Nutrição

A inteligência presente nos vegetais

Vegatables mix on a wooden table in kitchen ** Note: Shallow depth of field
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Você sabia que as plantas possuem poder de memória e comunicação e são capazes até mesmo de fazer escolhas? O primeiro estudo que comprova essa tese foi realizado pelo britânico Charles Darwin, em 1880, concluindo que os vegetais agem como o cérebro de animais inferiores.

Há alguns anos Darwin já previa que as plantas eram inteligentes, depois disso inúmeras pesquisas surgiram para aprofundar o tema em grandes universidades como a Universidade da Califórnia, Universidade de Washington, ambas nos EUA;  Instituto Max Planck, na Alemanha; Universidade de Lausanne, na Suíça, entre outros.

O mais recente deles foi divulgado pela revista Ecology Letters, afirmando que as plantas podem se comunicar por compostos voláteis, ou seja, a planta libera estímulos químicos para avisar as outras espécies sobre a presença de algum perigo, assim as demais captam a mensagem e se tornam mais resistentes as pragas.

De acordo com o biólogo Rick Karban, da Universidade da Califórnia, nos EUA, e principal autor do estudo sobre comunicação vegetal, “As plantas são capazes de comportamentos muitíssimo mais sofisticados do que imaginávamos. Elas passaram por uma seleção em que tiveram de lidar com os mesmos desafios que os animais e desenvolveram soluções que, às vezes, guardam semelhanças com as deles”.

A língua das plantas
Fresh vegatables in a basket on the table.

Karban é responsável pelo cultivo de alguns vegetais num campo aberto da Califórnia, há mais de uma década, para

entender aprofundadamente a reação das plantas. Elas ganham pequenos cortes nas folhas que simulam dentadas de insetos, a partir daí elas emitem os orgânicos voláteis – VOC – que percorrem até 60 centímetros de distância com objetivo de avisar as outras plantas sobre algum perigo.

“As plantas coordenam suas defesas e as de seus parentes. Elas reconhecem os herbívoros que as atacam, às vezes até antes que eles cheguem. Esse e outros trabalhos indicam que a comunicação entre os vegetais é um fenômeno real que ocorre na natureza”, afirma ele.

Sinapses vegetais

Edward Farmer, biólogo da Universidade de Lausanne, na Suíça, descobriu que as plantas também emitem sinais elétricos, com o poder de enviar informações de uma celular para outra. Isso pode ser comparado, claro que de maneira bem inferior, aos estímulos de ação/reação de outros seres vivos.

“Esses sinais elétricos que viajam através dos tecidos resultam em diversas respostas, afetando a expressão dos genes ou ativando processos bioquímicos. Mostramos que alguns deles são importantes para comunicar ferimentos sofridos pelo vegetal”, afirma o biólogo.

Defesa vegetativa

Até para lidar com problemas as plantas possuem uma maneira única de reação. As folhas desenvolvem mecanismos especiais para fugir dos predadores. Por exemplo, recentemente Martin Heil, biólogo do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional do México, descobriu como funciona a curiosa associação entre as plantas e as formigas. As plantas liberam elementos químicos que viciam as formigas, assim eles não conseguem buscar alimentos em outros locais, consequentemente os insetos protegem as plantas contra pragas e animais herbívoros como vacas e cavalos.

Nova etapa
full of vegatables cotton shopping bag carried by a human hand

No século IV A.C, o filósofo grego Aristóteles classificou as plantas como seres “vegetativos”. Apenas em 1960, os cientistas puderam desvendar todo o processo de fotossíntese.  De lá para cá, todos os novos estudos vêm transformando a mente humana quanto ao entendimento das plantas.

Segundo o biólogo Marcos Buckeridge, professor de fisiologia vegetal do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), “De certa forma, ainda estamos na Antiguidade, acreditando que as plantas são insensíveis. Já sabemos que, de um mesmo ancestral comum, evoluíram plantas e animais. É preciso dar a elas um lugar ao lado dos animais”.

Cérebro descentralizado

De acordo com Frantisek Baluska, biólogo da Universidade de Bonn, na Alemanha e um dos fundadores do Laboratório Internacional de Neurobiologia Vegetal, em Florença, na Itália, “Plantas leem ao menos vinte parâmetros diferentes do ambiente e integram toda essa informação sensorial a suas células e tecidos para responder de maneira inteligente – se não, elas não sobreviveriam. Isso requer memória, aprendizado, uma forma de cognição. Mas é preciso lembrar que elas têm sua própria versão dessas habilidades, ditadas por sua vida vegetal”.

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Ou seja, isso pode ser associado a uma inteligência artificial, como os computadores, diversos sensores captam o que acontece externamente como as luzes de diferentes intensidades, os sons como o das águas e etc.

Ética

Todos esses estudos já comprovados, agora trarão ainda mais questionamentos como, por exemplo: como os seres humanos vão lidar com estes seres que, de certa forma, são utilizados para “serviços”? Sendo que já foi comprovado que eles também sentem, lembram e se comunicam? Como utilizar as plantas no futuro será uma questão de ética para as próximas gerações.


  • Escrito por Natália Nocelli da Equipe Eu Sem Fronteiras.

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