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Espaço Cria: um local para conexão da infância com a natureza

Escrito por Eu Sem Fronteiras

O Espaço Cria, localizado no Rio de Janeiro, é um local onde as crianças podem brincar ao ar livre, ter um contato intenso com a natureza e aprender a se relacionar consigo e com os outros. Conversamos com Lívia Diniz, idealizadora do Espaço Cria. Conheça um pouco desta proposta.

Eu sem Fronteiras – Como nasceu sua organização? Qual a motivação para a inovação e criatividade na educação?

Espaço Cria – O Espaço Cria nasceu do sonho de construir uma educação que valorizasse e respeitasse a infância, sua cultura e a conexão com a natureza. Uma educação que compreendesse a linguagem das crianças: o brincar. O nome remete à criatividade, criação, criança (nossas crias). Nossa motivação é garantir um espaço onde elas possam se desenvolver brincando e, através da brincadeira, aprender a se relacionar consigo e com o outro, conhecer o mundo e expressar sua criatividade.

Reunimos-nos com educadores e famílias que estavam profundamente incomodados com o modelo educacional existente e, a partir de diversas referências educacionais, selecionamos o que se apresentava como mais interessante para desenvolver um método próprio e ressignificarmos a escola de educação infantil.

Eu sem Fronteiras – Quais são os princípios orientadores da gestão da organização?

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Espaço Cria – Nossos princípios de gestão são: TRANSPARÊNCIA (ser verdadeiro nas ações e nos sentimentos), RESPONSABILIDADE (cuidar das relações e das escolhas comprometendo-se com a nossa visão), SUSTENTABILIDADE (equilibrar as dinâmicas sociais, ecológicas, econômicas e de visão de mundo), INTEGRIDADE (agir de forma coerente com o pensar e o sentir), AFETO (ter abertura para o diálogo e para a escuta sensível, fortalecendo o vínculo e o reconhecendo no outro), COOPERAÇÃO (construir junto com interdependência) e QUALIDADE (dar sempre o melhor de si). Há uma sala com brinquedos, jogos e fantasias e um grande espaço ao ar livre na natureza.

Eu sem Fronteiras – Quais são os princípios orientadores para a organização do ambiente educativo?

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Espaço Cria – Nosso ambiente físico é composto por um grande espaço de natureza e uma sala com brinquedos, jogos e fantasias. A multietariedade é um dos princípios organizadores do nosso ambiente educativo, ou seja, não separamos as crianças por idades, de forma que todas se relacionam e aprendem juntas. Assim, elas aprendem a conviver com as demandas de outras crianças de diferentes idades e desenvolvem um sentido de união, equidade e solidariedade. A natureza como educadora é outro princípio orientador do nosso ambiente educativo, pois “a substância do brincar é a alegria e a natureza é seu território primordial”. (Lydia Hortélio)

A natureza se comunica com o corpo e com a alma imaginativa das crianças, que fica relaxado e confortável para que se revele a natureza interna de cada um. Os elementos naturais nutrem a imaginação infantil e garantem a exploração criativa como, por exemplo: quando as crianças encontram um galho, para umas ele se torna uma espada, para outras uma varinha mágica, para outras um rabo e assim, os arquétipos humanos vão sendo expressos livremente. Ao observarem as árvores, animais e outros elementos da natureza, percebemos que as crianças experienciam a contemplação do belo – são momentos de calma, reflexão e admiração.

Eu sem Fronteiras – Quais são as principais estratégias metodológicas utilizadas?

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Espaço Cria – Nossa metodologia é baseada no livre brincar, que faz com que a criança seja protagonista o tempo todo. Elas escolhem quando, qual e por quanto tempo querem desenvolver uma atividade. Nossa organização também usa os ambientes preparados como estratégia, para que a criança tenha à sua disposição diversas possibilidades de aprendizagem e que ela tenha autonomia para escolher e interagir com essas opções de acordo com o seu interesse. Os nossos ambientes preparados despertam nos pequenos o desejo de experienciar diferentes atividades com artes, música, brinquedos, corpo, material de psicomotricidade e a natureza. Nossos educadores estão sempre atentos para estarem em um lugar de neutralidade, isto é, observando e cuidando para que a infância tenha seu espaço de singularidade garantido. Para nós, a educação acontece verdadeiramente quando a criança tem a garantia de poder desenhar seu caminho na aprendizagem, pois assim estará conectada com seus desejos e potencialidades e, futuramente, será um adulto empoderado para tomar decisões conscientes.

Eu sem Fronteiras – Como a organização define o papel do educador diante das demandas do século 21?

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Espaço Cria – Diante das demandas do século 21, o educador deve assumir algumas posturas. A primeira é a de guardião. Nesta condição, o educador garante tempo e espaço para a criança brincar, estabelece vínculos, acredita que ela é um ser competente e equipado e protege suas fantasias (assegura espaço para o lúdico). A segunda postura é a de guia, tutor, uma pessoa que zela pela criança, mas que não a manipula em prol de um desejo pessoal. A terceira postura é a de observador. Neste papel, o educador preserva a dinâmica das crianças e dá autonomia para elas assumirem e gerenciarem seus próprios riscos. A quarta postura acontece quando o educador interfere na dinâmica dos grupos. Neste lugar, ele realiza o manejo de riscos, garantindo a segurança física e emocional das crianças como, por exemplo, quando é necessário mediar um conflito para que a dissolução do problema seja feita com acolhimento e presença, construindo com os pequenos a maturidade emocional e a consciência das consequências de suas escolhas. A quinta postura é a de manter a criança presente, conectada consigo mesma para que se expresse em sua máxima potência. A sexta postura do educador do século 21 é a de conectar o interesse e a criatividade de cada criança com a solução de problemas reais do mundo. A sétima postura é saber utilizar a tecnologia à serviço da educação.

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Assim, o educador pode ajudar as crianças a criarem vídeos, fotografias, jogos,  pode passar um filme para debate, usar um aplicativo (de música, arte), incentivar pesquisas na internet, entre outras ferramentas que não substituem o vínculo humano, mas que podem ampliar as possibilidades de interação das crianças com o mundo tecnológico que as rodeia.

Mais informações sobre o Espaço Cria


Entrevista realizada por Angelica Weise da Equipe Eu Sem Fronteiras.

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