E há outros pontos: um deles é que no Brasil a microcefalia não vinha sendo notificada de forma adequada, por isso esse aparente aumento dos casos. Entre outros.

Como a Homeopatia pode ajudar nestes casos?

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A Homeopatia tem ajudado a combater as epidemias desde o seu surgimento. Podemos utilizar os medicamentos homeopáticos tanto no tratamento dos quadros agudos, quanto prevenindo as epidemias. Para tratar um quadro agudo (por exemplo, uma pessoa com dengue), o método utilizado pela homeopatia (que é o mesmo para tratar qualquer caso agudo) consiste em individualizar aquele caso, e prescrever o medicamento mais adequado para curar todos os sintomas apresentados por aquela pessoa.

Para agir como preventivo, a medicação é escolhida a partir do “Gênio Epidêmico” daquela epidemia ou surto. Isto é feito da seguinte forma: a escolha do medicamento depende do conjunto de sintomas apresentados por aquela população na ocasião de cada surto. Ou seja, o medicamento não é específico à doença a ser prevenida, mas sim ao conjunto de sintomas que a maioria dos doentes apresente durante determinado surto epidêmico. Assim, se houver duas epidemias de uma mesma doença na mesma população (em épocas diferentes), o medicamento utilizado pode não ser o mesmo. Foi usando este método que Hahnemann impediu a propagação da escarlatina na Alemanha no séc. XVIII com a utilização de Belladonna, e a púrpura miliar em 1801 com o medicamento Aconitum napellus.

A Homeopatia pode ser de grande ajuda para o tratamento dos doentes de dengue, zika e chikungunya nos quadros agudos destas doenças, acelerando a cura e impedindo que formas mais graves ou sequelas ocorram. Também pode ser usada como preventivo na epidemia. E finalmente, pode ser utilizada por qualquer pessoa para melhorar os mecanismos de defesa, restaurando a saúde.

Além do medicamento homeopático usado como preventivo e/ou curativo, outras medidas simples podem ajudar, como não deixar água acumulada; fechar bem os sacos de lixo; descartar adequadamente latas, garrafas, potes, etc. (não deixar no quintal ou jogadas em terrenos); não deixar exposto qualquer objeto que possa acumular água; guardar pneus sem uso em local seco e coberto; tampar bem poços, caixas d’água e outros depósitos (se não tiver tampa, usar tela fina); secar e limpar as lajes, e desentupir as calhas; e cuidado com plantas: deixe o vaso sempre seco, com areia ou pó de café nos pratos (cuidado especial com bromélias ou outras que acumulem água).

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E, por fim: cuide bem da sua saúde. Hábitos de vida inadequados podem prejudicar nossos mecanismos de defesa e facilitar o surgimento de doenças. Sabemos que pessoas com doenças crônicas tem maior chance de desenvolver formas mais graves de quaisquer doenças, inclusive estas. Portanto, cuide-se. Preserve sua saúde se você não tem nenhuma doença crônica, e trate-se de forma adequada se você tem. Até breve!

Sobre o autor

Dr. Paulo Daruiche

Médico Homeopata e Psicanalista, formado em 1994. Mestre pela UNIFESP / Saúde Coletiva, com pesquisa sobre Homeopatia nas Epidemias. Membro do Grupo de Estudos Homeopáticos de São Paulo “Benoit Mure”, onde é professor assistente no curso de pós graduação de Especialização em Homeopatia desde 1999. Membro do Corpo Clínico e Científico do Instituto Hahnemanniano George Galvão ­(IHGG). Membro da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica.

Atende adultos e crianças, ministra palestras, cursos e workshops abertos para o público nas áreas de Homeopatia em geral, Saúde Integral, cura e prevenção de doenças, Saúde Mental e Espiritual e Vida Saudável, e em muitos momentos dedica-­se à música, meditação, Yoga, e outras práticas.

E-mail: paulo.homeopatia@uol.com.br
E-mail Physis Saúde Integral: contato@saudephysis.com.br
Site: www.ihgg.com.br
Telefones: (11) 2276-0008 / (11) 98829-8607