O Estado de Graça se espalha sobre a Terra. Não são poucos os casos de pessoas que passam pela experiência mística da libertação da mente e veem-se mergulhadas no silêncio da plenitude, do aqui e agora, do encontro com a Realidade e do mergulho na unidade Universal. Alguns chamam isso de Samadhi, outros de Satori, outros de Fana, além de Reino de Deus, Nirvana, Espírito Santo, etc. São inúmeras as denominações para esse despertar de Consciência, A nota triste é que, na grande maioria dos casos, esses estados são absolutamente efêmeros e deixam um sentimento de frustração naqueles que voltam ao cárcere mental.
Aqueles que experimentam esse estado, passam a vida tentando reproduzi-lo, em uma busca ansiosa, sem perceber que é justamente esse desejo primário o maior obstáculo.
Por que alguns poucos iluminados conseguem manter-se acordados por muito mais tempo? Por que outros, muito mais raramente, têm o poder de entrar e sair desse estado, como se entrassem em um cômodo qualquer de uma casa?
A resposta é simples: conquistaram um controle maior da mente.
A mente humana tem muita força em função do acervo de coisas mal resolvidas, que seguem vivas dentro do inconsciente, criando demandas constantes e produzindo pensamentos. Trabalha com os conteúdos do inconsciente especialmente aqueles que reúnem uma maior carga afetiva. p.e., aqueles que armazenam nossas culpas, indignidades, revoltas, desejos de vingança, etc. Por isso, é preciso buscar o conhecimento de si, em primeiro plano, fazendo o enfrentamento da própria sombra, para conquistar as vestes nupciais adequadas para o Grande Casamento.
Uma vez integrada essa sombra, através da perda de importância e significado que sempre demos aos conteúdos emocionais, todo o combustível usado pela mente sofre uma expressiva redução; consequentemente, ela perderá força e será mais fácil manter-se acordado por mais tempo. O ego se alimenta de experiências, enquanto dermos importância às experiências, estaremos nutrindo esse falso eu, por isso, a verdadeira condição existencial deveria ser a de testemunha e não de ator.
Na parábola das dez virgens, encontrada no Evangelho de Mateus, percebam que apenas cinco delas puderam permanecer em companhia do noivo, as outras, relapsas, que se esqueceram do azeite para as suas lâmpadas, permaneceram fora.
O noivo representa, justamente, a Consciência, o Self, A Vida, Deus, enfim, representa esse Estado de Graça. As virgens representam a humanidade, todos possuem uma lâmpada, no entanto, aqueles que se dedicam no enfrentamento de si mesmos, tirando poder da mente, são aqueles que irão manter-se, por muito mais tempo dentro dessa Realidade, serão as virgens que poderão entrar para a festa de núpcias. Todos, em algum momento, irão experimentar a Graça, no entanto, aqueles que não possuírem condições adequadas, representadas pelo azeite esquecido pelas virgens tolas, não poderão manter-se fora das grades da mente por muito tempo e voltarão a vida do corpo. “Onde estiver o corpo, ali se ajuntarão os abutres”, é justamente isso, enquanto vivermos identificados com o corpo, imantados de conteúdos emocionais, estaremos lidando com os abutres do nosso mundo interior e até mesmo de todo o mundo do astral.
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A graça está sendo derramada, como na previsão das escrituras, “Onde se encontram dois dormindo em um quarto, um será levado, o outro será deixado, onde se encontram duas trabalhando na moenda, uma será levada, outra será deixada”, assim por diante. Essas palavras retratam o que acontece hoje, os arrebatamentos de êxtase são mais comuns do que podemos imaginar, no entanto, manter-se iluminado é outra coisa.
Sem o azeite para mantermos a nossa lâmpada acesa, jamais entraremos no banquete de núpcias que nos espera.