Você é daqueles que pensa demais, deseja demais, busca demais e esquece-se de olhar para si mesmo? Vive de expectativas e esperanças sem perceber que tornou-se ansioso e preocupado?
É compreensível, afinal, você foi estimulado, desde a mais tenra idade, a competir, conquistar e lutar para deixar a sua marca no mundo, pois é isso que todos esperam de você.
Traços de vaidade fomentam ambições, criando objetivos na vida de todos e não foi diferente contigo. Hoje, você apenas reproduz os condicionamentos criados pela educação que teve, pelas tradições que conheceu e pelos modelos que lhe foram apresentados. Além disso, existem as necessidades provocadas pelo orgulho, afinal, o seu personagem precisa manter-se lustrado para ser aprovado por todos.
Está valendo a pena? Pense a respeito e não venha com a velha citação de Fernando Pessoa, pois tudo que você conseguiu com isso foi justamente transformar a sua alma em uma alma pequena.
A alma se alimenta de presença e consciência, elementos quase nunca acionados em nossas ações, sabem por quê? Porque nunca estamos presentes e conscientes dos nossos atos. Na grande maioria das vezes, ligamos o piloto automático nos lançando no futuro através de idealizações, pensamentos e sonhando com as condições adequadas para sermos felizes. O ‘pensar’ humano é um veículo que conduz o homem ao futuro usando combustíveis do passado.
Aquilo que vive na sombra do nosso próprio ser, fruto de questões mau resolvidas do passado, insiste em protestar o tempo todo em busca de soluções e produzindo desconfortos. Por isso é que pensamos incansavelmente, por isso negamos o presente e nos refugiamos no futuro, fazendo planos e criando metas para nossas vidas. Poucos encaram as feridas emocionais, poucos tentam interpretar as informações que emanam do inconsciente e permitem que se dissolvam no confronto com a realidade.
Você só poderá encontrar-se aqui e agora, nesse momento, olhando para aquilo que estiver fazendo, mantendo-se presente no presente e sentindo o que precisa sentir, sem lutar ou fugir de nada; qualquer fuga desse instante representa uma fuga da própria realidade e, da mesma forma, uma fuga de si mesmo.
Alguém perguntou a Bokujo, um grande Mestre Zen: – Qual é a sua senda? Como você conseguiu se iluminar? Então Bokujo respondeu: – Quando eu estou com fome, eu como; quando estou com sono, eu durmo… E isso é tudo. O homem achou estranho. Disse então: – O que você quer dizer com isso? Eu também como e durmo e nem por isso alcancei a iluminação. Bokujo disse: – Quando você está comendo, ao mesmo tempo, estas fazendo muitas outras coisas e quando está dormindo, comporta-se da mesma forma. Eu, porém, faço tudo isso com absoluta presença, consciente de cada movimento. |
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O homem precisa aprender a não se apegar aos acontecimentos, precisa permitir que o homem que é, em cada ação, deixe de existir na ação seguinte e isso só será possível quando ele se colocar na condição de testemunha diante da vida. Enquanto der importância para os acontecimentos, eles continuarão vivos, criando condicionamentos infinitos.