O entendimento são de uma loucura equivale a um gole sóbrio da melhor cerveja. À vontade de ficar sob controle ao lado de quem naturalmente tira o eixo. À soberania dos anárquicos ou à rebeldia de um coração sossegado. Por assim dizer, minha irreverência agora se constrói abaixo da razão de um sentido dado. Um estado, pois, que confere e inspira as vontades que não procuram paz, mas a essência da insanidade. Buscando, quem sabe, pelos pactos mais indigestos, a experimentação de um limite que não se sabe se existe.
Dentro de uma sala, como que enclausurada pelo ar dividido, escancaro pelos olhos a pressa de sair. De viajar junto com os sons que não se ouvem, promovendo, no silêncio, a quebra harmônica de quem não veio para escutar. Chamando a geração de um modelo estranho, defino o amor como a sorte dos que não avisam. Como a compostura de quem não se sustenta. Aqui, sem o objetivo de ser unidade ou de representar uma binaridade enrustida, mas sim de transpor a associação das quantidades que tiverem de vir. A comunidade dos amantes conhecidos ou não.
Quero, pois, constituir o leque que interfere a rotina dos mais disciplinados. Incomodar a tristeza de quem não se assume e não quer se assumir feliz. O preço, agora, pago para a liberdade é o de prender-se unicamente à vontade instrumental de agir para nada ou para tudo. Visando, quem sabe, como ferramenta, a perspectiva subjetiva de construir um eu que não se distingue e não se iguala. Uma composição mortal e fatal de uma vida eterna, subjugada pelo fim próximo e estupidamente improvável.
Em papel descartável, escrevo minhas histórias imaginadas em dia de chuva e de noite quente. Daquelas que escorrem pelos assoalhos, lembrando um tempo que não volta. Uma risada que não mais se escuta e um toque que agora está longe. E, assim, nessa certeza íntima do que não conheço, a única supremacia é a de saber que é do mundo o que me sobra. E que é só meu o que me falta. Nessas interferências, perdendo-se por entre achados e roubados, vislumbro pela janela o som do que foi embora. Vez que outra, entra também o cheiro do que não se deu nem ao trabalho de vir. Acoberto-me de mansidão e tempestade mansa para lavar as certezas.
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Com o medo do que pode desmembrar toda uma compostura encabulada pela harmonia dos avessos, reitero, na palavra, meu desajuste com um tanto de talento que gostaria de possuir. Rimando os sons como quem parece produzi-los, atuo apenas como regente de uma ordem que não é autônoma e, por isso, só por isso, ainda precisa de mim. Temo pelo dia da independência, assim como espero ansiosamente por ele. Sabemos não poder prender, mas amamos a ideia de ter entre os braços. De ser dona dos carinhos e amores maiores. Por hora, o começo se encerra em mais um ponto para, na sequência, dar lugar a uma nova falta. Afinal de contas, é de lacunas que uma história se escreve para ter sentido.