A mitologia sempre esteve ligada aos fenômenos da natureza e buscava explicar com lendas o que acontecia no planeta. Não só a natureza em harmonia, mas também os desastres naturais eram associados à ação de deuses e demônios. No Japão, um dos países que mais sofre com terremotos, esse fenômeno foi associado a uma criatura mitológica: o Namazu.
De acordo com a mitologia japonesa, Namazu era um bagre gigante que vivia no mundo subterrâneo. Era considerado um yo-kai, que significa “monstro” ou “criatura sobrenatural”. Ao balançar sua cauda, o bagre gigante causa tremores e terremotos.
O único deus capaz de parar Namazu é Kashima. Esse deus utiliza a “kaname-ishi”, que significa “pedra fundamental”, para golpear e prender o monstro para que ele não possa se mexer. Porém, quando Kashima se distrai, Namazu consegue se mover e causar novos terremotos.
Desde o século XVII, Namazu teve sua imagem associada a malefícios ou benefícios. No começo de sua aparição nas lendas, ele era temido por ser associado à causa dos terremotos. Mas, com o passar dos séculos, foi se tornando um símbolo de alarme para quando uma catástrofe está para acontecer. Atualmente, pode-se encontrar até mesmo o desenho dele em informativos sobre catástrofes naturais.
A história de Namazu se perpetuou através das xilogravuras. Esses desenhos representavam o bagre em diversas situações curiosas. Em algumas delas, era colocado como divisor entre as pessoas que se beneficiavam com um terremoto e as que se prejudicavam pelo ocorrido. Dessa forma, ele pode até aparecer em amuletos de proteção contra terremotos. Em outras gravuras, aparece sendo bom e resgatando pessoas dos destroços de um terremoto. E ainda em outras, aparece satirizando os nobres da época.
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Sob um olhar de interpretação simbólica, se utilizarmos alguns símbolos para entender Namazu, ele está relacionado ao elemento água, ou seja, às emoções. Dessa forma podemos interpretar e aprender uma lição com esse mito: quando desequilíbrios emocionais presos no inconsciente (submundo onde Namazu mora) vêm à tona, muito do que está solidificado em nossas vidas (cidades construídas) podem ruir. Por isso, devemos ficar atentos a nossa saúde emocional e tomar cuidado para não mandar para o inconsciente monstros que possam voltar e destruir o que conquistamos durante anos de trabalho.
- Texto escrito por Ricardo Sturk da Equipe Eu Sem Fronteiras.