Neste mês dos namorados, quando celebramos no Brasil a paixão, a união, o site Eu sem Fronteiras me convidou para escrever sobre este tema tão sublime e tão divino: o AMOR!
Seria delicioso transcrever nas próxima linhas palavras doces de ternura para celebrar sentimentos bons e celestiais, mas infelizmente, mais do que vivenciar o amor, o mês de junho está marcado pela falta dele.
Pela intolerância nas diferenças, pelos julgamentos e condenações sem propósito e, definitivamente, pela falta de respeito ao nosso semelhante.
Não sei se você conhece a música “Passarinhos”, do Emicida, gravada com participação de Vanessa da Mata. Pode não ser um estilo musical que agrade a todos, mas durante as minhas andanças, com coração partido de tragédias que se tornaram corriqueiras em nossos tempos, usarei partes desta letra tão atual para ilustrar meu sincero texto sobre o AMOR.
Despencados de voos cansativos
Complicados e pensativos
Machucados após tantos crivos
Blindados com nossos motivos
Amuados, reflexivos
E dá-lhe anti-depressivos
Acanhados entre discos e livros
Inofensivos
Será que o sol sai pra um voo melhor
Eu vou esperar, talvez na primavera
O céu clareia e vem calor vê só
O que sobrou de nós e o que já era
Em colapso, o planeta gira, tanta mentira
Aumenta a ira de quem sofre mudo
A página vira, o são delira, então a gente pira
E no meio disso tudo
Tamo tipo
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
A Babilônia é cinza e neon, eu sei
Meu melhor amigo tem sido o som, ok
Tanto carma lembra Armagedon, orei
Busco vida nova tipo ultrassom, achei
Cidades são aldeias mortas, desafio nonsense
Competição em vão, que ninguém vence
Pense num formigueiro, vai mal
Quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus
No pé que as coisas vão, jão
Doidera, daqui a pouco, resta madeira nem pro caixão
Era neblina, hoje é poluição
Asfalto quente queima os pés no chão
Carros em profusão, confusão
Água em escassez, bem na nossa vez
Assim não resta nem as barata
Injustos fazem leis e o que resta pro ceis?
Escolher qual veneno te mata
Pois somos tipo
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Músicas e poemas retratam o caos dos nossos dias.
Na terra da magia, Orlando, no intervalo de poucos dias, um jovem DECIDE que 50 seres humanos, com os mesmos direitos que ele, não deveriam VIVER por terem uma opção sexual diferente, enquanto desfrutavam de momentos felizes em uma boate, na Flórida.
Neste mesmo mundo encantado, onde famílias buscam por sorrisos e diversão, um pai e uma mãe vivenciam a maior tragédia de suas vidas, quando que por um acidente completamente inusitado, seu filho de apenas dois anos de vida é arrastado por um aligator e morre afogado em um lindo lago de um Resort da Disney.
Enquanto o que estes pais mereciam eram orações e compaixão por sua dor, por sua perda irreparável, o que eles ganharam? Acusações, desrespeito, condenações e injúrias de outras mães e pais que se julgam perfeitos, em um mundo virtual medíocre, que beira a insanidade.
Hoje, vivemos em um mundo sem amor, sem cuidado, sem carinho, sem abraço, sem respeito, sem verdade!
Ao mesmo tempo que centenas de mães são capazes de se unir e ir às ruas, contra a cultura do estupro, reivindicando seu direito de amamentar ou ter seu parto normal, somos incapazes de aceitar as diferenças? De aceitar as escolhas do outro? De respeitar um outro caminho? Ou até de entender um acidente? É isso mesmo?
Julgamos e condenamos o outro sem conhecer sua história, sem nem ao menos saber o seu nome. Nos escondemos atrás de imagens felizes do Facebook para parecer melhores do que nós somos, para tentar acreditar que somos perfeitos o que, de fato, morreremos e nasceremos de novo sem atingir esta perfeição utópica.
O que falta no mundo é mais espiritualidade, mais devoção com a nossa verdade. Esquecemos que somos uma essência única, divina, a qual deveríamos agradecer diariamente pela dádiva da vida e da missão que devemos cumprir na terra.
Enquanto isso, estamos escondidos atrás de máscaras, acreditando que estamos lutando contra as injustiças e a corrupção, sem nem ao menos levantar da cadeira e estender a mão para alguém que precisa.
Estamos nos corrompendo, transformando pessoas em coisas….
É como a música diz, haja anti-depressivos para alimentar corações frios e solitários desta nova sociedade, cabeças viram degraus para aqueles que só procuram o outro para levar alguma vantagem, ou conquistar algum benefício.
Se não pelo mundo, se não por aqueles que não conhecemos, que seja pelos nossos filhos!!!! Que exemplo deixaremos para eles? Que herança emocional estamos passando para o nosso amanhã?
Estamos literalmente blindados deste sentimento que move para frente a humanidade, o AMOR. Sem ele, não encontramos um ninho, não desenvolvemos nossa liberdade, não encontramos o nosso eu tão único.
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O ser humano não pode se esquecer do poder dele e de sua força para existir, se não deixar seu ódio e seu amargor para trás, viverá sempre na prisão.
Santo Agostinho dizia que O MAU É AUSÊNCIA DO BEM, então, eu proponho, olhemos bem fundo, no íntimo de nossos corações e resgatemos este bem tão puro, transformando-o em ações, em caridade, em compaixão, em perdão, em alegria, em devoção, em gratidão.