Em um mundo cada vez mais “ostentação” e voltado para a exposição dos bens, estejam as pessoas na classe E até a A, vemos seres humanos vivendo em torno de seus produtos como se as marcas os criassem e definissem sua posição na sociedade.
Nada contra o processo capitalista de exposição e valor agregado na psicologia do consumo. Aliás, as marcas estão em seus “cantos”, apenas comercializando seus produtos e serviços, e nada mais natural. Agora, se aceita ou simplesmente compactua que um determinado bem ou marca vale mais que você, de fato, poderá refletir sobre a questão ao ler este artigo.
No passado longínquo, os filósofos nos ensinaram que o poder, a força e o respeito eram conquistados verdadeiramente pelo caminho do conhecimento e a busca da sabedoria regida pelo amor. Isso ficou para trás, mas ainda resiste um grupo de pessoas em extinção que observa a inteligência e a busca da sabedoria evolutiva do ser como principal forma de poder.
Até mesmo entre acadêmicos, teóricos e estudiosos de qualquer matéria, observam-se alguns profissionais esbanjando e expondo de forma exacerbada seus bens. Sua inteligência e humildade pedagógica, obviamente, sofre perda de valor neste processo, se é que existe.
E o que falar dos “religiosos ostentação?” Do vinho mais caro e o rebanho com fome à teologia da prosperidade. Não vou entrar no mérito de que se as referências que as religiões seguem estivessem aqui para dizer sobre a riqueza e a luxúria, sobre a miséria e a ignorância, serviria de orientação espiritual para evitar fuga do tema deste artigo.
Certa vez, fui apreciar uma aula demonstrativa de yoga e a professora dizia aos seus alunos – ou melhor, àquele público melhor colocado social e economicamente – o quanto deviam ajudar ao próximo. Ao sair da aula, todos juntos viram um mendigo do outro lado da rua e adivinhem? Ninguém fez nada para ajudá-lo, possivelmente pelos julgamentos, muletas e dogmas criados para não se dar o trabalho de ajudar o próximo.
Onde fica a coerência entre o que se diz e o que se pratica de fato? Culpa da “anestesia” ostentação que, na verdade, faz passar batido o entendimento do sentido da bondade e sentimentos movidos por amor, como a caridade na prática e a solidariedade suprema.
Esta cegueira de olhos abertos provoca anestesia comportamental, e acima de tudo atitudinal, quando a segregação e o preconceito latejam forte nos pensamentos intrínsecos e expelem de forma latente as ações de diferenciação humana. Por isso, não esperar pelos outros transforma você em um exemplo a ser seguido, e a linguagem do amor te torna considerado modelo, este é o maior legado.
Que as pessoas sempre tiveram uma inclinação aos bens, isso é sabido.
Da exposição do ouro por reis e igrejas, à cobiça da plebe que nunca pôde acessar os bens, hoje vivenciadas nas comunidades pelo funk ostentação. Atualmente, vemos a ostentação moldar até mesmo o jeito de ser e a filosofia de vida das pessoas, motivos estes que regem a ideia central deste artigo.
O que temos que refletir é o processo de insanidade mental das pessoas que assim pensam, frente à mudança de comportamento e a evolução indagativa do ser. Das classes mais favorecidas que torcem o nariz ao observarem alguém emergente conquistar um sonho de consumo, como se não o pudesse fazer, passando pelas pessoas menos favorecidas que acreditam ter conquistado seus bens, mas sem nenhum valor para a independência financeira, vivendo somente o agora, chegando ao extremo das pessoas que tiram a própria vida quando perdem repentinamente até mesmo parte de seu capital.
Para ser ostentação tem que ser completo, tem que expor, publicar preferencialmente nas redes sociais, a “síndrome do exibicionismo”. Dos posts fisiológicos aos da autorealização, passando por edições de photoshop das fotos onde as pessoas nem se parecem com elas mesmas, podemos perceber visualmente traços dessa mudança de identidade. Tudo é composto e faz parte do teor dessa refração de imagem no espelho da realidade.
Se você pertence ao grupo das pessoas que buscam o autoconhecimento, rege-se pelo interesse da sabedoria humana, e não deixa que seus sonhos tangíveis que passem pela aquisição de bens traga a você ansiedade, estresse e depressão – o que, diga-se de passagem, é quase impossível neste mundo competitivo e veloz – este artigo também é para você. Preferencialmente aos ansiosos, compulsivos, estressados e deprimidos pela dependência do capital, só tenho uma afirmação a fazer: só é possível conquistar o verdadeiro sucesso e liberdade se sua perseverança tiver munida do amor sem fins lucrativos.
Se você assistir a vida dos outros querendo ser como eles porque possuem bens, nunca irá entender que está em você a fonte da juventude e do sucesso e, mais que isso, a do poder! Por isso, é tão importante não rotular os indivíduos, os classificando por status ou coluna social. Se as pessoas fazem isso, tenha certeza de que elas são, no mínimo, os vestígios do sucesso do outro. Ver a vida com amor, sem fins lucrativos, lhe dá uma visão de que as pessoas são seres humanos e não bens ou um pedaço de carne.
Faça um teste por um dia e aceite este desafio: higienize sua mente para não julgar as pessoas pelo o que elas têm e ainda esqueça da arrogância, prepotência, preconceito, para perfazer seu sonho.
Mas como fazer isso? Pare de se preocupar com as forças externas que você não controla! O que ganha com isso? No mínimo, você permite se conhecer um pouco mais sem tanta dor de cabeça, o que torna seu juízo de valor mais saudável, permitindo o valor do reconhecimento humano. É importante dizer que de nada vale ter fé, se você não praticar a troca da evolução pelo amor em forma de caridade aos que passaram pelo sucesso, sejam anônimos ou ainda conhecidos.
De forma alguma se deve parar de sonhar, e se seus sonhos passam pela conquista que envolve valores expressos monetários, a principal moeda de troca deve se concentrar no esforço que deve ser feito, no trabalho de formiguinha e no quão honesto e ético você está sendo para conquistá-lo, sem seguir atalhos do caminho ostentação que geram circunstâncias mais “fáceis”. Isso me parece mais razoável e inteligível, do ponto de vista do aprendizado que gera passos ao caminho da sabedoria.
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Em suma, somente com amor sem fins lucrativos é que se enxerga a essência das pessoas, e que se entende se o brilho do olhar que os outros emanam a você, de fato, é verdadeiro ou puro interesse, já que nem tudo que reluz é ouro, e o que motiva as pessoas pode girar em torno de seus interesses, vantagens e desejos.
Quem tem pensamento de escassez nunca viverá em abundância. E quem nesse pensamento não plantar o amor em todas as circunstâncias, indubitavelmente, em algum momento, poderá colher frutos indesejáveis de conflitos advindos da própria incapacidade de compreender que, para ser feliz, não depende só do dinheiro.